A palavra filosofia (pelo grego philosophia, para se referir ao “amor à sabedoria”) designa na fala cotidiana o conjunto de conhecimentos que organiza e fundamenta o conhecimento do que existe. Figurativamente, refere-se a doutrinas filosóficas particulares (por exemplo, “filosofia platônica”) ou aos modos de vida de determinadas pessoas (“sua filosofia é…”).
Uma das primeiras definições da filosofia foi dada por Aristóteles no Livro IV de sua Metafísica. Para ele, a metafísica constitui o núcleo central da filosofia, do qual dependem suas outras partes (gnoseologia, ética) e, por sua vez, a metafísica é o saber que trata do ente (ou ser, usando um termo genérico) como ente e aquele que constitui seu fundamento. Consequentemente, a filosofia é um saber teórico, ou seja, que se dedica ao conhecimento do ente em geral (não de entes particulares, mas como entes em sua essência).
Em certas correntes, a origem da questão tem sido explicada pelo ente (Por que existem entes e não o nada antes dele? Em que consiste o ser da totalidade dos entes e de cada um deles? O que quer dizer “ser”?) em virtude do temperamento do ser humano, como por exemplo, o espanto filosófico diante de algo que causa surpresa, como a própria existência do mundo que nos cerca e do próprio ser humano. Para Martin Heidegger (1889-1976), esse temperamento foi o tédio existencial.
Veremos ao longo da história, que a pergunta sobre o fundamento das coisas terá respostas muito diferentes, até mesmo contraditórias entre si.
Outra forma possível é pensar a filosofia, não como um saber sobre o que existe, mas como uma arte dedicada à invenção, neste caso, de conceitos. Portanto, não consiste em uma aproximação aos últimos fundamentos já dados, mas em uma operação de criação. Assim, não se trataria de contemplar as Ideias, como propunha Platão, de modo que com elas o ser humano pudesse conhecer racionalmente a verdade já que, para que esse exercício acontecesse, em primeira instância, foi preciso inventar o conceito de “Ideia”.
Essa linha de pensamento foi aberta por Friedrich Nietzsche (1844-1900) que em sentido análogo a famosa “Teses sobre Feuerbach” de Karl Marx (1818-1883) sustenta: “Os filósofos só interpretaram o mundo de várias maneiras, mas a questão é transformá-lo”. Ambas as ideias serão amplamente recuperadas por diferentes tradições do século XX, entre as quais podemos citar, por exemplo, a obra de Gilles Deleuze e Félix Guattari, que se dedicaram especialmente à questão do que é a filosofia.
Usualmente, a filosofia tem se distinguido das ciências, colocando-se como o “tronco” principal, de onde emergem, como ramificações, as diferentes ciências sobre entes particulares. Nesse sentido, a distinção entre as duas estaria no fato de que as ciências, diferentemente da filosofia, não se preocupam com os últimos fundamentos, mas partem de pressupostos sobre o que existe para então formular hipóteses e teorias derivadas.
Vale destacar também que, atualmente, o estudo e a prática da filosofia adquiriram a configuração de uma profissão acadêmica, geralmente dentro das instituições de ensino. Nesse sentido, é possível fazer uma distinção entre a práxis filosófica enquanto tal e a forma como ela se tornou profissão, muito vinculada ao estudo da história da filosofia e da produção no campo da pesquisa, seguindo metodologias próximas àquelas das ciências humanas.
Artigo de: Lilén Gomez. Professora de Filosofia, com desempenho em ensino e pesquisa em áreas da Filosofia Contemporânea.
Referencia autoral (APA): Gomez, L.. (Agosto 2022). Conceito de Filosofia. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/filosofia/. São Paulo, Brasil.