Conceito de Estresse

Agustina Repetto | Janeiro 2023
Licenciada em Psicologia

O estresse é um mecanismo vital inato, adaptativo e necessário que nos permite responder às demandas de nosso ambiente natural e social. Diariamente nos deparamos com diversas situações (reais ou imaginárias) que ameaçam a homeostase ou o equilíbrio do nosso funcionamento psiconeurobiológico. Para lidar com essas situações ou estímulos específicos (psicológicos ou físicos, internos ou externos) que nosso sistema cognitivo avalia como ameaçadores, ou seja, que colocam em risco nossa integridade física, emocional e/ou psicológica, dispomos de diferentes mecanismos de autorregulação que nos ajudam a ajustar às demandas do ambiente de maneira adaptativa. Estes mecanismos são uma resposta do organismo que suscita a implementação de certos recursos cognitivos, comportamentais e biológicos que intervêm nas nossas reações a situações que consideramos, no mínimo, problemáticas. Portanto, considerando essa forma de resposta, poderíamos nos perguntar: Por que o estresse está geralmente associado a um estado negativo? Para respondê-la, precisamos diferenciar os conceitos de eustress e distress.

Estresse: Diferença entre eustress (resposta adaptativa) e angústia (falha adaptativa)

O Eustress é uma resposta adaptativa do organismo que gera alterações orgânicas sistêmicas e nos ajuda a enfrentar situações que avaliamos como ameaçadoras, sem perder o estado de equilíbrio ou homeostase, a partir da implementação de diversos recursos cognitivos, emocionais, comportamentais e fisiológicos. É importante destacar que é com base na avaliação cognitiva que fazemos do estímulo, da situação e das estratégias de enfrentamento disponíveis que o processo de estresse ocorrerá ou não. Dessa forma, podemos afirmar que nenhum estímulo por si só tem capacidade de ser um estressor, pois somente o que consideramos uma ameaça será visto com tal.

Em outras palavras, o desencadeamento da resposta ao estresse dependerá de como o indivíduo percebe, valoriza e reage à realidade em um determinado momento. Nesse sentido, podemos pensar que a mesma situação ou o mesmo estímulo funcionará como estressor para alguns indivíduos e para outros não. Além disso, nem sequer o mesmo estímulo sempre funcionara como estressor no mesmo indivíduo em diferentes momentos de sua vida.

No entanto, se a resposta que inicialmente funcionou de forma adaptativa e nos permitiu nos ajustar às demandas do nosso ambiente se mantiver ao longo do tempo, pode levar ao fracasso adaptativo e colocar nossa saúde em risco de maneira integral. Isso ocorre porque a resposta ao estresse envolve, entre muitas outras questões, o aumento dos níveis de um hormônio chamado cortisol.

Em primeira instância, a ativação deste hormônio é funcional, pois nos permite fazer os ajustes necessários para enfrentar a situação que avaliamos como ameaçadora, por exemplo, favorecendo os processos de percepção, atenção e memória. Mas, a manutenção de altos níveis de cortisol no corpo ao longo do tempo impacta negativamente o estado geral de nossa saúde, produzindo, por exemplo, um enfraquecimento do sistema imunológico, o que nos torna mais propensos a contrair certas doenças. Portanto, a resposta ao estresse, para ser adaptativa, deve ser transitória.

Caso contrário, leva a uma falha adaptativa chamada angústia (estresse agudo ou crônico). Isso pode ocorrer tanto se a presença do estímulo que o indivíduo avalia como ameaçador for mantida ao longo do tempo quanto se a avaliação da ameaça for muito intensa.

Tipos de distress

Muitos autores concordam em diferenciar dois tipos diferentes de distress:

– O distress agudo caracteriza-se pelo aparecimento súbito de um imprevisto altamente ameaçador que irrompe na vida de uma pessoa, sobrecarregando as suas capacidades de adaptação e defesa.

– O distress crônico caracteriza-se pela ocorrência de repetidas situações vivenciadas como ameaçadoras ao longo do tempo, que exigem do indivíduo um esforço adaptativo constante, levando-o a um desgaste gradual onde seu limiar de resistência é ultrapassado. Isso também gera um declínio progressivo em suas capacidades adaptativas.

Respostas psicológicas associadas ao estresse

Juntamente as respostas fisiológicas (como o aumento do hormônio cortisol), existem respostas psicológicas que acompanham a experiência de estresse. A principal é do tipo emocional e costumamos vivenciá-la negativamente, pois se traduz em sensação de desconforto e/ou tensão subjetiva. Algumas das emoções associadas ao estresse são, por exemplo, medo e raiva. Pelo contrário, a alegria não costuma ser associada a estados de estresse. Em relação às respostas cognitivas associadas, geralmente as experimentamos como preocupações excessivas, bloqueios mentais, sensação de irrealidade e falta de controle. Em relação às respostas comportamentais, podem ocorrer determinados comportamentos, como o aumento do consumo de substâncias viciantes e o aparecimento de comportamentos hostis.

O caso do Burnout

O burnout é um tipo de stress crônico (com todas as características de distress acima referidas) que implica um desajuste entre o indivíduo e o seu contexto de trabalho. Nesse sentido, o burnout tem a particularidade de todos os estressores serem situações relacionadas ao trabalho (como ser vítima de mobbing ou violência no local de trabalho). A síndrome é caracterizada por um estado de esgotamento total, – físico, emocional e psicológico – que impacta negativamente a qualidade de vida do indivíduo, produzindo um declínio em suas habilidades e desempenho. Também podem ocorrer sintomas de despersonalização (desconexão com o próprio corpo e os sentimentos).

Artigo de: Agustina Repetto. Graduada em Psicologia, pela Universidade Nacional de Mar del Plata. Atualmente é pós-graduanda em Sexualidade Humana: sexologia clínica e educacional a partir da Perspectiva de Gênero e Direitos Humanos.

Referencia autoral (APA): Repetto, A.. (Janeiro 2023). Conceito de Estresse. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/estresse/. São Paulo, Brasil.

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