Conceito de Amor

Lilén Gomez | Setembro 2022
Professora de Filosofia

O amor é um sentimento, segundo o qual se estabelece diversos tipos de relações entre os indivíduos, que pode variar em de acordo com o contexto social. O amor pode ser interpretado como um fenômeno de base biológica, física, química ou neuronal, no entanto, também é configurado socialmente. Nesse sentido, tem sido objeto de investigação em várias disciplinas do conhecimento, como a filosofia ou a sociologia.

A temática amor tem sido uma das questões fundamentais para o pensamento ocidental, desde suas origens clássicas. Essa questão já aparece na própria etimologia do termo filosofia, que pode ser traduzido do grego antigo como “amor ao conhecimento”. Nessa linha, a noção de amor, ou Eros, elaborada por Platão (427 – 347 a.C) em diferentes partes de sua obra tem sido constitutiva da forma como tal sentimento é compreendido nas sociedades modernas, inclusive, na atualidade.

Na sociedade grega, a concepção do vínculo sexual estava profundamente ligada a uma relação de poder, de forma hierárquica, na qual uma das partes desempenhava um papel ativo, enquanto a outra assumia um papel passivo. Ambos os papéis refletiam uma correlação com a posição social dos membros da relação, de modo que, geralmente, os papéis ativos eram exercidos por cidadãos adultos do sexo masculino e, em contrapartida, uma posição passiva era atribuída a mulheres, escravos, estrangeiros ou jovens rapazes. As relações homossexuais, fundamentalmente entre os homens adultos e os jovens, eram práticas comuns para a sexualidade grega.

Nesse contexto, as indagações platônicas, por meio da figura de Sócrates, apontam para uma redefinição da instituição ateniense do amor. Nos primeiros textos, o amor aparece ligado à amizade e ao bem supremo como seu fundamento, em oposição à mera satisfação do desejo sexual. O amor verdadeiro é um amor virtuoso, pois é movido pela busca do bem e do belo. Assim, sua função é a mediação entre o mundo dos homens e o mundo dos deuses. Nesse sentido, Platão faz uma distinção entre o amor verdadeiro, filosófico, que corresponde à parte mais elevada da alma —o intelecto—, e o amor comum, dominado pela parte inferior da alma, – relacionada às paixões – e, entre elas, com o impulso estritamente sexual.

A perspectiva sociológica do amor

No campo da sociologia, o amor tem sido observado como objeto de estudo por diversas correntes, tornando-se ainda mais relevante nas últimas décadas. Na perspectiva da disciplina sociológica, o amor pode ser analisado como uma construção cultural, histórica, por meio da qual os sujeitos dão sentido aos seus vínculos afetivos. O amor foi postulado por Georg Simmel (1858-1918) como um fenômeno social, o que significa que nossa forma de amar, em determinado momento da história e em um grupo social específico, é condicionada pela educação emocional que nos forma como indivíduo.

Igualmente acontece com os códigos a partir dos quais comunicamos o sentimento amoroso, dentro de uma semântica historicamente definida, assim como com os ritos, ou seja, as práticas pelas quais o amor se realiza na vida concreta. Entre esses ritos, por exemplo, o sociólogo Pierre Bourdieu (1930-2002) localizou a escolha do parceiro como uma prática determinada no contexto de um espaço social em que se busca manter ou aumentar determinado capital, seja econômico ou cultural.

Por outro lado, não apenas foi apontado como a afeição amorosa é socialmente condicionada, mas que, também, o amor é sociologicamente relevante dada sua capacidade de estruturar certas instâncias da vida social. Tal é o caso, por exemplo, da família nuclear, com base na qual a sociedade moderna é primariamente ordenada.

Artigo de: Lilén Gomez. Professora de Filosofia, com desempenho em ensino e pesquisa em áreas da Filosofia Contemporânea.

Referencia autoral (APA): Gomez, L.. (Setembro 2022). Conceito de Amor. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/amor/. São Paulo, Brasil.

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