A língua é o sistema de comunicação utilizado por um grupo humano de forma consensual e padronizada que representa parte importante da cultura de seus falantes. Embora a linguagem usada para se comunicar seja a mesma para toda a humanidade, nem todos nós a usamos da mesma maneira.
Os sinais sonoros e gráficos são diferentes de acordo com determinadas áreas geográficas e os grupos de pessoas que as compõem. O sistema de signos empregados no português – a língua portuguesa – para escrever uma palavra é diferente do utilizado pelo japonês -a língua japonesa-, ainda que ambos signifiquem a mesma coisa.
Também é comum encontrar uma variedade de fala dentro de uma mesma língua, sem que esse uso altere muito a língua oficial ou comum sendo o que chamamos de variante linguística. Em geral, acrescentam-se expressões regionais – conhecidas como dialetos – ou o que podemos identificar como gírias populares, que são termos específicos usados por pessoas de um mesmo grupo social, como advogados ou médicos.
Alguns indivíduos são capazes de assimilar vários sistemas de signos, mas aquele que aprenderam primeiro, aquele que é reconhecido como seu, é chamado como a língua materna ou nativa. Esses indivíduos são conhecidos como multilíngues e a língua é utilizada como forma de expandir sua cultura e visão de mundo, que hoje está muito mais globalizado com as possibilidades oferecidas pela Internet. Manuel Seco sustenta que “saber o nome de uma coisa é uma forma de conhecê-la”.
A Linguística é a ciência que dedica seus estudos e pesquisas à linguagem, a lingua, as regras gramaticais e a evolução, agregando e disseminando conhecimentos importantes para as relações comunicativas como as vemos hoje. Vale ressaltar que embora existam diferentes formas de dividir os estudos de um idioma, como morfologia, sintaxe, fonética, semântica etc., a forma como cada língua foi estruturada é tão complexa, com uma mistura de tantos povos, que até hoje muitos linguistas contestam até que ponto algumas classificações estão corretas.
O fenómeno que dá origem às várias línguas e linguagens é uma questão complexa para cuja análise uma abordagem superficial não alcança. No entanto, é importante saber diferenciar os dois conceitos, apesar de serem semelhantes, para interpretar corretamente cada sistema. Considerando que, como mencionado acima, a língua se refere a um conjunto ordenado de sinais sonoros e gráficos reunidos em ordens específicas para formar palavras que se juntam respeitando certas regras para apresentar um significado. A linguagem é qualquer forma de comunicação que transmite um conceito ou uma ideia – signos, desenhos, sons, palavras, etc. – capaz de promover a interação entre dois ou mais indivíduos.
O que conhecemos como linguagem não é exclusividade dos seres humanos, mas é o meio para que a comunicação funcione também entre os animais. Isso porque ambos possuem inteligência, definida por Seco como a capacidade de entender, dar sentido às coisas e se adaptar às situações. Mas o ser humano tem algo mais: a razão, que consiste em julgar e decidir. Isso nos torna seres racionais e permitindo que os meios de comunicação que nos caracterizam evoluíssem tanto.
Historicamente, os estudos centraram-se na evolução da linguagem como meio de expressão e aludindo às múltiplas formas que assume em diferentes épocas e áreas geográficas.
A utilização de sinais sonoros como meio de comunicação na linguagem tem formas e extensões muito variadas. Porém, como esses sons por si só não significam nada, o homem, ao longo de milhares de anos, foi articulando combinações características destes, que hoje chamamos de língua.
Saussure estabelece em seu Curso de Linguística Geral que “a língua não está diretamente sujeita ao espírito dos falantes”, o que para ele significa que nenhuma família de línguas pertence por direito a um grupo específico. Por exemplo, o espanhol descende diretamente do latim vulgar do final da Idade Média e foi padronizado como língua na Espanha graças à gestão de Isabel de Castilla, mas evoluiu muito desde então.
As pessoas vivem em diferentes grupos que com o passar dos anos se dividem em novos grupos, o que natural e inconscientemente faz com que uma mesma língua ganhe variações em seus elementos, seja na pronúncia, no vocabulário, na sintaxe ou na morfologia. Isso porque a linguagem humana é versátil o suficiente para abarcar novas palavras, expressões e sons que surgem a partir da interação de seus falantes, sendo impossível definir qual seria o “jeito certo”, pois todos seguem as regras necessárias para possibilitar comunicação efetiva.
Dentre os fatores capazes de impulsionar essas mudanças, destacam-se a localização geográfica, a classe social, o nível de escolaridade, o sexo, a idade e o grau de formalidade exigido pela situação.
Outros fatores que também influenciam no uso de uma ou outra variante são os históricos, o contato com as línguas indígenas e a migração. Lembremos, por exemplo, que o espanhol na América teve contato com as línguas ameríndias que eram os meios de comunicação da região, e que deixaram traços mais ou menos profundos na unidade linguística do idioma. Levando em consideração o exposto, podemos dividir as variantes linguísticas em:
Diastrático ou social
Essa variedade afeta as palavras em nível morfossintático ou fonológico em decorrência do nível educacional ou do contato direto com determinado grupo social conhecido como gíria popular.
É a fala das pessoas mais instruídas que torna a língua um modelo bastante uniforme, mas em países, regiões ou em uma mesma cidade, a fala das pessoas com menor escolaridade é variada. A conclusão a esse respeito, comenta Seco, é que quanto maior a prevalência de variações fora da norma culta, mais a variedade da fala vai predominar e com isso há maior risco de quebra da unidade do idioma.
Diafásica ou situacional
Elas são dadas com base na situação ou contexto comunicativo apresentado, ou seja, varia da formalidade à informalidade de acordo com as necessidades do interlocutor. Por exemplo, a forma como alguém fala com os amigos é informal, enquanto com o chefe é necessária uma linguagem mais formal.
Diacrônico ou histórico
Essa variação reflete a época em que os falantes viveram, o que acaba tirando de uso diversas palavras ou regras gramaticais. Eles se distinguem entre arcaico e moderno.
Diatópico ou geográfico
Também conhecido como dialeto, é a mais complexa das variações, pois representa as diferenças na fala dos habitantes de diferentes regiões ou diferentes países que utilizam a mesma língua. Sabemos que, embora o espanhol seja falado em muitas partes do mundo, um argentino, um colombiano ou um mexicano não falam o mesmo.
É considerado um sistema de signos, separado da língua comum, com características alinhadas com outros sistemas dialetais e geralmente delimitado a uma área geográfica.
Artigo de: Indira Ahmed Fernández. Licenciatura em Letras Hispânicas. Aluna de MBA da Universidade de Guadalajara, México. Atuação na área de meios de comunicação e ensino, nas áreas de linguística e literatura, bem como de metodologia de pesquisa e linguagens. Pesquisa em Lexicologia, Sociolinguística e Teatro.
Referencia autoral (APA): Ahmed Fernández, I. (Julho 2023). Conceito de Língua e Variante Linguística. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/lingua/. São Paulo, Brasil.