Conceito de Grupo Social (Categoria, Identidade e Processos Intergrupais)

Marcoantonio Villanueva Bustamante | Dez. 2022
Doutorado em Psicologia

Um grupo social é um conglomerado de pessoas que se percebem como membros de um coletivo. Nas ciências sociais, particularmente na psicologia social, o estudo dos grupos sociais, seus elementos e os fenômenos a eles relacionados, é um dos temas com maior número de pesquisas disponíveis. Por esta razão, não é de estranhar que existam múltiplas concepções deste fenómeno. Dentre elas, destacam-se as propostas de Turner e Tajfel. Ambos concordam que um grupo social é formado por dois ou mais indivíduos que compartilham uma identidade comum, o que os torna parte de uma mesma categoria social. Desta forma, os membros de um grupo deixam de se perceber como “eu” e passam a se identificar como “nós”. Embora ambas as teorias tenham pontos em comum, cada uma enfatiza elementos específicos, Turner acentua a categoria social, enquanto Tajfel identidade social.

Turner define um grupo como uma representação cognitiva do eu e de outros indivíduos como membros da mesma categoria social. Em outras palavras, um grupo social é um grupo de pessoas que se dizem membros de uma categoria, com a qual se sentem fortemente identificados e, conseqüentemente, dispostos a cumprir as regras por ela impostas. Essas categorias podem ser desenvolvidas com base em: crenças religiosas (por exemplo, catolicismo, cristianismo, islamismo); localização geográfica (por exemplo, área de um país); origens étnicas (por exemplo, maia, mapuche, cherokee); raça (alguns autores, como Betancourt e López (1993), consideram que o conceito de raça não é adequado na disciplina psicológica e deve ser deixado de lado); gênero (por exemplo, cisgênero ou LGBT+); nacionalidade (por exemplo, mexicano, argentino, italiano); status socioeconômico (por exemplo, classe média, classe alta, classe baixa); situação jurídica (por exemplo, migrante, imigrante, residente); idade (por exemplo, bebês, idade adulta avançada, idade adulta emergente) ou outras características relevantes para o contexto situacional (por exemplo, ser seguidor de um artista ou de um clube esportivo).

Por outro lado, Tajfel postula que nos grupos sociais a identidade social é primordial, ou seja, os indivíduos possuem uma identidade individual e uma identidade social, esta última construída a partir dos elementos do coletivo com os quais se identificam. Ou seja, cada indivíduo possui uma identidade própria que o caracteriza, mas a partir dos processos de interação com os membros de um grupo, desenvolve uma “nova” identidade que integra os valores, crenças, papéis e idiossincrasias do grupo. No entanto, também permite identificar indivíduos que não fazem parte do grupo.

Elementos de grupos sociais

Além da categoria e da identidade social, foi identificado que os grupos sociais requerem os seguintes elementos.

• Estrutura e papéis. Cada membro do grupo tem uma posição em relação ao restante dos membros, além disso, isso indica o que eles devem ou não fazer.

• A interação. Os membros de um grupo devem interagir uns com os outros para que o grupo funcione adequadamente.

• Regras. São as diretrizes de comportamento que os indivíduos devem seguir.

• Metas. Quem faz parte de um grupo o faz com a intenção de atingir uma meta ou objetivo específico.

• Permanência. Para que um grupo de pessoas seja considerado um grupo, seu agrupamento deve perdurar e transcender as situações.
processos intergrupais

A maior parte das pesquisas sobre grupos sociais, além de sua formação, concentra-se na relação entre dois grupos. Desta forma, os processos intergrupais que têm dominado esta questão são os chamados processos de hostilidade intergrupal. Dentre essas três formas destacam-se:

• Preconceito. O consenso indica que o preconceito é uma atitude negativa em relação a uma pessoa devido ao seu pertencimento a um grupo. Sendo uma atitude, assume-se que o preconceito faz parte do modelo tripartido das atitudes, ou seja, cognições, afetos e comportamentos. Assim, as avaliações negativas feitas sobre um membro de um grupo (componente afetivo) são baseadas em crenças sobre esse grupo (componente cognitivo) que favorecem o desenvolvimento de comportamentos hostis (componente comportamental).

• Estereótipo. Geralmente são entendidas como crenças generalizadas sobre as características que um grupo e seus membros possuem. Essas crenças tendem a ser erradas e/ou negativas, embora alguns estereótipos positivos possam ocasionalmente ser encontrados. No entanto, são os estereótipos negativos que têm maior presença e são tipicamente direcionados às minorias. Alguns autores consideram que é o elemento cognitivo do preconceito.

• Discriminação. Trata-se de um tratamento sistematizado e, por vezes, institucionalizado, no qual o acesso a oportunidades e recursos como saúde, renda econômica ou educação é limitado ou negado. Ou seja, a discriminação é o tratamento desigual de uma pessoa com base em sua participação em um grupo. Alguns autores consideram que a discriminação é o elemento comportamental do preconceito.

Finalmente, e porque estes processos colocam em risco a integridade de grupos vulneráveis, algumas estratégias têm sido propostas para reduzir a sua presença. Dentre essas estratégias, destaca-se a hipótese do contato intergrupal desenvolvida por Gordon Allport, que propõe que, sob certas condições, o contato entre grupos pode reduzir preconceitos e elementos entre eles.

Artigo de: Marcoantonio Villanueva Bustamante. Licenciado em Psicologia, formado pela Faculdade de Psicologia da UNAM, México. Doutor em Psicologia pela UFRO, Chile. Investigador independente que faz parte de várias equipes de pesquisa no México e no Chile.

Referencia autoral (APA): Villanueva Bustamante, M.. (Dez. 2022). Conceito de Grupo Social (Categoria, Identidade e Processos Intergrupais). Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/grupo-social/. São Paulo, Brasil.

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