Uma pessoa tóxica é alguém que provoca efeitos negativos profundos no outro, a partir de uma determinada relação ou contato social, e que pode ser imperceptível ou difícil de reconhecer, dependendo do nível de confiança estabelecido.
Estão presentes em todos os âmbitos: podem ser, por exemplo, amigos, familiares, colegas de trabalho, vizinhos ou contatos virtuais. Elas podem surgir em diferentes momentos e/ou espaços do cotidiano. Por isso, não é viável evitá-las ou fugir delas; esse esforço dificilmente será eficaz.
É preciso aprender a lidar com essas pessoas prejudiciais, estabelecendo dinâmicas interpessoais que não nos deixem sujeitos às lógicas insanas que as pessoas tóxicas costumam criar. Devemos estabelecer limites claros diante dessas pessoas destrutivas.
O segredo está em identificar e distinguir as pessoas “venenosas” e agir de acordo, protegendo-nos do mal-estar que elas acarretam. Além disso, é fundamental que tenhamos uma autoestima bem consolidada e saudável, para impedir que outros atinjam nosso amor-próprio. Se nos valorizamos, é mais difícil permitir que outros nos desvalorizem.
Um tipo de pessoa tóxica é aquela que coloca o outro no lugar de objeto, em vez de sujeito, e assim pretende poder decidir em seu nome e sobre sua vontade, chegando até a influenciar seus pensamentos, crenças e valores.
É claro que a pessoa possessiva pode, ou não, estar consciente desse modo de se relacionar. Na maioria das vezes, é um padrão de comportamento enraizado, que requer uma desconstrução por meio de análise terapêutica.
Se o outro é um objeto, eu decido por ele – ou ela – com base no que acredito ser melhor. Talvez minha intenção seja boa, talvez eu queira beneficiar o outro, mas, de qualquer forma, falta empatia, a capacidade de se colocar no lugar do outro e compreendê-lo em sua singularidade e diferença.
Em um relacionamento amoroso, por exemplo, a pessoa possessiva pode tentar proibir que seu parceiro(a) frequente determinados lugares ou acompanhe determinadas pessoas, exigir que retorne a um horário específico, que não use certa vestimenta, entre outros comportamentos.
Diante da pessoa possessiva, é necessário impor limites, deixando claro que somos sujeitos e não propriedades. Pelo simples fato de sermos pessoas, somos dignos de respeito e apenas nós estamos autorizados a decidir sobre nossa existência e como vivenciá-la.
Os desvalorizadores são habilidosos em detectar defeitos alheios – ou o que eles consideram como tais – e em apontá-los, às vezes de forma explícita, outras de modo sutil ou indireto. Assim, colocam o outro em uma posição inferior, de descarte, de resto.
A pessoa desvalorizadora é extremamente hostil à nossa autoestima, pois fere nosso amor-próprio.
O desvalorizador pode ser, por exemplo, uma pessoa muito insegura, que precisa desqualificar o outro para fortalecer sua própria imagem. Também pode ser uma estratégia de dominação ou domesticação do outro, com o objetivo de empobrecê-lo para, posteriormente, colocá-lo a serviço de seus próprios interesses.
Diante dos desvalorizadores, é fundamental impor um limite. Todos temos defeitos, mas isso não dá direito a ninguém de nos desvalorizar. Se expressamos nosso desagrado e a desvalorização persiste, é aconselhável distanciar-se dessas pessoas tóxicas, seja fisicamente ou psicologicamente, evitando o envolvimento.
Esse tipo de sujeito faz de si mesmo um todo e busca que assim o consideremos. Eles demandam, exigem. São as pessoas, por exemplo, que nos enchem o celular de mensagens, que planejam sua agenda em torno de nós, que se tornam ansiosas se não respondemos imediatamente, que querem nos abarcar, nos monopolizar, de forma exagerada.
Nessa situação, é importante sinalizar à pessoa que precisamos de certo espaço, seja físico, psicológico ou temporal. Porém, se a dinâmica sufocante persistir, o silêncio é a ferramenta chave. Às vezes, não responder a uma mensagem é a melhor resposta. Não se trata de uma batalha, mas de evitar ficar preso na mesma lógica da qual buscamos nos defender.
A violência física pode ser exercida por um indivíduo impulsivo ou sob efeito de substâncias problemáticas. Também pode ser praticada por sujeitos que repetem histórias de violência ou que consideram o dano físico como algo legítimo.
Embora as causas e modos de manifestação sejam múltiplos, todos eles deixam a vítima em uma posição vulnerável, anulando seus direitos e deixando-a exposta.
Muitas vezes, quem sofre violência física busca uma justificativa, seja por não querer enfrentar a situação em que se encontra ou por acreditar que merece tal tratamento, devido a um sentimento de culpa.
A primeira coisa que devemos fazer diante dessas pessoas tóxicas é impor limites verbais e, se esses não forem respeitados, limites de ordem judicial. Devemos ser muito claros ao comunicar ao agressor que ele não tem o direito de exercer violência física, que isso não é algo que permitimos ou validamos.
Por outro lado, também existe o abuso verbal, que, sem deixar marcas no corpo, pode nos ferir profundamente. As palavras são armas que podem nos fortalecer ou nos destruir, se assim permitirmos. E associado a esse abuso, podemos relacionar o maltrato psicológico, menos escandaloso e mais despercebido culturalmente, mas que também causa um grande impacto em nossa felicidade e saúde.
Essas pessoas estão sempre em alerta, buscando pistas que confirmem suas hipóteses. O mundo é, para elas, um lugar inseguro e hostil, do qual precisam se defender. Se acreditam, por exemplo, que falamos mal delas pelas costas, não pararão até encontrar algum elemento que possa remotamente confirmar essa ideia.
O paranoico pode interpretar mal nossas palavras ou ações, acreditar que buscamos seu mal-estar e, nessa tentativa de se proteger, pode acabar nos prejudicando. Ele nos coloca na posição de inimigo.
Não se trata de convencer o paranoico de que o mundo não está contra ele, mas de considerar essa forma particular de se relacionar e evitar cair na lógica de justificar constantemente nossas ações. Não devemos nos responsabilizar por essa desconfiança, que na maioria das vezes não tem a ver conosco, mas com questões psicológicas próprias da pessoa paranoica.
Artigo de: Angela Estevez. Graduada pela Universidade de Buenos Aires.
Referencia autoral (APA): Estevez, A.. (Agosto 2024). Conceito de Pessoas Tóxicas. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/pessoas-toxicas/. São Paulo, Brasil.