As emoções são reações que expressamos física ou psicologicamente de forma consciente ou não, quando nosso sistema psicomotor é estimulado, isto é, são as mudança que ocorre no corpo e na mente do indivíduo em resposta a um estímulo interno (por exemplo, pensar que fiz meu trabalho errado) ou externo (por exemplo, alguém me parabenizando por um trabalho bem feito). Essas mudanças se manifestam em múltiplas dimensões: subjetiva, cognitiva, fisiológica, expressiva e comportamental.
Definir conceitos como a emoção sob a ótica da psicologia não costuma ser uma tarefa fácil, pois existem diversas nuances que lhes conferem características particulares. Tais diferenças decorrem, em princípio, do referencial teórico a partir do qual o construto em questão é conceituado. Assim, a emoção é entendida como um processo complexo integrado por múltiplas dimensões e que para o seu estudo é necessário a contribuição de várias disciplinas. As diferenças em como as emoções são conceituadas residem justamente nas dimensões que são abordadas para entendê-las.
– Subjetivo: Refere-se a como cada pessoa vivencia a emoção dentro do polo prazer-desprazer. Voltando aos exemplos anteriores, podemos dizer que, embora eu ache legal quando alguém me parabeniza por um trabalho bem-feito, por outro lado, não gosto de pensar que fiz mal o meu trabalho.
– Cognitivo: Refere-se à avaliação que faz a pessoa sentir uma emoção e não outra. Aqui tem a ver com o sistema de crenças do indivíduo, sua visão de mundo e o processo avaliativo que ele realiza. Por exemplo, se eu achar que fazer um trabalho malfeito faz parte do processo de aprendizado e aproveito isso como uma oportunidade para melhorar, provavelmente não vou ficar triste ou com raiva.
– Fisiológico: Refere-se às alterações produzidas no sistema nervoso autônomo. Por exemplo, se estou com medo as minhas pupilas vão dilatar, minha frequência cardíaca e minha transpiração vão aumentar.
– Expressivo: Refere-se à comunicação verbal e não verbal. Por exemplo, se eu franzir a testa, a pessoa com quem estou discutindo provavelmente interpretará que estou com raiva.
– Comportamental: Refere-se ao fato de que as emoções convidam à ação. Por exemplo, é provável que, se eu sentir medo, procure um lugar onde me sentir seguro.
As emoções permitem adaptarmos ao meio, facilitando comportamentos adequados em função dos diferentes contextos, estabelecendo relações interpessoais e orientando as nossas ações através da aplicação de diferentes recursos. Elas influenciam a aprendizagem, a motivação, a atenção e a memória. Ao longo de nossa história evolutiva, as emoções funcionaram como um importante mecanismo de sobrevivência.
No entanto, é necessário esclarecer que, embora as emoções sejam adaptativas, suas consequências comportamentais nem sempre podem ser funcionais. Por isso, aprender a administrar as emoções de forma inteligente é fundamental.
O conceito foi cunhado pelos psicólogos Peter Salovey e John D. Mayer em 1990 para designar a capacidade do indivíduo de gerenciar intencionalmente as emoções de forma que elas nos ajudem a atingir nossos objetivos e melhorar nossos resultados. Os autores distinguem quatro capacidades básicas da inteligência emocional:
1. Perceber, valorizar e expressar com precisão nossas emoções e as dos outros.
2. Usar as emoções para facilitar o processo de tomada de decisão.
3. Compreender as emoções e o conhecimento que elas nos permitem.
4. Regulação emocional, ou seja, ter a capacidade de gerir as emoções de acordo com os nossos objetivos.
As teorias das emoções básicas focam do debate sobre se as emoções são determinadas pela natureza ou pela cultura. Uma investigação muito interessante a esse respeito foi realizada por Paul Ekman, que depois de mostrar a muitas pessoas de diferentes localizações geográficas e diferentes culturas fotos de diferentes expressões faciais e pedir-lhes que identificassem a emoção expressa em tais fotos, chegou à conclusão da existência de seis emoções primárias: alegria, tristeza, surpresa, nojo, raiva e medo.
Nesta perspectiva, as emoções têm uma origem biológica e foram moldadas ao longo da evolução da nossa espécie pelos mecanismos de seleção natural baseados no seu valor adaptativo.
O debate entre Zajonc e Lazarus centra-se principalmente na questão de saber se um estímulo, seja ele interno ou externo, tem capacidade por si só para gerar uma resposta emocional por parte do indivíduo ou se, pelo contrário, é necessário que entre os estímulos e a respostas emocional intervenha uma avaliação cognitiva da situação.
Para Zajonc, a resposta emocional a um estímulo pode ocorrer independentemente do processo ou avaliação cognitiva realizada pelo indivíduo ou com um nível muito elementar de processamento da informação. Um exemplo disso é o efeito da mera exposição, que mostra uma tendência dos indivíduos considerarem agradáveis e preferirem aqueles estímulos aos quais foram expostos anteriormente a novos estímulos, mesmo quando esses estímulos não foram registrados conscientemente.
Em contraste, para Lazarus não há resposta emocional que não envolva uma avaliação cognitiva do estímulo. A forma como o indivíduo interpreta o estímulo desencadeará uma ou outra resposta emocional.
A proposta que integra os dois modelos é a de LeDoux, que propõe uma teoria multinível em que coexistem duas rotas ou circuitos cerebrais no processamento das emoções. Por um lado, existe um circuito rápido que implica uma comunicação direta entre o tálamo e a amígdala, o que seria consistente com a posição de Zajonc e, por outro lado, ele postula a existência de um circuito mais lento onde o caminho entre o tálamo e a amígdala é mediado pelo córtex cerebral, o que estaria de acordo com a proposta de Lazarus. Ambos os mecanismos cerebrais coexistem e são ativados dependendo da complexidade dos estímulos e das necessidades do ambiente. Enquanto o direto nos permite responder rapidamente a situações ameaçadoras, o segundo nos permite uma avaliação mais profunda e nos permite tomar decisões de forma mais ponderada.
Artigo de: Agustina Repetto. Graduada em Psicologia, pela Universidade Nacional de Mar del Plata. Atualmente é pós-graduanda em Sexualidade Humana: sexologia clínica e educacional a partir da Perspectiva de Gênero e Direitos Humanos.
Referencia autoral (APA): Repetto, A.. (Julho 203). Conceito de Emoções. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/emocoes/. São Paulo, Brasil.