No início do século XX houve um ressurgimento da poesia através de um amplo leque de correntes. Entre elas, cabe destacar a Geração de 27, como o modernismo e a poesia vanguardista em suas várias manifestações (surrealismo, futurismo, dadaísmo, ultraismo). A América Latina também teve uma revolução na criação poética, onde o Postumismo foi uma das correntes mais originais daquele momento histórico.
Este fenômeno literário ocorreu exclusivamente na República Dominicana e teve início em 1921 com o Manifesto Postumista, uma proposta poética desenvolvida principalmente pelo filósofo Andrés Avelino. Deve-se destacar que o termo postumismo foi criado pelo poeta Domingo Moreno Jimenez e esta palavra foi utilizada porque seu autor entendia que as poesias desta corrente só poderiam ser compreendidas no futuro e, portanto, postumamente.
Os poetas que fazem parte desta corrente dirigem seu olhar para a República Dominicana em uma época de grandes proprietários de terra e por causa das forças políticas se aproximarem das posições imperialistas dos Estados Unidos, enquanto que as classes mais baixas viviam em condições de exploração e miséria.
Os criadores postumistas (os já mencionados Domingo Moreno e Andrés Avelino, mas também Rafael Augusto Zorrilla, Vigília Diaz, entre outros) exaltam os sinais de identidade nacional e reivindica uma poesia indígena que expresse a personalidade cultural dominicana e, excepcionalmente, as experiências e linguagem do povo.
Os postumistas se distanciaram da poesia tradicional e da versificação clássica, adotando um sistema baseado na liberdade criativa. Em sua poesia a alienação cultural é transmitida através dos esquemas do colonialismo. O mundo poético do postumismo pretende expressar a essência do espírito dominicano e os aspectos formais passam para um segundo fundo.
Através da leitura de poemas postumistas o leitor se encontra com a paisagem e a realidade dominicana: o mundo tropical com todo seu vigor, as locuções e expressões populares, as tradições religiosas, a pobreza nas ruas e o desejo de liberdade individual e coletiva. A leitura de um poema não depende da regularidade e da estrutura dos seus versos, já que o poeta postumista deseja implantar o ritmo profundo dos seus pensamentos.
Apesar da originalidade do movimento, os críticos literários da elite intelectual da década de 1920 tiveram uma atitude de menosprezo para com os poetas postumistas (o movimento foi rotulado por alguns como o buraco negro da poesia). Nos últimos anos, alguns estudiosos literários resgataram os poetas postumistas do esquecimento.
Imagem: Fotolia. Ivan Kurmyshov
Referencia autoral (APA): Editora Conceitos.com (abr., 2017). Conceito de Postumismo. Em https://conceitos.com/postumismo/. São Paulo, Brasil.