Por volta do ano 1200, na Europa, surgiu um novo perfil de homem: pobre, culto e libertino. Aqueles que faziam parte dessa nova categoria social eram conhecidos como goliardos. A maioria pertencia ao clero e em alguns casos eram jovens estudantes das primeiras universidades europeias.
Dedicavam-se a perambular pelas cidades e frequentar locais de entretenimento. Levavam uma vida dedicada aos prazeres mundanos e satirizavam as autoridades religiosas e políticas de sua época.
Eram apaixonados pela literatura e por isso escreviam poemas satíricos para zombar as instituições e o poder em geral.
Com sua atitude libertina e descontraída expressavam um profundo mal-estar ao modelo social imperante. Entendiam que a igreja oficial havia desviado do seu autêntico espírito do Evangelho e para mostrar sua oposição os goliardos tinham o costume de interromper a missa e cantar seus cantos satíricos.
Paralelamente, mostravam sua simpatia pelo vinho, pelo amor carnal e o jogo. Com este pensamento vital, não é estranho que os goliardos fossem duramente criticados pela igreja oficial. Em 1227, no Concílio de Tréveris, uma decisão importante foi tomada: os párocos tinham que vigiar esses clérigos e os estudantes indisciplinados. Em outros concílios foram duramente criticados, eram chamados de vagabundos, blasfemos e pecadores.
As últimas referências sobre este coletivo datam o século XIII. Para alguns historiadores, os goliardos cometeram um erro que normalmente não é perdoado: criticar o poder estabelecido.
As duras e rígidas ordens monásticas medievais não aceitavam seu modelo de vida e o direito canônico não tolerava o comportamento dos indivíduos amantes do prazer.
No início do século XIX esta obra foi encontrada em uma pequena cidade alemã. Sua maior parte está escrita em latim medieval, mas também há fragmentos em alemão antigo. Através deste manuscrito foi possível conhecer a criação literária da Idade Média e a mentalidade de alguns homens que não queriam renunciar aos prazeres da existência.
Do ponto de vista estritamente teológico, não podiam ser considerados hereges, uma vez que não questionavam os dogmas do cristianismo. No entanto, este coletivo tinha um notável espírito anticlerical e inconformista.
Referencia autoral (APA): Editora Conceitos.com (jun., 2018). Conceito de Goliardos. Em https://conceitos.com/goliardos/. São Paulo, Brasil.