Conceito de Comparação

Lilén Gomez | nov. 2022
Professora de Filosofia

A comparação é geralmente entendida como a ação de colocar pelo menos dois objetos em análise, a fim de examinar suas semelhanças e diferenças, de acordo com um ou mais critérios pré-estabelecidos. Por exemplo, se dois objetos são comparados em relação ao seu tamanho, pode-se dizer que um é maior que o outro ou ambos são iguais.

Em sentido amplo, a comparação consiste em uma atividade mental lógica, que realizamos constante e inconscientemente em uma multiplicidade de situações da vida cotidiana. Assim, comparamos as sensações que diferentes estímulos produzem em nós, contrastamos sabores, distinguimos o frio do calor, entre outras coisas; ou também, comparamos entre diferentes pessoas ou situações. A rigor, no campo científico, a comparação é considerada um método sistemático e organizado, que permite estabelecer relações entre determinados objetos de estudo e deles tirar conclusões.

O Método Comparativo

Nas Ciências Sociais, uma operação de comparação pode ser útil como método de pesquisa. A partir de questões gerais e principalmente abstratas, tais como aquelas que indagam sobre instituições, grupos sociais ou normas culturais, é possível classificar as variações empíricas de um determinado fenômeno a ser estudado.

Para realizar uma pesquisa do tipo comparativa, é necessário definir, em primeiro lugar, um período de tempo e um espaço limitado a ser analisado, pois, caso contrário, o processo se tornaria irrealizável por sua própria extensão. É necessário definir os casos que serão considerados para realizar a comparação (comparação sincrônica), ou os diferentes momentos correspondentes ao mesmo caso (comparação diacrônica). Uma vez delimitados os casos, no tempo e no espaço, devem ser delineadas as variáveis a serem consideradas para comparação. Para fazer isso, é útil organizar os casos de acordo com diferentes classes e depois extrair as variáveis mais gerais que eles compartilham. Estas funcionam como critérios comparativos ou hipóteses.

Uma vez estabelecidas as condições indicadas, é viável realizar o próprio procedimento comparativo. A comparação pode ter diferentes objetivos: extrair dela uma generalização, formular uma explicação para um determinado fenômeno com base no que aconteceu em outros casos, associar um processo a outros, etc. Deve-se notar que, dependendo de como tais objetivos são estabelecidos, a comparação terá menor ou maior sucesso. Isto é, quanto mais ambicioso for o objetivo, mais difícil será realizar a análise, por exemplo, quando uma comparação estatística é feita levando em consideração uma quantidade excessiva de dados.

Virtudes do método comparativo

A comparação em Ciências Sociais, como método de investigação, permite-nos encontrar uma chave de interpretação, compreensão e explicação de um processo. Por sua vez, a partir disso, podemos construir teorias explicativas empiricamente testáveis. Na comparação, ao confrontar uma coisa com outra, podemos observar e extrair regularidades (ou distinguir diferenças) ou verificar se uma generalização é verdadeira em diferentes casos.

Dificuldades e críticas ao método de análise comparativa

Uma das dificuldades do método comparativo é que, como em todos os casos é necessário fazer um recorte para comparar as diferentes situações, é inevitável omitir uma série de circunstâncias que poderiam influenciar tais situações como causas ou condições. O sociólogo alemão Max Weber (1864 – 1920), considerado um dos pais da Sociologia moderna, avaliou isso como um problema inescapável da análise comparativa, na medida em que situações históricas ocorrem em circunstâncias únicas e singulares, de tal forma que nenhuma lei que explica uma regularidade pode ser extraída da mera associação entre elas. Ao contrário de Weber, que propôs um estudo baseado em casos, o sociólogo francês Émile Durkheim (1858 – 1917) defendeu o estudo de variáveis como método de pesquisa social empírica, cujo objetivo consistia na formulação de amplas generalizações sobre as sociedades, de tal forma que pudessem ser verificadas experimentalmente por meio de estatísticas.

Artigo de: Lilén Gomez. Professora de Filosofia, com desempenho em ensino e pesquisa em áreas da Filosofia Contemporânea.

Referencia autoral (APA): Gomez, L.. (nov., 2022). Conceito de Comparação. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/comparacao/. São Paulo, Brasil.

  • Compartilhar
Copyright © 2010 - 2024. Editora Conceitos, pela Onmidia Comunicação LTDA, São Paulo, Brasil - Informação de Privacidade - Sobre