Conceito de Historiador

Karina Mora Mendoza | Janeiro 2023
Doutora em História

O historiador é um especialista/profissional em escrever/estudar a história sobre fatos ou eventos ocorridos no passado ou no presente. Quando é preciso olhar para trás no tempo para entender quem somos e porque vivemos da forma que vivemos, não basta falar do passado, é preciso ir em busca de um profissional. Um Historiador é um colecionador, um agente que não só sabe como ir ao passado, mas também possui as ferramentas apropriadas para navegar por ele e trazer de volta informações substanciais.

Os historiadores são pessoas com um olhar aguçado que, ao longo de mais de um século, desenvolveram a profissionalização da nossa disciplina passando por diferentes momentos sobre a forma como olhamos para o passado, é o que chamaríamos da disciplina de História como Historiografia, ou seja ou seja, a forma como cada um dos historiadores se debruça sobre o olhar para o passado. Essas múltiplas formas de fazê-lo mudaram ao longo do tempo e com ela os objetos e objetivos dessas investigações que também se tornam temporários e, portanto, sujeitos da própria história.

Se pensarmos que a história é todo aquele acontecimento passado em que o homem esteve envolvido, teríamos que complementar dizendo que historiador é aquele que, a partir do momento presente, consegue empreender uma viagem com as perguntas e ferramentas adequadas ao passado e, desta forma, e de forma meticulosa e detalhada, conseguir resgatar informações que permitam a ele e a seus contemporâneos compreender aquele fragmento de tempo.

Fontes de trabalho e capacidade interpretativa-comparativa

Tomemos como exemplo a necessidade de conhecer e analisar quantos homens e mulheres viveram no México durante o período da guerra contra os Estados Unidos. Esta pergunta pode ser feita por qualquer pessoa sem ser necessariamente um especialista em História. No entanto, será difícil para ele abordar as fontes que lhe fornecem essas informações, além do fato de que, se as encontrasse em um ato fortuito de boa sorte -já que os historiadores conhecem arquivos e coleções especializados- seria difícil para ele processar os dados ali despejados. O historiador saberá, pela formação especializada que tem a este respeito, que ainda não existia nesta época um registo civil como o que conhecemos hoje, e que, por isso, os documentos que neste momento do passado poderiam conter as informações correspondentes; seriam, por um lado, o mundo eclesiástico e, por outro, o mundo secular ou civil.

As certidões de nascimentos, casamentos, óbitos ou as contagens administrativas por freguesia que elaboraram tão criteriosamente como continuam a fazer até agora, seriam uma referência para iniciar a busca, no entanto, só um historiador teria as ferramentas mais adequadas para fazer os cálculos aproximados face a esta informação.

Por outro lado, neste período as outras fontes que poderiam conter dados a esse respeito são as chamadas “Estatísticas Descritivas” que foram realizadas com diferentes objetivos ao longo da primeira metade do século XIX e que quase sempre reportavam essas informações a instâncias administrativas como parte das demarcações jurídico-administrativas que lhes cabiam.

O importante sobre ambas as fontes de informação é que somente o historiador tem ferramentas para filtrar tais números e fazer perguntas como a origem da informação, a confiabilidade das fontes, a clareza dos números, a localização de populações ou cidades que mudaram de nome e, sobretudo, de paciência e disciplina para passar longos dias trabalhando nos acervos documentais, primeiro buscando e depois processando essas informações.

É por tudo isso que um historiador se torna um especialista do passado, um explorador de fontes e um aventureiro do tempo. Porque dependendo do problema que surgir e do momento em que você procurar essas informações, serão as dificuldades que você encontrará, o tipo de fontes que você pode estudar e a interpretação que você pode alcançar.

Sobre esta última, é importante considerar que, na História, como em muitas áreas do conhecimento, a pesquisa não é conclusiva nem chega à verdade. Um historiador não está preocupado em resgatar a verdade dos escombros do passado, mas está interessado em reunir o maior número possível de peças do quebra-cabeça, analisando com sua própria formação cultural e visão de mundo (verificando a entrada de subjetividade) e contribuindo para a ciência em conhecimento geral e histórico em particular, essa história que você quer contar sobre, por exemplo, a quantidade de população que existia em um determinado momento.

Por último, é importante referir que existem tratamentos específicos para a utilização do patrimônio documental que dificilmente alguém que não tenha concluído uma formação profissional pode conhecer, como a temperatura e as condições ambientais em que os documentos podem ser guardados, as condições óptimas condições de luz , o trabalho de reprodução ou coleta de dados e a localização referenciada do mesmo a partir dos diferentes sistemas existentes para orientar a veracidade e origem das fontes. Ser historiador não é uma tarefa fácil, mas sem dúvida, quando se tem paixão pelo conhecimento do passado, basta paciência e determinação para honrar tão grande tarefa.

Artigo de: Karina Mora Mendoza. Graduado em História pela UMSNH, Professora e Doutora pelo Colégio de Michoacán. Realiza pesquisas históricas sobre o século XIX em relação ao discurso e uso dele em temas como a história das mulheres e a construção da Nação.

Referencia autoral (APA): Mora Mendoza, K.. (Janeiro 2023). Conceito de Historiador. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/historiador/. São Paulo, Brasil.

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