Decisão é um processo cognitivo através do qual a pessoa tem a capacidade de analisar as opções que se apresentam no momento e/ou visando ao futuro, no qual participam um conjunto de fatores de acordo com a complexidade da situação e as condições e as condições em que surge.
As pessoas são capazes de tomar decisões simples de forma rápida e instintiva, bem como avaliar cuidadosamente as informações disponíveis para tomar a melhor decisão possível em uma situação complexa. A teoria desenvolvida pelos psicólogos Daniel Kahneman e Amos Tversky distingue dois diferentes sistemas de processamento cognitivo envolvidos na tomada de decisão: o Sistema Um e o Sistema Dois. Precisamos da interação entre os dois para realizar nossas atividades diárias e desenvolver nossas vidas.
O Sistema UM compreende o processamento cognitivo que não requer esforço mental, é rápido, intuitivo e automático. É aquele que nos permite realizar atividades como caminhar ou arrumar a cama sem ter que pensar em como fazê-lo. Por outro lado, o Sistema Dois é um sistema de processamento cognitivo lento e intencional. Requer esforço e gasto de energia mental, pois é um processo consciente que requer atenção sustentada. É o sistema que usamos, por exemplo, ao aplicar o raciocínio indutivo ou dedutivo, ao fazer cálculos matemáticos ou ao analisar informações quando temos que decidir sobre questões importantes como qual carreira escolher ou se devemos mudar de emprego.
A teoria do sistema dual de processamento de informações nos adverte sobre a existência de vieses cognitivos. Um viés – que geralmente é inconsciente – é um erro no processo de pensamento influenciado por nossas emoções, crenças, expectativas e experiências que impactam diretamente nossa capacidade de tomada de decisão. Por exemplo, o Sistema Um é sensível a preconceitos e estereótipos: imagine que estamos andando sozinhos à noite por uma rua escura e vemos que alguém está caminhando em nossa direção, provavelmente é que sem nem pensar nos inclinamos a atravessar a calçada. Por outro lado, o Sistema Dois pode ser afetado pela sobrecarga de informações e causar fadiga mental.
– Viés da disponibilidade: é a tendência de tomar decisões com base nas informações que vêm com mais facilidade à nossa cabeça. Por exemplo, suponha que durante o dia estávamos lendo muito sobre o estilo de Personalidade Narcisista e depois conversando com um amigo começamos a identificar nele certos traços narcísicos. Então, podemos ter caído nesse viés, já que ter tido contato com essa informação é a que mais temos à disposição para analisar o comportamento do nosso amigo.
– Viés de representatividade: ocorre quando avaliamos a probabilidade de algo acontecer com base em nossas expectativas ou estereótipos anteriores. Por exemplo, esse viés opera quando perguntamos a uma mulher se ela tem namorado, assumindo que pelo simples fato de ser mulher ela tem sua orientação sexual voltada para os homens, ou seja, assumindo uma heterossexualidade.
– Viés da confirmação: opera quando tendemos a buscar informações que confirmem nossas crenças, descartando tudo o que as contradiz. Suponha que uma pessoa tenha a crença de que todas as pessoas loiras são desinteressantes. Logo, se ao conversar com uma pessoa com essa característica, ela fica mais permeável a comentários que considera supérfluos e descarta aquelas considerações mais sofisticadas, é porque esse viés está operando.
Se quisermos tomar decisões eficazes, é importante que reconheçamos se algum viés está em ação. Para isso, é necessário aprender a identificá-los e tomar algumas medidas que diminuam a possibilidade de sua interferência, como a busca ativa de informações e opções alternativas.
Uma das formas de melhorar nossa capacidade de tomada de decisão é o desenvolvimento de nossas funções executivas. As funções executivas são um conjunto de habilidades que nos permitem controlar com flexibilidade nosso pensamento e comportamento. Essas habilidades incluem: planejamento, capacidade de avaliar diferentes alternativas, soluções para o mesmo problema considerando os possíveis resultados e controle de impulsos. Para isso, podem ser realizadas tarefas específicas como: identificar claramente o problema ou situação, estabelecer uma lista com as diferentes opções e os prós e contras de cada uma, fazer uma hierarquia de prioridades com base em nossos objetivos de curto e longo prazo, avaliando os meios e recursos que precisamos para atingir nosso objetivo e desenhar um plano de ação realista. Também é importante identificar nossas emoções, já que muitas vezes somos influenciados por elas na hora de tomar uma decisão. Por exemplo, se tivermos medo, é mais provável que não tomemos a decisão que é mais arriscada para nós.
Referencia autoral (APA): Repetto, A.. (Março 2023). Conceito de Decisão. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/decisao/. São Paulo, Brasil.