Em 1811 foi proclamada a Primeira República da Venezuela. No entanto, o movimento de libertação liderado por Simón Bolívar teve que enfrentar o lado realista, aqueles que estavam a favor de permanecer sob o domínio espanhol. Após várias campanhas militares, as tropas de Bolívar tomaram o poder novamente em 1813 e proclamaram a Segunda República.
Em 1814, a vitória das tropas realistas na Quinta Batalha de Maturin marcou o fim da Segunda República. Consequentemente, Simón Bolívar se exilou na ilha da Jamaica.
Este documento, escrito em 1815 por Simón Bolívar, é uma carta dirigida a um importante comerciante que residia na Jamaica, naquela época uma colônia britânica.
O principal objetivo da carta era fazer com que os britânicos apoiassem a independência definitiva da Venezuela.
Ao longo da extensa carta, Bolívar apresentou todo tipo de argumento, dentre os quais podemos destacar os seguintes:
1) A Coroa espanhola havia imposto um sistema injusto baseado no absolutismo;
2) Os habitantes originários da Venezuela, os criollos, encontravam-se totalmente afastados do poder político e econômico;
3) A Espanha, pátria mãe dos venezuelanos, era na verdade uma madrasta que escravizava o povo submisso;
4) Os laços que haviam unido a América Latina e a Espanha deveriam ser rompidos definitivamente e, para isso, era necessário contar com o apoio internacional das nações mais poderosas do planeta;
5) Para demonstrar a situação de opressão na qual se encontrava a América Latina, a carta mostrava a trajetória de vários países na qual o imperialismo espanhol se impunha diante de uma população que ansiava pela liberdade e a independência;
6) Para Bolívar a independência das nações americanas se inspira nos ideais do Iluminismo francês. Neste sentido, a carta afirma que as nações mais cultas europeias deveriam pressionar a Espanha para renunciar seu projeto imperialista na América.
Além dos argumentos expostos na carta, este texto contém reflexões interessantes sobre o futuro da América Latina. Neste sentido, fala-se sobre questões intemporais: a dignidade do povo, a necessidade de um governo justo e a luta contra a opressão.
Ao longo de seus mandatos, os presidentes venezuelanos Hugo Chávez e Nicolás Maduro se referiram à Carta da Jamaica em várias ocasiões, indicando que se trata de um texto inspirador para os povos da América Latina.
Referencia autoral (APA): Editora Conceitos.com (maio., 2018). Conceito de A Carta da Jamaica (1815). Em https://conceitos.com/carta-jamaica-1815/. São Paulo, Brasil.