1. A conservação compreende as atividades que visam preservar as qualidades ou características de um objeto, meio ambiente, espécie e/ou situação ou o resultado das medidas que lhe são aplicadas. Envolve ações de proteção contra danos naturais -como o efeito do tempo e do entorno- bem como perante as consequências produto da intervenção humana. Exemplos: A) 'O livro foi guardado em uma sala especial do museu para preservá-lo da melhor maneira possível'. A) ‘A conservação das espécies ameaçadas de extinção na Amazônia é uma questão de urgência’. C) ‘As frutas conservam-se melhor quando ficam dentro da geladeira’.
2. Ecologia. Conjunto de medidas de prevenção e fiscalização, geralmente sob responsabilidade do Estado, aplicadas com o objetivo de manter a integridade do meio, bem como planejar o uso inteligente dos recursos naturais.
Etimologia: Pelas formas do latim conservatio, conservatiōnis, sobre o verbo conservāre, regido pelo prefixo con-, de 'junto', 'com', e o verbo servāre, de 'manter'.
Definindo o termo a partir de seu sentido geral, conservação constitui as práticas utilizadas para manter algo o mais próximo possível de seu estado original, entendendo as variáveis e necessidades de uso em cada caso, para o qual pode haver um conjunto de orientações de caráter técnico/científico/legal baseadas em experiências, fatores, e/ou previsões.
No caso da conservação ecológica, a que se dedica o foco da análise, sua finalidade é proteger a biodiversidade de processos que a ameacem ou potencialmente a coloquem em risco, em busca da proteção, cuidado e gestão dos ecossistemas em seus diferentes níveis tróficos para que existam as condições de permanência e se resguardem suas condições naturais.
A conservação Ambiental compreende uma posição teórica que surge como resposta à consciência ecológica e a responsabilidade ambiental no que diz respeito à proteção do complexo funcionamento dos sistemas socioecológicos. Ela envolve a participação de atores sociais, a restauração dos ecossistemas explorados e a busca pela sustentabilidade ecológica onde os conhecimentos devem ser aplicados no crescimento natural, evolutivo e comunitário de espécies silvestres.
A integridade ecológica implica a conservação em todos os níveis organizacionais do ecossistema. Nesse sentido, o resultado das ações empreendidas também serve para criar indicadores de saúde ecossistêmica, entendendo-se que de acordo com a constituição existe o direito a um meio ambiente saudável.
Os modelos conservacionistas são vistos principalmente no estabelecimento de reservas (que são apoiadas pela ciência). Estas devem ser entendidas como um ambiente de interação entre humanos, as atividades econômicas e o habitat viável para outras espécies, de modo que coexistam simultaneamente.
Existe hoje uma diversidade grande de métodos para alcançar o estado de conservação, no entanto, é importante ter o conhecimento, objetivos e ferramentas estabelecidos. O planejamento tem uma perspectiva espacial para a gestão integral dos ecossistemas, ou seja, considera a maioria das variáveis para alcançar a conservação ecológica ideal. Entre os instrumentos dedicados a isso podemos citar: implantação de áreas naturais protegidas; acordos comunitários; incentivos; restauração de habitats; pesquisas científicas; cercamento de grandes parcelas; políticas públicas; educação ambiental, entre outros.
Em relação à informação, deve-se considerar a documentação da biodiversidade e a perturbação que ela teve, identificando quais são os principais problemas. As paisagens fragmentadas devem ser abordadas para que os processos ecológicos não sejam transgredidos, reconhecendo e diagnosticando a situação da biodiversidade frente aos impactos das mudanças físicas e climáticas, ou seja, ter propostas científicas e de políticas públicas para sua mitigação. Para isso, o desenho de estratégias é essencial para manter as funções do ecossistema.
A conservação tem caráter interdisciplinar, por isso, a pesquisa científica desenvolveu metodologias para conter ações que abrangem diversas áreas dependendo do contexto dos sistemas socioecológicos. O planejamento dá atenção às espécies invasoras, para evitar que elas gerem catástrofes ecológicas. Da mesma forma, a restauração de ambientes alterados tem permitido a recuperação de serviços ecossistêmicos. Por fim, a participação social é fundamental com os sistemas de avaliação e monitoramento das ações realizadas em conservação.
A ecologia política é o campo científico que analisa os impactos e conflitos socioambientais em vários campos e escalas. Estuda diferentes conflitos derivados da relação entre sociedade e natureza, que surgem do acesso, uso e usufruto dos recursos dos territórios. A ecologia política também estuda as relações de poder com respeito à natureza e à posição ideológica daqueles que estão em conflito.
Mas por que esse é um conceito importante em conservação? Primeiramente, questiona e analisa reflexivamente as formas de gestão dos ecossistemas pela sociedade. Vamos dar como exemplo: no México 86% das Áreas Naturais Protegidas são publicas e pertencem a comunidades. Os programas de conservação limitam as atividades ao máximo, portanto, os recursos locais não podem ser usados, entretanto na ecologia política há desapropriação de recursos onde às mudanças de práticas locais as tornam insustentáveis, perdendo sua identidade.
Com isso, não significa que a política seja contra a conservação, mas que os planos devem ser mais abrangentes. Para citar outro exemplo, o estabelecimento de cercas tem sido um modelo aplicado em muitos países para evitar o contato do homem com a natureza fazendo com que várias espécies perdessem a mobilidade, o habitat e a migração, o que ocasionou uma maior taxa de mortalidade e comprometeu o funcionamento do ecossistema. Portanto, é importante compreender a magnitude do problema, investigando a melhor solução para a vida selvagem e a sociedade que abriga o ecossistema.
Artigo de: Pedro Gómez Molina. Licenciado em Ciências Ambientais e Mestre em Geografia. Realiza pesquisas nas áreas históricas de mineração, sistemas de informação geográfica, e cartografia.
Referencia autoral (APA): Gómez Molina, P.. (ago., 2022). Conceito de Conservação. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/conservacao/. São Paulo, Brasil.