O termo análise refere-se ao estudo detalhado de um determinado objeto, desde sua desconstrução nas partes que o compõem. É um método utilizado em diversas áreas de estudo, das Ciências Exatas até as Ciências Sociais e Humanas.
O contexto em que o filósofo grego Platão (427 a.C. – 347 a.C.) escreveu suas obras foi marcado pelo surgimento da sofística. Esta consistia no cultivo da arte da retórica e, do seu ensino, cujo objetivo era treinar os homens na oratória para a sua participação na vida pública das cidades (polis). Platão se opunha a sofistica por considerá-la um método orientado meramente a persuasão, que não visava o conhecimento da verdade, bem como relativizava o próprio conhecimento.
Diante do perigo que isso representava para o filósofo, sua resposta foi negar o status de arte ou técnica (tekné) à retórica ensinada pelos sofistas, na medida em que o conceito de técnica era associado ao de conhecimento racional. Na perspectiva platônica, o verdadeiro conhecimento é apenas aquele que é alcançado como resultado de um procedimento metódico, isto é, a dialética.
A característica fundamental do método dialético é, justamente, a análise ou decomposição, por meio de perguntas e respostas, do objeto que se busca conhecer. Por meio da interrogação e da argumentação no diálogo com um interlocutor, dá-se um processo argumentativo pelo qual se chega a um esclarecimento dos conceitos em jogo. Geralmente, nos Diálogos platônicos, o principal interlocutor é Sócrates, que assume o papel de dirigir a investigação, refutando racionalmente os argumentos duvidosos até chegar a um acordo em concordância com seu interlocutor em relação ao significado do conceito em questão.
Do ponto de vista de Platão, o método dialógico ou dialético tinha como único objetivo o desvelamento da verdade, contida no discurso (lógos). Nas obras do filósofo em sua fase mais madura, a dialética aparece como um método de decomposição e recomposição racional, que se eleva a partir do múltiplo sensível em direção à unidade dos gêneros, para descer novamente.
Na Modernidade, o filósofo René Descartes (1596 – 1650) sistematizou o método dialógico, lançando assim as bases de um método científico. Descartes propõe a análise como o primeiro passo do método científico – este consiste em uma operação por meio da qual um termo desconhecido é decomposto até chegar ao conjunto de elementos simples que o compõem, os quais resultam claros e distintos, ou seja, não são duvidosos. Assim, a análise pode ser aplicada a qualquer ideia ou proposição permitindo, através de uma sequência lógica, obter uma série de proposições auto-evidentes.
Concluída a análise, a segunda etapa do método consiste na síntese, ou seja, a reconstrução dedutiva —a partir das noções claras e distintas que resultaram da análise— da complexidade do objeto em questão. Consequentemente, enquanto a análise nos permite descer até os elementos constituintes, a síntese conduz o pensamento de forma organizada em uma ascensão gradual até o mais complexo, de forma que possamos compreender a estrutura posterior do composto dado.
O método científico cartesiano foi proposto não apenas para o campo das Ciências Exatas, como a matemática ou a geometria, mas também como método de raciocínio aplicável às ciências empíricas e à metafísica. No campo da física, Isaac Newton (1643 – 1727) preservou, em grande parte, o método cartesiano em sua própria concepção do método de análise e síntese, embora tenha introduzido importantes diferenças relacionadas à dimensão epistemológica e ontológica como, na compreensão do princípio da causalidade.
Artigo de: Lilén Gomez. Professora de Filosofia, com desempenho em ensino e pesquisa em áreas da Filosofia Contemporânea.
Referencia autoral (APA): Gomez, L.. (Dezembro 2022). Conceito de Análise. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/analise/. São Paulo, Brasil.