A violência econômica refere-se as ações empreendidas para restringir, controlar ou privar os recursos econômicos de alguém próximo (como um companheiro, filho, mãe, etc), criando uma relação de total dependência com agressor de modo que se torna difícil para eles se tornarem independentes. São exemplos, um idoso cujas poupanças são assumidas por uma pessoa da sua confiança, um pai que pretende gerir a vida do seu filho adulto, ou uma relação de coabitação em que um dos envolvidos assume o controlo e disposição dos rendimentos. Da mesma forma, o responsável por essas práticas tende a manipular as situações, a fazer a vítima acreditar que a está ajudando e que suas intenções são boas, o que ocorre principalmente na primeira etapa para obter acesso/autorização ao patrimônio e depois tornar-se o único capaz de gerenciá-lo.
Compreende um dos tipos mais comuns de violência de gênero, cuja complexidade de detecção está na sutileza das ações por meio das quais costuma se manifestar, iniciando-se imperceptivelmente até que a pessoa agredida entenda que está sendo limitada economicamente e em sua liberdade. Nesse quadro, as vítimas mais comuns desse tipo de violência são as mulheres. São comuns as situações em que as mulheres assumem as responsabilidades domésticas e aceitem que o companheiro atue como um provedor da família, controlando onde e como tudo será gasto. Existem cenários onde a mulher é a provedora, mesmo assim é o companheiro quem administra os recursos econômicos, privando-a do próprio dinheiro.
Nessas condições, a violência econômica costuma ser fomentada quando o agressor decide quanto recebe a companheira e essa quantia não cobre as necessidades pessoais e/ou familiares, tornando-a altamente dependente. Como essa violência não deixa vestígios físicos de abuso, é muito difícil para a vítima fazer a denúncia correspondente para se verificar esse tipo de ato, o que a coloca em situação de vulnerabilidade. No entanto, é uma das formas mais comuns de violência que pode existir, criando um ambiente de submissão e abuso de poder.
Vários tipos de violência econômica podem ser identificados:
1. Restrição de recursos econômicos.
2. Privar a pessoa de tomar decisões sobre os recursos econômicos que ela mesma gerou.
3. Controlar os tipos de gastos que o companheiro pode ter, dominando as decisões que este toma para privá-los de certas liberdades.
4. Despojar completamente os recursos econômicos.
No caso particular em que a vítima é uma mulher, a violência econômica apresenta-se como um fenómeno sistémico em que existe um conjunto de formas de abuso cimentadas por um sistema social e político que permite e/ou normaliza a mulher dependente do seu parceiro para subsistir financeiramente, bem como entregam o monopólio da palavra ao companheiro para que decidam os fins a que destinam os recursos econômicos. Alguns estudiosos do tema destacam o papel do Estado como cúmplice destas situações por sua falta de assistência ou capacidade de garantir segurança e acompanhamento.
A violência econômica não cessará até que se estabeleçam cenários sociais e políticos que promovam maior igualdade de gênero, onde esses atos sejam punidos e se estimule uma forma mais saudável de viver as relações.
Demoraram anos até que se perceber que essas ações, por mais sutis que possam parecer, também são violência e parte do combate à violência é oferecer esse tipo de informação, para que chegue às pessoas que dela precisam. Atualmente, em diversos países, inclusive na região latino-americana, existem diversas legislações locais que advogam pelas vítimas de violência econômica, punindo atos já tipificados para que as mulheres possam denunciar quando estão sendo abusadas economicamente. Assim como existem redes de apoio para mulheres sobreviventes de violência, é necessário ajudar também as vítimas de violência econômica para que tenham o suporte adequado e consigam sair do círculo de violência em que se encontram imersas e possam recomeçar, gerar sua própria renda e tornarem-se independentes.
Artigo de: Gemma Alvarado. Licenciada em Psicologia. Mestre em Humanidades pela Universidade Autônoma do Estado de México.
Referencia autoral (APA): Alvarado, G.. (Abril 2023). Conceito de Violência Econômica. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/violencia-economica/. São Paulo, Brasil.
