Conceito de Livro de Kells

Entre os séculos VII e XV os escribas dos mosteiros europeus desempenharam um papel de destaque na difusão cultural durante os difíceis e sombrios séculos da Idade Média. Neste contexto histórico, há um livro que se destaca dos demais, o livro de Kells (Book of Kells).

Principais características

Em termos de conteúdo, este manuscrito inclui os evangelhos escritos em latim. Está composto por 340 fólios e acredita-se que foi criado para ser lido durante a Eucaristia.

O livro começa com prefácios, sumário e concordâncias, apenas os evangelhos foram escritos sobre pele de bezerro (pergaminho). Do ponto de vista da paleografia, os escribas irlandeses desenvolveram um estilo particular e diferente, o estilo “Insular”.

O fato de várias decorações terem sido deixadas inacabadas ou esboçadas mostra que sua elaboração foi lenta e trabalhosa. Posteriormente, soube-se que o texto foi escrito integralmente com tinta de ferrogálica, feita de sais de ferro e tanino natural. (tinta que será confirmada como a mais usada durante a Idade Média).

Tem como principal característica sua ornamentação generosa e repleta de detalhes sublimes. Por influência do cristianismo copta, destacam-se pontos vermelhos que decoram as letras. As iniciais estão decoradas minuciosamente com detalhes, como entrelaçamentos que chamam a atenção das paisagens mais importantes.

Outro elemento que a difere são desenhos de todos os tipos que podem ser apreciados: desde animais como o touro, o cavalo, a serpente e o pavão, passando por figuras bíblicas como Cristo e a Virgem Maria, até figuras mitológicas como os dragões.

No texto podem ser observadas muitas outras influências, como a bizantina e a armênia, tornando-o um manuscrito extremamente rico e único.

Um manuscrito com uma longa história

O Livro de Kells foi concebido na ilha de Iona, próximo à costa escocesa, onde o missionário irlandês Columban fundou um mosteiro em meados do século VI. Acredita-se que devido aos recorrentes ataques dos vikings, o livro não foi acabado na mesma ilha e teve que mudar-se para a cidade de Kells, onde continuou seu desenvolvimento.

Mil anos depois, por volta do século XVII, o arcebispo de Armagh depositou o livro na biblioteca do irlandês Trinity College, da qual ainda se encontra exposto. Após uma tentativa de conservação, perderam-se aproximadamente cerca de trinta fólios, posteriormente ficou decidido que para sua melhor conservação deveria ser dividido em quatro volumes.

Nos últimos anos, esta joia da literatura medieval foi digitalizada para o deleite de pesquisadores e curiosos.

Imagem Fotolia. Warren Rosenberg

Referencia autoral (APA): Editora Conceitos.com (out., 2018). Conceito de Livro de Kells. Em https://conceitos.com/livro-kells/. São Paulo, Brasil.

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