Habilidade é a capacidade, tanto física quanto mental, de realizar uma determinada ação em uma determinada situação. No campo das ciências sociais e humanas, especialmente na área da psicologia cognitiva, tem havido um amplo debate sobre o conceito das habilidades do ser humano, buscando entender, se são inatas ou adquiridas, como chegam a se desenvolver, entre outras questões.
O desenvolvimento das habilidades cognitivas e sociais do ser humano pode ser entendido como um processo que depende do aprendizado que o indivíduo vivencia ao longo de sua vida, ou seja, como uma característica do homem que é condicionada pelas condições materiais e pelo meio social em que se desenvolve desde seu nascimento. Estas consistem nas capacidades de interação simbólica com o ambiente que tornam um indivíduo competente para se relacionar com os outros. Tais habilidades estão entrelaçadas formando uma estrutura cognitiva que se torna mais complexa ao longo do tempo.
Na base dessa estrutura estão as habilidades mais primárias, como discriminar entre diferentes objetos ou estímulos, e então aparecem as habilidades com graus mais altos de abstração, como a identificação e formulação de conceitos, a construção de problemas ou a aplicação de regras para resolvê-los.
De acordo com o tipo de operação mental em questão, as habilidades cognitivas podem ser classificadas em cinco grandes grupos:
• cognição – relacionada à descoberta ou reconhecimento;
• memória – pela qual o que é conhecido é retido;
• pensamento divergente – a partir do qual o pensamento pode seguir em diferentes direções, por exemplo, ao realizar uma investigação;
• pensamento convergente – que sintetiza informações;
• avaliação – em virtude da qual se toma uma decisão com base no equilíbrio entre os acertos e os erros dados em uma situação.
Por outro lado, de acordo com seu conteúdo, as operações podem ser distinguidas como:
• figurativas – quando o conteúdo é o que se percebe por meio dos sentidos;
• simbólico – quando os conteúdos são expressos por meio de símbolos;
• semântica – quando expressa sob ideias; ou
• comportamentais – quando se referem à inteligência social.
Na medida em que ambas as classificações são combinadas, obtêm-se habilidades mais complexas, que dão origem a diferentes “produtos” cognitivos. No entanto, não existe uma classificação única e exaustiva de quais são as habilidades especificamente características do ser humano, o que pode dar conta de todas as variações e nuances entre as diferentes habilidades e competências humanas vinculadas a elas.
Embora haja consenso na comunidade acadêmica quanto à necessidade dos seres humanos de outras pessoas para estimularem seu crescimento e seu desenvolvimento, a forma como essas interações sociais ocorrem e seus propósitos são temas controversos. Assim, a sociabilidade humana pode ser pensada, por exemplo, como um fim para o desenvolvimento de capacidades pessoais ou, como uma realidade constitutiva dos indivíduos, sem uma finalidade instrumental.
Uma possível crítica à noção de habilidades sociais aponta para o fato de ela se apresentar dentro de um horizonte normativo, cujos objetivos visam regular o comportamento dos indivíduos dentro da sociedade em função de interesses previamente definidos, sem considerar o papel ativo dos sujeitos que fazem parte de tais processos, compreendendo o comportamento social a partir de uma perspectiva meramente instrumental.
Do ponto de vista físico, o ser humano apresenta, ao longo das diferentes fases do seu desenvolvimento, diferentes capacidades motoras. Estas consistem em um conjunto de movimentos e ações corporais, que estão intimamente relacionados às habilidades perceptivas do indivíduo. As habilidades motoras básicas são aquelas consideradas fundamentais para o desenvolvimento da aprendizagem motora posterior, ou seja, são as mais elementares. Elas incluem o controle do movimento do próprio corpo (por meio de deslocamentos, saltos e giros) e a manipulação de objetos (lançamentos e recepções).
A partir desses movimentos, os indivíduos, desde os primeiros meses de nascimento, conseguem explorar o ambiente que os cerca e desenvolver habilidades perceptivo-motoras mais complexas, como autopercepção corporal, estruturação espaço-temporal, equilíbrio e coordenação. Com o tempo, essas habilidades são aperfeiçoadas e dão origem a outras, baseadas na prática.
Artigo de: Lilén Gomez. Professora de Filosofia, com desempenho em ensino e pesquisa em áreas da Filosofia Contemporânea.
Referencia autoral (APA): Gomez, L.. (Setembro 2022). Conceito de Habilidade. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/habilidade/. São Paulo, Brasil.