O analfabetismo é a condição do ser humano que não aprendeu a ler e escrever, em oposição à ideia de alfabetismo, pela qual se faz referência às habilidades de identificar, compreender, interpretar e criar enunciados a partir de materiais discursivos escritos. O termo vem do latim analfabetus, que designava aquelas pessoas que não conheciam o alfabeto, ou seja, as letras.
Nas últimas décadas, a noção de analfabetismo tornou-se mais complexa, dando origem a uma classificação mais específica: falamos de um tipo de analfabetismo absoluto ou primário para o já mencionado caso de indivíduos que nunca aprenderam a ler e escrever; o analfabetismo secundário, para o caso de pessoas que em algum momento da vida aprenderam a ler e escrever, mas depois perderam essas habilidades; e o analfabetismo funcional, que ocorre quando os indivíduos, mesmo sabendo ler e escrever frases simples, não desenvolveram suas habilidades de letramento a ponto de permitir que as utilizem em benefício de suas próprias vidas ou de sua comunidade.
O critério pelo qual a alfabetização é definida, como a capacidade do indivíduo de funcionar em situações da vida cotidiana que exigem a capacidade de ler ou escrever, é relativo às demandas de sua própria cultura ou grupo social.
O analfabetismo está diretamente relacionado às condições materiais de existência da vida humana. Nesse sentido, há uma correlação concreta entre pobreza e analfabetismo, pois as condições de pobreza implicam, em grande medida, na negação do acesso à instrução para amplos setores da sociedade que se encontram marginalizados. Por outro lado, os analfabetos são relegados a uma situação de absoluta precariedade da qual é muito difícil sair, pois suas oportunidades de inserção no mercado de trabalho são reduzidas. Dessa forma, o vínculo entre analfabetismo e pobreza torna-se fator de exclusão estrutural, que impede o bem-estar e o desenvolvimento de amplos setores sociais, atingindo um quinto da população mundial.
A alfabetização —ou seja, a ação de ensinar alguém a ler e escrever— é o primeiro passo para a integração dos indivíduos no sistema educacional e implica também a possibilidade de exibir habilidades e conhecimentos secundários e de maior complexidade. Por sua vez, a alfabetização, em contextos socioculturais organizados em torno da escrita, permite que as pessoas desenvolvam ainda mais seus direitos e liberdades e, consequentemente, uma melhoria no bem-estar da comunidade como um todo.
A partir da extensão e intensificação do uso das mídias digitais em diversas áreas da vida cotidiana em determinados contextos sociais, foi cunhado o conceito de analfabetismo digital ou tecnológico, para se referir ao desconhecimento das novas tecnologias que limita os indivíduos em sua interação com outros. Especificamente falando, o analfabetismo digital refere-se à incapacidade de gerenciar computadores, programas digitais ou softwares comumente usados, navegar na Internet, usar plataformas de mensagens virtuais, redes sociais ou ferramentas de informática em geral, o que pode implicar um efeito negativo para esses indivíduos tanto no desempenho profissional como no ambiente pessoal. A ampliação da noção de analfabetismo deve-se ao fato de que, atualmente, o domínio da comunicação foi profundamente transformado, de tal forma que apenas a alfabetização é insuficiente para acessar grande parte das informações relevantes que circulam nos ambientes sociais. Nesse sentido, o desconhecimento sobre o funcionamento das novas tecnologias se traduz em uma limitação das atividades das pessoas aos recursos tradicionais disponíveis.
Associada à noção de analfabetismo digital, desenvolveu-se também a ideia de uma “exclusão digital” que separa as pessoas que conseguem comunicar e aceder à informação por meios digitais, daquelas que estão privadas dessa possibilidade. O resultado dessa exclusão digital é um aprofundamento ainda maior das desigualdades sociais.
Artigo de: Lilén Gomez. Professora de Filosofia, com desempenho em ensino e pesquisa em áreas da Filosofia Contemporânea.
Referencia autoral (APA): Gomez, L.. (Outubro 2022). Conceito de Analfabetismo. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/analfabetismo/. São Paulo, Brasil.