Sempre houve vazamento de informações que, por um motivo ou outro, estão prestes a ser filtrados, mas até a chamada “era da informação” (constituída em seu ápice pela Internet até o momento) ninguém possuía plataformas adequadas para filtrar tal informação, devendo confiar em contatos pessoais.
Wikileaks é uma plataforma online com o fim de enviar documentos de todo tipo de forma anônima e teoricamente segura para análise e publicação.
Sobre a primeira, revelou um vídeo inédito de um ataque por parte de soldados americanos a jornalistas da agência Reuters, enquanto que no caso da segunda tratou de milhares de documentos confidenciais, até então secretos, que foram revelados pela Wikileaks, juntamente com alguns meios de comunicação de maior prestigio do mundo.
A história da Wikileaks começou em 2006 quando um grupo de jornalistas e hackers decidiu unir suas forças para mostrar transparência.
Esta finalidade, nobre em teoria, foi marcada tanto pelas formas como pelos conteúdos publicados algumas vezes no site, o que estabelece à organização duras críticas com a forma de lidar com a informação.
Dos fundadores, duas figuras da organização se destacam com maior força através da visualização dos seus rostos: os hackers Julian Assange e Daniel Domscheit-Berg.
Sem dúvida, a figura mais pública da organização foi Julian Assange, enquanto que Daniel Domscheit-Berg ficou em segundo plano, mesmo sendo porta-voz da entidade em algumas ocasiões.
Devido a desentendimentos entre ambos, Domscheit-Berg abandonou a Wikileaks em 2010, acusando Assange de exercer um personalismo excessivo e de negligenciar aspectos básicos de segurança por parte daqueles que deixaram vazar documentos para a organização, de forma que suas identidades pudessem ser descobertas por terceiros através de espionagem.
– O vídeo dos tiros aos jornalistas da Reuters, em Bagdá, que ocorreu em 2007, mas que não foi publicado pela Wikileaks até 2010, ano em que foi vazado.
O escândalo foi maiúsculo, uma vez que o vídeo (que correspondia à gravação do exército norte-americano) capturou perfeitamente que as vítimas do ataque não carregavam armas nem faziam menção de ser uma ameaça ao helicóptero Apache que os baleou, assim como que os superiores encarregados da ação deram sua aprovação.
Além dos jornalistas que perderam a vida no ataque, mais nove pessoas também foram assassinadas, algumas tentando salvar os primeiros que caíram e outras levando os feridos para um hospital.
– Os diários da invasão do Afeganistão pelos Estados Unidos e outros países aliados, realizados em 2001, mas cujos documentos foram publicados em 2010 por líderes rotativos de todo o mundo, como o norte-americano New York Times, o alemão Der Spiegel e o britânico The Guardian.
Estes documentos explicavam detalhes até então não revelados pelo governo norte-americano ou de seus aliados, como o número de vítimas civis causados pelos ataques ou as mortes provocadas pelo “fogo amigo”.
– Os documentos da Guerra do Iraque, filtrados por Bradley Manning, um soldado do exército dos Estados Unidos que considerava a administração norte-americana de cometer uma injustiça, querendo assim explicar ao mundo. Tais documentos explicaram, entre outras coisas, os casos de tortura aos iraquianos, bem como a falta de ação das forças ocidentais frente aos abusos dos soldados do remodelado exército iraquiano que foi composto após a vitória da coligação.
– O “cablegate”, consistente na filtragem de cabos diplomáticos cruzados entre as embaixadas dos Estados Unidos espalhados por todo o mundo e pelo governo desse país.
– Os arquivos da Stratford, correspondentes a vários acontecimentos que esta empresa de segurança interveio ao longo dos últimos anos, como o desastre da petroquímica de Bhopal (Índia), a operação para matar Osama Bin Laden e a Guerra das Malvinas.
– O último importante vazamento da Wikileaks ocorreu em 2017, quando revelou uma relevante quantidade de material sobre como o serviço secreto norte-americano (a CIA) nos espia pelos computadores e é capaz de atacar com malware.
Este consiste em um arquivo de 1,99 gigabytes protegido por forte criptografia (AES de 256 bits), que só seria suspenso a partir de uma chave de descriptografia não revelada. Isto seria em função das circunstâncias, assim a Wikileaks levaria em consideração métodos indiretos para divulgar tal chave, de forma que os governos (especialmente os EUA) não pudessem impedi-la.
Apesar dos inúmeros incidentes e ataques de todo tipo, ainda mais com Julian Assange refugiado na embaixada do Equador, em Londres, desde 2012, a Wikileaks continua desempenhando a função de divulgar ao mundo os documentos secretos que lhes são comunicados e enviados por gente de todo tipo, após sua verificação e comprovação.
Imagem: Fotolia. artcartoon
Referencia autoral (APA): Editora Conceitos.com (jan., 2018). Conceito de Wikileaks. Em https://conceitos.com/wikileaks/. São Paulo, Brasil.