A Bíblia foi escrita definitivamente por volta do século I d. C. Nela há quatro relatos sobre a vida de Jesus: o evangelho de Marcos, Lucas, João e Mateus. No entanto, existem outros evangelhos que não estão integrados à Bíblia, pois não foram reconhecidos pelas autoridades religiosas por entender que não eram inspirados por Deus. Estes textos são conhecidos como os evangelhos apócrifos.
No contexto religioso do cristianismo, o vocábulo apócrifo se refere aos textos sagrados que não fazem parte do cânone oficial. Por este motivo, há uma distinção entre os evangelhos canônicos e os apócrifos.
O Cristianismo deu seus primeiros passos por volta do ano 30 d. C quando um grupo de judeus se uniu para seguir os ensinamentos de Jesus de Nazaré.
Os seguidores de Jesus contavam histórias sobre o novo Messias até serem compilados no Novo Testamento. Acredita-se que o primeiro evangelho foi o de Marcos e seguramente escrito por volta de 70 d. C. Juntamente com os outros três evangelhos já citados formam a versão oficial do Cristianismo.
O Evangelho de Pedro é um relato sobre a vida de Jesus. O texto afirma que o autor foi o próprio apóstolo Pedro. Este texto foi descoberto no Egito, em pleno século XIX, causando um grande impacto entre os biblistas e acadêmicos, pois contava os acontecimentos relacionados à ressurreição de Jesus.
O Evangelho de Tomé foi descoberto em 1945, na cidade de Nag Hammadi, no Egito. Trata-se de alguns manuscritos com 114 sentenças atribuídas a Jesus de Nazaré. Os especialistas acreditam que este texto fez parte de uma corrente filosófica do século III d. C, o movimento gnóstico.
O Evangelho de Maria Madalena foi descoberto no século XIX e os especialistas o situavam dentro da corrente do gnosticismo. Sobre este texto apenas alguns fragmentos estão conservados. Embora não tenha sido escrito por Maria Madalena, recebeu este nome por mencionar uma discípula de Jesus, da qual acredita ter sido Maria Madalena.
O Evangelho de Judas, seguramente escrito pelos cainitas por volta do século II d. C, apresenta uma versão positiva do apóstolo que traiu Jesus, Judas Iscariotes. Para alguns especialistas, esta interpretação do manuscrito é errônea e se deve a um erro na tradução do texto original.
Nestes evangelhos há muita controvérsia e disparidade de opiniões. Os estudiosos se fazem todo tipo de pergunta: foram proibidos por motivos teológicos ou por outros interesses? “Por que razão desapareceram”? Houve uma batalha doutrinária para impor um modelo de Cristianismo sobre outros?
Quando o imperador Constantino se converteu ao Cristianismo, o Império Romano adotou esta religião como oficial. Naquela época não havia coesão doutrinária entre os cristãos e nesse contexto histórico ficou decidido organizar o Concílio de Nicéia, em 325, para estabelecer os princípios básicos da fé cristã.
O objetivo do conselho era duplo: unificar a fé e dar coesão ao império. Os bispos e sacerdotes reunidos em Nicéia entraram em consenso com os dogmas religiosos e, ao mesmo tempo, proclamaram determinados textos (os evangelhos canônicos) e outros não oficiais (os evangelhos apócrifos).
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Referencia autoral (APA): Editora Conceitos.com (out., 2018). Conceito de Evangelhos Apócrifos. Em https://conceitos.com/evangelhos-apocrifos/. São Paulo, Brasil.