Pelo grego politikós que, por sua vez, se refere à polis, ou seja, a cidade, sendo um conceito que envolve tudo relacionado ao exercício da cidadania nas esferas pública e social. A Política de Aristóteles (384 aC – 322 aC) é considerada o ponto de partida no pensamento da política como uma questão temática, sob a qual se compreendia a essência, as funções, a estrutura do Estado e as formas de governo, bem como, foram apresentadas descrições de tais temas sob certo conteúdo prescritivo em como deveria ser a ordem civil. A noção de “política”, então, se consolida como uma forma sistematizada de conhecer o conjunto de fatos que compõem o político, ou seja, o que se refere à comunidade, no contexto do Estado.
Esse conhecimento relacionado ao conjunto de atividades que ocorrem na polis implica, portanto, um conhecimento sobre a ordem —baseada na proibição ou permissão— do comportamento dos membros de um grupo social dentro de um determinado território, que se materializa na legislação por meio de normas e sua execução.
Por outro lado, não são ordenados apenas os comportamentos, mas também a distribuição dos recursos materiais que a sociedade possui, de modo que se estabeleça uma estreita ligação entre política e economia. Nesse sentido, a ação política está sempre vinculada, de uma forma ou de outra, ao exercício do poder, entendido como a capacidade de influenciar, condicionar e governar o comportamento alheio. Quando as ações que se realizam no âmbito da política envolvem outros órgãos políticos (por exemplo, no comércio, nos atos diplomáticos, na conquista de territórios ou na defesa militar), falamos então de uma política externa.
A caminho da modernidade, a política como conjunto de saberes em torno dos modos de governar foi adquirindo outros nomes como: ciência do Estado, ciência política, filosofia política. Em linhas gerais, a filosofia política inclui a argumentação, a partir de diferentes sistemas de pensamento, sobre problemas relacionados ao poder. Isso pode ser pensado como a teorização de um modelo ideal de Estado, como uma investigação sobre os fundamentos e legitimidade do poder, como uma investigação sobre os critérios e leis que fazem a política, ou como discurso crítico sobre a práxis política. O contratualismo de Hobbes, Locke e Rousseau, assim como os desenvolvimentos de Kant, Hegel, Weber ou Marx, são decisivos para a filosofia política moderna.
Uma das discussões mais relevantes do pensamento contemporâneo em torno da questão política tem sido a distinção entre os conceitos da política e do político. Por um lado, o político refere-se à dimensão instituinte da ordem social, vinculada aos momentos de conflito, dos quais as instituições emergem ou se transformam e que, portanto, não se limita aos processos que ocorrem dentro dos canais “oficiais” oferecidos pelas instituições. Por outro lado, a política se refere à administração do que está dado na esfera do que já está instituído.
O político, como consequência de sua indeterminação constitutiva, atinge espaços que ultrapassam a política, tais como o cultural, o social, a linguagem, as formas de vida e a sociabilidade. Ao imprimir uma ordem no político, a política constrange a pluralidade de alternativas de ordem possíveis a uma única, ou seja, a uma administração do que se dá entre outras, igualmente contingentes. Assim, a política não implica a anulação do político uma vez instituída certa ordem, mas inaugura uma tensão, o conflito social, que se incorpora como traço inerente à ordem social: nenhum processo social poderia, nesse sentido, estar isento de antagonismos.
Artigo de: Lilén Gomez. Professora de Filosofia, com desempenho em ensino e pesquisa em áreas da Filosofia Contemporânea.
Referencia autoral (APA): Gomez, L.. (Agosto 2022). Conceito de Política. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/politica/. São Paulo, Brasil.