Na Grécia Antiga, o santuário da cidade de Elêusis, localizado nos arredores de Atenas, tinha um valor sagrado, uma vez que os gregos acreditavam que este lugar estava conectado a duas divindades do Olimpo: Deméter e sua filha Perséfone. A primeira era considerada a deusa da agricultura e da abundância na natureza, já a segunda era uma divindade associada ao submundo.
Com o objetivo de idolatrar as duas deusas foram realizados alguns rituais sagrados, conhecidos como Mistérios Eleusianos. Aqueles que estudaram estes cultos afirmam que sua origem remota possa ter vindo do Egito Antigo. De qualquer forma, os rituais com características similares existiram em outras civilizações da antiguidade.
Os rituais que ocorriam no santuário de Elêusis não estavam integrados à religião oficial, pois se tratavam de cultos secretos e os iniciantes adquiriam o compromisso de não revelar qualquer tipo de informação sobre tais rituais.
Enquanto os rituais oficiais eram proibidos para aqueles que não tinham direito de cidadania, assim como para estrangeiros ou mulheres, qualquer pessoa podia participar dos rituais eleusinos. Havia apenas um requisito para participação: não ter sido acusado de assassinato.
As fontes conservadas são muito escassas. A principal delas é o Hino Homérico a Deméter. Por outro lado, Platão, Aristóteles e mais tarde Pausânias e Cícero fizeram alguma menção sobre os rituais de Elêusis. Posteriormente, os teólogos cristãos criticaram duramente este tipo de culto porque considerá-los tradições pagãs contrárias às Escrituras Sagradas.
Embora haja mais incógnita do que certeza neste culto, os pesquisadores chegaram às seguintes conclusões. Aqueles que iniciavam pela primeira vez no ritual (os mystai) tinham seus olhos tapados. A pessoa que organizava o ritual era um hierofante ou sumo sacerdote, que por sua vez era assistido por dois sacerdotes.
O ritual ocorria no mês de setembro e era formado por duas partes: um ritual contemplado por todos os participantes e uma parte secreta ocorrida no interior do santuário. É bem provável que ali eram realizados sacrifícios de animais e que algum tipo de poção era bebida.
Por último, acredita-se que a vivência no espaço sagrado conectava os participantes com as divindades e com seu próprio espírito.
Sobre o objetivo deste culto existem várias interpretações. Dizem que tem relação com a vida após a morte, mais especificamente com a esperança de obter algum tipo de privilégio no Além. Outros estudiosos afirmam ter relação com a busca pela abundância na vida terrena.
Os rituais secretos foram desenvolvidos durante 2000 anos aproximadamente e proibidos a partir do quarto século IV d. C quando o politeísmo se encontrava em processo de dissolução.
Para alguns pesquisadores, é muito provável que os iniciantes tomassem algum tipo de substância alucinógena e devido a isso experimentavam uma conexão espiritual dificilmente explicável em termos racionais.
Outros negam esta hipótese e afirmam que o ritual consistia em uma representação teatral noturna acompanhada de música, na qual um instrumento era empregado para invocar aos deuses.
Imagem: Fotolia. Haris Andronos
Referencia autoral (APA): Editora Conceitos.com (ago., 2018). Conceito de Mistérios Eleusinos. Em https://conceitos.com/misterios-eleusinos/. São Paulo, Brasil.