Conceito de Dependência

Agustina Repetto | Junho 2023
Licenciada em Psicologia

Dependência é a necessidade física ou emocional vinculada a algo ou alguém representando um limite para a autonomia pessoal. Sua influência pode variar entre um papel mais facilitador e funcional e outro mais disfuncional e paralisante. A chave está em avaliar se essa dependência nos permite uma adaptação eficaz ao nosso ambiente ou se, ao contrário, nos impede de fazê-lo. Explorar o delicado equilíbrio entre esses dois extremos nos permitirá entender como a dependência pode moldar nossa capacidade de agir.

Quando a dependência é funcional?

A dependência adaptativa é um aspecto normal do desenvolvimento humano. No início de nossas vidas, precisamos depender dos outros para nossa sobrevivência e bem-estar básico. À medida que envelhecemos, essa dependência se transforma em uma interdependência saudável na qual buscamos apoio emocional, orientação e recursos de outras pessoas e da sociedade em geral.

A dependência é considerada adaptativa quando ocorre em um equilíbrio adequado. Por exemplo, na infância, as crianças dependem de cuidadores para atender às suas necessidades básicas e aprender habilidades essenciais. À medida que crescem, espera-se que gradualmente desenvolvam habilidades e competências que lhes permitam tomar decisões autônomas e cuidar de si mesmos.

Porém, quando a dependência dura além do tempo necessário ou se torna excessiva, pode limitar o desenvolvimento individual e tornar-se disfuncional.

Quando a dependência é disfuncional?

A dependência começa a ser disfuncional quando torna difícil para o indivíduo se adaptar efetivamente ao seu ambiente. Isso acontece, por exemplo, quando o apoio constante de outras pessoas se torna condição necessária para poder tomar uma decisão, enfrentar desafios e/ou administrar o estresse, o que pode levar a experimentar sentimentos de ansiedade, insegurança e baixa autoestima quando se deparam com situações desconhecidas ou são forçados a depender de si mesmos.

Em outras palavras, a dependência é desadaptativa quando há necessidade da presença de outras pessoas para manter uma sensação de segurança e bem-estar pessoal que afeta significativamente a qualidade de vida. Essa forma de dependência pode se manifestar em diferentes áreas da vida, incluindo relacionamentos interpessoais, finanças e saúde mental.

No campo das relações interpessoais, a dependência desadaptativa manifesta-se nas relações codependentes. Nessa dinâmica, uma pessoa se subordina às necessidades e desejos de outra, muitas vezes em detrimento de sua própria saúde e bem-estar. Nessas situações, muitas vezes as pessoas têm um medo intenso da solidão e baixa autoestima, o que as leva a se tornar excessivamente dependentes emocionalmente da outra pessoa.

No aspecto econômico, a dependência desadaptativa refere-se a situações em que uma pessoa fica presa em relações trabalhistas ou financeiras nas quais não tem controle sobre seus próprios recursos ou decisões financeiras. Isso pode criar uma sensação de impotência e vulnerabilidade, dificultando o desenvolvimento de habilidades e a tomada de decisões financeiras independentes.

Dependência tecnológica na era digital

A dependência tecnológica tornou-se um tema de relevância crescente na nossa sociedade, devido as vantagens e facilidades as quais estamos imersos na era digital. Deparamo-nos com a necessidade excessiva de utilização de dispositivos eletrônicos, como smartphones, computadores e redes sociais, para obter satisfação emocional, ligações sociais e fazer face às nossas rotinas diárias.

Pessoas que vivenciam esse tipo de dependência tecnológica frequentemente se sentem ansiosas e desconfortáveis quando o acesso constante aos seus dispositivos eletrônicos é privado ou limitado. Eles podem passar longas horas online, perder a noção do tempo e negligenciar aspectos fundamentais de suas vidas, como trabalho, relacionamentos e cuidados pessoais.

Isso pode acontecer por vários motivos, desde a busca por gratificação instantânea para evitar problemas emocionais até a necessidade de se sentir conectado em um mundo digitalizado. Aqueles que experimentam essa dependência apresentam sintomas semelhantes aos de outros usuários problemáticos, como dificuldade em controlar impulsos, retraimento social, irritabilidade e dificuldades em seu funcionamento diário. Além disso, interfere em nossa capacidade de concentração, afeta negativamente nosso desempenho acadêmico ou profissional, enfraquece nossas relações interpessoais e compromete a qualidade de nosso sono.

Superar a dependência tecnológica disfuncional envolve estabelecer um equilíbrio saudável entre o uso da tecnologia e outras áreas importantes de nossas vidas. Isso significa estabelecer limites de tempo para uso do dispositivo, dedicar tempo a atividades fora do ambiente digital, promover relacionamentos pessoais e desenvolver habilidades de autorregulação. Nesse processo, a terapia cognitivo-comportamental e outras intervenções psicológicas desempenham um papel fundamental, fornecendo ferramentas para abordar padrões de dependência e promover um uso mais consciente e equilibrado da tecnologia.

Artigo de: Agustina Repetto. Graduada em Psicologia, pela Universidade Nacional de Mar del Plata. Atualmente é pós-graduanda em Sexualidade Humana: sexologia clínica e educacional a partir da Perspectiva de Gênero e Direitos Humanos.

Referencia autoral (APA): Repetto, A.. (Junho 2023). Conceito de Dependência. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/dependencia/. São Paulo, Brasil.

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