O Novo Testamento apresenta quatro relatos sobre a vida de Jesus que são conhecidos como os evangelhos canônicos (Marcos, Lucas, João e Mateus). Paralelamente, há uma série de evangelhos que não foram integrados ao Novo Testamento, uma vez que a igreja cristã oficial entendia que não estavam inspirados por Deus.
Estes relatos são conhecidos como evangelhos apócrifos, sendo um deles o Evangelho de Tomé. Esta disparidade de histórias sobre Jesus de Nazaré revela um fato: os primeiros cristãos tinham critérios bem diferentes sobre a figura de seu mestre.
Um exemplo significativo destas correntes são os cristãos judaicos, que acreditavam que Jesus era um homem excepcional, mas não compartilhavam o nascimento virginal e rejeitavam a ideia da ressurreição.
Em 1945, na cidade egípcia de Nag Hammadi, próximo a Luxor, foram encontrados 13 códices coptas, entre eles mais precisamente o Evangelho Segundo Tomé. Acredita-se que estes textos foram escondidos por volta do século IV d. C como o fim de evitar sua destruição.
Ao mesmo tempo, os especialistas acreditam que foram escritos por gnósticos cristãos, que consideram que todo ser humano levava em seu interior uma parte divina e através de um processo de conhecimento era possível alcançar a ressurreição. O movimento gnóstico foi duramente perseguido pela igreja oficial e seus seguidores acabaram sendo hereges.
No Evangelho de Tomé aparece um pequeno prólogo acompanhado de 114 sentenças, todas atribuídas ao Messias dos cristãos.
Neste evangelho apócrifo há muita informação sobre a doutrina difundida por Jesus de Nazaré. Assim, são atribuídas afirmações relacionadas ao seu desprezo para com o enriquecimento e surgem reflexões sobre a busca da verdade, o perdão dos pecados e o reino de Deus. Os especialistas enfatizam um aspecto: nestes manuscritos não há informação sobre a ressurreição de Jesus, sua crucificação ou seus milagres.
No entanto, do ponto de vista doutrinal, o conteúdo do Evangelho de Tomé não estabelece uma ruptura com os evangelhos canônicos.
Os biblistas e pesquisadores consideram que este relato é importante porque através dele é possível entender melhor o contexto histórico das primeiras comunidades cristãs. Por último, chama a atenção que Tomé se apresente como o principal discípulo de Jesus, um elemento que contradiz ao resto dos evangelhos canônicos.
Imagens Fotolia. Zatletic, Renata Sedmakova
Referencia autoral (APA): Editora Conceitos.com (out., 2018). Conceito de Evangelho de Tomé. Em https://conceitos.com/evangelho-tome/. São Paulo, Brasil.