1. Coisas ou seres vivos que têm algum fator em comum que permite sua classificação. Exemplos: animais herbívoros, carnívoros e onívoros; torcedores de um clube de futebol, membros de uma congregação religiosa ou de um partido político; conjunto familiar; smartphones e modelos de celulares tradicionais.
2. Concentração de pessoas. Exemplos: manifestação-protesto organizado; evento de lançamento de produto.
3. Pessoas que compartilham interesses e realizam atividades de sociabilidade afins. Da mesma forma, destaca-se o grupo social primário, baseado na família e amigos, ou seja, as pessoas mais próximas; e o secundário, entendido pelos contatos gerais mantidos, como colegas de trabalho, com a possibilidade latente de se tornarem parte do segmento primário.
4. Empresas interligadas e representadas legalmente por uma casa matriz.
Etimologia: Pelo italiano gruppo, em seu significado original, referente às figuras presentes na composição de obras artísticas.
Para muitos, basta que mais de duas pessoas se reúnam com um objetivo comum, em um determinado contexto social, para que se forme um grupo social. Mas, isso é suficiente? Um dos princípios básicos da Teoria da Gestalt sustenta que há um acréscimo no todo em relação à soma dos elementos que o compõem. O mesmo pode ser aplicado ao grupo social, entendendo-o como “o todo” e aos indivíduos como os elementos que fazem parte dele. Então, o que há nesse acréscimo que torna um grupo social qualitativamente diferente do conjunto de indivíduos que o compõem? Kurt Lewin tentou responder a essa pergunta, instituindo ao grupo como objeto de estudo com legalidades próprias e destacando sua especificidade.
Para Lewin, um grupo é um todo em si mesmo, apesar de ser formado por um conjunto de pessoas que se comunicam para fazer algo em comum. São estabelecidas relações de interdependência entre eles, que marcam a dinâmica do grupo. O pesquisador defendeu que os efeitos produzidos pelo grupo são muito maiores do que aqueles que podem ser produzidos pelas mesmas pessoas que o compõem, mas de forma isolada.
A partir de sua pesquisa sobre os efeitos dos estilos de liderança democrático, autoritário e laissez-faire em grupos sociais, ele descobriu que:
– As pessoas estão mais envolvidas e comprometidas com as decisões que tomam como um grupo do que com aquelas que tomam individualmente
– É mais difícil mudar as crenças e normas de pessoas de forma individual do que em pequenos grupos sociais
Não basta que três ou mais pessoas se reúnam com um objetivo comum para formarem um grupo. O psicólogo argentino Marcos Bernard acrescenta à leitura sobre os fenômenos da psicologia social as contribuições da psicanálise e, vai dizer, que para um grupo social se constituir como tal é necessário que se organize segundo dois polos: um técnico e um imaginário. O polo técnico refere-se à tarefa comum que o grupo desenvolve e às questões necessárias para realizá-la.
Por exemplo, aqui entram em jogo os papéis precisos para cumprir com os objetivos propostos pelo grupo e as atividades e tarefas a serem realizadas pelas pessoas que o compõem. Este polo incluiria todas as manifestações observáveis feitas pelo grupo. Imaginemos um grupo social específico: uma equipe esportiva, que participa de um torneio. O objetivo da equipe é vencer o torneio, portanto as funções e atividades desempenhadas pelas pessoas que a compõem são orientadas em função disso. Há treinadores, diretores técnicos, jogadores com posições específicas, períodos de treino e descanso, alimentação, entre outras questões possíveis.
O polo imaginário é o verdadeiro espírito do grupo, aquele que inclusive sustenta, possibilita e modifica o polo técnico. Tem a ver com as fantasias inconscientes que circulam entre as pessoas que compõem o grupo social. À medida que os papéis são distribuídos no espaço grupal, cada membro vai projetando nele suas próprias identificações e fantasias inconscientes. Se pensarmos a identificação como a internalização ou apreensão de uma matriz vinculante passada, cada membro do grupo tenderá a se relacionar com os demais e a se posicionar subjetivamente na matriz grupal a partir de seu próprio padrão vinculante, o que, às vezes, permite o desdobramento da coesão do grupo e às vezes interfere. É o polo imaginário que possibilita os sentimentos de identidade grupal, cumplicidade, pertencimento e identificação entre os membros do grupo e, por sua vez, aquele que gera a sensação de que, embora esse grupo de pessoas estejam trabalhando para a concretização dos objetivos, eles não funcionam como um grupo. Os obstáculos no polo técnico muitas vezes têm a ver com como os membros do grupo se posicionam e inconscientemente posicionam os outros.
Como mencionamos anteriormente, o grupo social sustenta identificações pessoais, mas também institui outras, ou seja, produz novas subjetividades ao oferecer outras possibilidades de identificação. Os grupos constroem seus próprios universos de significados, criam seus próprios mitos e narrativas, oferecem um modelo identitário com o qual as pessoas se identificam a partir das experiências vividas.
Tajfel, um dos principais psicólogos em Teorias da Identidade Social, defende que o que faz um grupo social ser definido como tal é o fato de seus membros conceberem seu grupo com uma identidade social própria, como uma entidade diferente de outros grupos. Portanto, um grupo social é formado por pessoas que se percebem pertencentes a ele.
Dentro da Psicologia Social existem trabalhos que indicam que:
– Os membros tendem a superestimar as qualidades de seu grupo social e subestimar as de outros grupos.
– Existe uma tendência a preferir ao grupo de pertinência aos outros grupos, o que é conhecido como favoritismo intragrupal. Essa tendência explica a discriminação contra outros grupos sociais e fenômenos como o fanatismo.
– A autoestima individual é reforçada pelas conquistas do grupo social a que se pertence.
Artigo de: Agustina Repetto. Graduada em Psicologia, pela Universidade Nacional de Mar del Plata. Atualmente é pós-graduanda em Sexualidade Humana: sexologia clínica e educacional a partir da Perspectiva de Gênero e Direitos Humanos.
Referencia autoral (APA): Repetto, A.. (Janeiro 2023). Conceito de Grupo. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/grupo/. São Paulo, Brasil.