Um grupo social é um conglomerado de pessoas que se percebem como membros de um coletivo. Nas ciências sociais, particularmente na psicologia social, o estudo dos grupos sociais, seus elementos e os fenômenos a eles relacionados, é um dos temas com maior número de pesquisas disponíveis. Por esta razão, não é de estranhar que existam múltiplas concepções deste fenómeno. Dentre elas, destacam-se as propostas de Turner e Tajfel. Ambos concordam que um grupo social é formado por dois ou mais indivíduos que compartilham uma identidade comum, o que os torna parte de uma mesma categoria social. Desta forma, os membros de um grupo deixam de se perceber como “eu” e passam a se identificar como “nós”. Embora ambas as teorias tenham pontos em comum, cada uma enfatiza elementos específicos, Turner acentua a categoria social, enquanto Tajfel identidade social.
Turner define um grupo como uma representação cognitiva do eu e de outros indivíduos como membros da mesma categoria social. Em outras palavras, um grupo social é um grupo de pessoas que se dizem membros de uma categoria, com a qual se sentem fortemente identificados e, conseqüentemente, dispostos a cumprir as regras por ela impostas. Essas categorias podem ser desenvolvidas com base em: crenças religiosas (por exemplo, catolicismo, cristianismo, islamismo); localização geográfica (por exemplo, área de um país); origens étnicas (por exemplo, maia, mapuche, cherokee); raça (alguns autores, como Betancourt e López (1993), consideram que o conceito de raça não é adequado na disciplina psicológica e deve ser deixado de lado); gênero (por exemplo, cisgênero ou LGBT+); nacionalidade (por exemplo, mexicano, argentino, italiano); status socioeconômico (por exemplo, classe média, classe alta, classe baixa); situação jurídica (por exemplo, migrante, imigrante, residente); idade (por exemplo, bebês, idade adulta avançada, idade adulta emergente) ou outras características relevantes para o contexto situacional (por exemplo, ser seguidor de um artista ou de um clube esportivo).
Por outro lado, Tajfel postula que nos grupos sociais a identidade social é primordial, ou seja, os indivíduos possuem uma identidade individual e uma identidade social, esta última construída a partir dos elementos do coletivo com os quais se identificam. Ou seja, cada indivíduo possui uma identidade própria que o caracteriza, mas a partir dos processos de interação com os membros de um grupo, desenvolve uma “nova” identidade que integra os valores, crenças, papéis e idiossincrasias do grupo. No entanto, também permite identificar indivíduos que não fazem parte do grupo.
Além da categoria e da identidade social, foi identificado que os grupos sociais requerem os seguintes elementos.
• Estrutura e papéis. Cada membro do grupo tem uma posição em relação ao restante dos membros, além disso, isso indica o que eles devem ou não fazer.
• A interação. Os membros de um grupo devem interagir uns com os outros para que o grupo funcione adequadamente.
• Regras. São as diretrizes de comportamento que os indivíduos devem seguir.
• Metas. Quem faz parte de um grupo o faz com a intenção de atingir uma meta ou objetivo específico.
• Permanência. Para que um grupo de pessoas seja considerado um grupo, seu agrupamento deve perdurar e transcender as situações.
processos intergrupais
A maior parte das pesquisas sobre grupos sociais, além de sua formação, concentra-se na relação entre dois grupos. Desta forma, os processos intergrupais que têm dominado esta questão são os chamados processos de hostilidade intergrupal. Dentre essas três formas destacam-se:
• Preconceito. O consenso indica que o preconceito é uma atitude negativa em relação a uma pessoa devido ao seu pertencimento a um grupo. Sendo uma atitude, assume-se que o preconceito faz parte do modelo tripartido das atitudes, ou seja, cognições, afetos e comportamentos. Assim, as avaliações negativas feitas sobre um membro de um grupo (componente afetivo) são baseadas em crenças sobre esse grupo (componente cognitivo) que favorecem o desenvolvimento de comportamentos hostis (componente comportamental).
• Estereótipo. Geralmente são entendidas como crenças generalizadas sobre as características que um grupo e seus membros possuem. Essas crenças tendem a ser erradas e/ou negativas, embora alguns estereótipos positivos possam ocasionalmente ser encontrados. No entanto, são os estereótipos negativos que têm maior presença e são tipicamente direcionados às minorias. Alguns autores consideram que é o elemento cognitivo do preconceito.
• Discriminação. Trata-se de um tratamento sistematizado e, por vezes, institucionalizado, no qual o acesso a oportunidades e recursos como saúde, renda econômica ou educação é limitado ou negado. Ou seja, a discriminação é o tratamento desigual de uma pessoa com base em sua participação em um grupo. Alguns autores consideram que a discriminação é o elemento comportamental do preconceito.
Finalmente, e porque estes processos colocam em risco a integridade de grupos vulneráveis, algumas estratégias têm sido propostas para reduzir a sua presença. Dentre essas estratégias, destaca-se a hipótese do contato intergrupal desenvolvida por Gordon Allport, que propõe que, sob certas condições, o contato entre grupos pode reduzir preconceitos e elementos entre eles.
Referencia autoral (APA): Villanueva Bustamante, M.. (Dez. 2022). Conceito de Grupo Social (Categoria, Identidade e Processos Intergrupais). Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/grupo-social/. São Paulo, Brasil.