O sistema excretor é um conjunto complexo de órgãos responsável pela eliminação de resíduos tóxicos, em excesso ou sem utilidade para o corpo. Em todos os seres vivos, as atividades do metabolismo celular, necessárias à manutenção da vida, geram certos resíduos chamados de excretas. Estas substâncias, que não servem para nada no corpo, podem também causar problemas de saúde por serem prejudiciais caso se acumulem no organismo, devendo ser eliminados externamente.
Em seres unicelulares ou de tamanho muito pequeno, o transporte celular é suficiente para excreção dos resíduos, mas os animais maiores necessitam de sistemas de órgãos que trabalham em conjunto da filtragem a eliminação.
Os resíduos produzidos pelo metabolismo celular são despejados no meio intercelular, ou seja, no sangue ou na hemolinfa. O sangue, ao passar por todo o corpo, também coleta os resíduos que serão eliminados e os leva aos órgãos excretores.
O sistema excretor tem três funções principais: filtrar o sangue e remover resíduos metabólicos, regular o equilíbrio de água e sal e manter a homeostase do corpo.
O corpo produz continuamente resíduos como dióxido de carbono (CO2) e compostos nitrogenados, que são produtos do metabolismo das proteínas, como amônia, ácido úrico e ureia, que devem ser eliminados. O metabolismo das proteínas e dos ácidos nucléicos também gera outros resíduos que acabam circulando no sangue.
O fígado é um importante órgão que tem função desintoxicante: metaboliza e neutraliza substâncias potencialmente nocivas que são ingeridas com os alimentos, como toxinas, drogas como o álcool e medicamentos. Esse metabolismo hepático gera resíduos que também vão para o sangue.
Todos esses resíduos circulantes, se não forem eliminados, acumulam-se em níveis perigosos e causam intoxicações. É o que acontece, por exemplo, em pessoas com insuficiência renal, que necessitam de tratamento especial para purificar o sangue, chamado diálise. Esse trabalho normalmente seria feito pelos rins.
Através das trocas gasosas que ocorrem nas superfícies respiratórias do aparelho respiratório, o dióxido de carbono sai do corpo, enquanto o sistema excretor é responsável pela limpeza de todos os demais.
Como todos os sistemas orgânicos dos animais, os sistemas excretores diversificaram-se para se adaptarem a uma enorme variedade de formas de vida sendo que algumas estruturas básicas comuns a todos são reconhecíveis.
Em animais unicelulares ou constituídos por apenas algumas camadas de células, o transporte celular é suficiente para realizar funções de excreção. É o caso das esponjas marinhas, das medusas, dos pólipos de coral e das anémonas marinhas.
Em animais maiores, e também mais complexos, já existem órgãos especializados em excreção.
Em alguns tipos de vermes, como os platelmintos, e outros invertebrados existem tubos excretores, chamados nefrídios, que são como copos ou funis abertos na cavidade corporal e com saída para o exterior na outra extremidade. Os nefrídios filtram o fluido dessa cavidade e conduzem os resíduos para o exterior. Planárias e minhocas têm nefrídios.
O tubo excretor do tipo nefrídio é a estrutura básica de todos os sistemas excretores. Esses tubos possuem uma cápsula filtrante em uma extremidade e são abertos para tubos de coleta ou para fora na outra extremidade.
Os túbulos estão em contato próximo com o sangue ou a hemolinfa, seja porque o próprio tubo está imerso no líquido intersticial ou porque existem feixes de vasos sanguíneos associados aos túbulos, por onde o sangue circula constantemente.
Ao longo dos tubos, o filtrado original sofre trocas com o sangue circundante, o que modifica sua composição. Alguns elementos que foram originalmente filtrados retornam ao sangue e alguns resíduos, que escaparam da filtragem original, são retirados do sangue nessas trocas.
Outra coisa muito importante que acontece nessas trocas entre o sangue e os túbulos excretores é a homeostase dos sais de sódio e potássio no sangue. O sangue, ou hemolinfa, tem que ter uma certa salinidade, nem mais nem menos, porque o excesso ou a deficiência desses elementos pode ser prejudicial à saúde.
Durante a troca de sangue com os túbulos, o excesso de sais passa para o túbulo para ser excretado na urina. Essa função de homeostase dos sistemas excretores evita que as características do ambiente interno mudem abruptamente e evita que todo o excesso de sais seja excretado para fora, para que não causem danos ao organismo.
É por isso que a urina de todos os animais contém, além dos resíduos metabólicos, sais.
O equilíbrio hídrico é a última das funções importantes do sistema excretor.
Para eliminar todos os resíduos é necessário dissolvê-los em água, e excretar uma solução aquosa chamada urina. Mas, se o acesso à água é um problema, conservá-la é vital. O sistema excretor consegue isso removendo a água dessa solução. Quando o corpo precisa conservar água, a urina produzida fica mais concentrada. Nos mamíferos esse tipo de urina é mais escura e tem odor mais forte. Por outro lado, quando a água não é problema, a urina é transparente, pois contém muita água.
Embora a estrutura dos túbulos excretores seja básica e esteja presente em todos os animais, a forma como os túbulos estão organizados varia muito entre os diferentes tipos de animais.
Os platelmintos, anelídeos, moluscos e alguns artrópodes possuem o sistema nefrídio com poucas modificações.
Em insetos e aranhas, os túbulos são chamados de túbulos de Malpighi. Eles funcionam como túbulos excretores, filtrando a hemolinfa. A novidade aqui é que eles despejam o filtrado no intestino e, portanto, os insetos não urinam, mas eliminam os resíduos filtrados pelos túbulos através do ânus, misturados às fezes.
Os crustáceos, outro tipo de artrópode, possuem glândulas verdes ou glândulas antenais na base das antenas, que removem os resíduos pelos poros.
Nos vertebrados, os túbulos são chamados néfrons e são agrupados em órgãos chamados rins. Em cada rim existem cerca de 1 milhão de néfrons, o que aumenta muito a capacidade de filtragem em comparação com os nefrídios.
Nos mamíferos, o filtrado dos rins percorre os ureteres até chegar à bexiga urinária. A bexiga se expande como um saco elástico para permitir a entrada de mais urina. À medida que a bexiga se enche, começa o processo de micção, isto é, urinar.
Artigo de: David Alercia. Licenciado em Biologia pela Universidade Nacional de Córdoba, especializado em gestão ambiental, trabalha com turismo científico.
Referencia autoral (APA): Alercia, D.. (Setembro 2023). Conceito de Sistema Excretor. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/sistema-excretor/. São Paulo, Brasil.