Conceito de Região

Pedro Gómez Molina | Janeiro 2023
Lic. Ciências Ambientais, Me. em Geografia

A região é uma unidade espacial que segue uma delimitação fundamentada segundo critérios ou características históricas, geográficas, econômicas, políticas ou administrativas estabelecidas. As regiões devem ter um ou mais determinantes que as diferenciem das demais. Assim, enquanto área de análise ou estudo, centra-se nas coincidências e divergências do meio físico e na ocupação humana que lhe permite identificar-se. Pode ter um limite definido, por exemplo, uma região eleitoral para apuração de votos, ou ambíguo, caso de uma região étnica, não se sabe onde começa ou onde termina com certeza.

Princípios

A região se fundamenta em seu caráter pragmático, ou seja, tem uma finalidade funcional quando é nomeada ou delimitada. Isso se deve ao fato de que os elementos que o compõem estão em constante interação: além de operarem em um sistema de um determinado espaço. A interação desses componentes resulta em fluxos, nós e redes regionais, criando vínculos hierárquicos que se situam em uma área definível. Os fluxos moldam as relações sociais e têm uma abrangência territorial específica; esta seria a fronteira (seja delimitada ou difusa) de uma região. Quem se envolve com a natureza regional lhe dá sentido e até identidade ao ter consciência de sua existência, por exemplo, o reconhecimento de um espaço próprio diferente dos espaços alheios. Por isso, a região é um espaço funcional e dinâmico que abriga relações, trocas e identidades de forma histórica.

Nesse sentido, a funcionalidade regional permite o ordenamento do território e o reconhecimento de práticas e a manifestação da identidade coletiva. As práticas resultantes permitem esclarecer as interações sociais e responder a como e de que forma a terra é usada e que padrões espaciais dela resultam. Por sua vez, a região pode ser definida como uma construção emanada de esquemas ou parâmetros de comportamentos e características que se tornam homogêneos, desde que sejam adotados pela sociedade localizada na região. As circunstâncias que constituem uma região são variáveis ​​e decorrem do processo de interpretação de um espaço.

Nesse sentido, as regiões são formadas principalmente por condições históricas, e suas características intrínsecas permitem que funcionem. Podem ser desmontados se suas características forem modificadas ou transgredidas, porém, são espaços em constante transformação e modelados pela cultura, mas preservam seus fundamentos, vinculados ao meio ambiente, mas não definidos por ele. Enquanto unidade ou sistema de análise espacial, o movimento dos seus elementos distingue-o dos demais, os seus limites são fluidos e mutáveis, sujeitos à interpretação de quem o alberga ou observa e não se sobrepõe a outros espaços envolvidos.

As regiões também são vistas como sistemas territoriais abertos e em contínua interação com outras regiões que possuem identidade semelhante. A circulação de elementos confere-lhe organização espacial. Por isso, diz-se que são funcionais, de acordo com a comodidade do espaço. Por isso, reconhece-se que é um conceito vinculado ao território, pois é uma espacialização do poder e das relações de cooperação ou conflito, conforme o caso.

Sob outras perspectivas, a região é vista como um lugar de encontro passivo entre as estruturas sociais, resultando em diferentes manifestações territoriais, simbólicas e institucionais que lhe conferem uma divisão espacial particular. Nesse sentido, é decisivo responder quem ou o que é que constrói uma região, o que lhe dá sentido, que práticas sociais ou relações de poder a precedem.

As regiões são um material complexo de agência, interação social e poder, com estruturas e processos institucionais hierarquicamente situados em constante avanço. Baseia-se em uma interação complexa de práticas e padrões simbólicos discursivos e não discursivos. A sua escala temporal é variável, mas procura preservar a essência que determinou a sua formação. As instituições que o precedem, como a cultura ou a administração, são essenciais para a reprodução regional. Pode-se afirmar que tais estruturas são a base da identidade, mobilização, memória coletiva, normas e construção da região.

Artigo de: Pedro Gómez Molina. Licenciado em Ciências Ambientais e Mestre em Geografia. Realiza pesquisas nas áreas históricas de mineração, sistemas de informação geográfica, e cartografia.

Referencia autoral (APA): Gómez Molina, P.. (Janeiro 2023). Conceito de Região. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/regiao/. São Paulo, Brasil.

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