Conceito de Pânico

Agustina Repetto | Fevereiro 2024
Licenciada em Psicologia

O pânico é uma manifestação de medo intenso acompanhada por uma sensação avassaladora de perda de controle, desmaio ou morte iminente, que dá origem a sintomas como palpitações, sudorese, tremores, sensação de sufocamento, aperto no peito, desconforto abdominal, tontura, dormência, entre outros. Esses sintomas parecem aparecer de forma abrupta e inesperada durante um ataque de pânico, exigindo a presença de pelo menos quatro desses indicadores físicos e emocionais. Para considerar a existência de um transtorno de pânico, é crucial a recorrência inesperada dessas crises, bem como a persistência por pelo menos um mês da preocupação com a possibilidade de novos episódios, juntamente com mudanças significativas no comportamento do indivíduo para evitar o seu desencadeamento.

Segundo Barlow (1988), o primeiro episódio de pânico é percebido como uma disfunção do sistema de alerta diante de situações estressantes. A sensibilidade aos sintomas de ansiedade, aliada às crenças associadas sobre os mesmos e à sua interpretação no ambiente envolvente, desempenham um papel crucial neste fenômeno.

Consequências e expressões de pânico

Após um ataque de pânico, o indivíduo experimenta uma exaustão psicofísica significativa e, por vezes, um medo persistente de repetição da experiência (conhecido como “medo do medo”), alimentando uma mudança substancial no seu comportamento habitual.

A agorafobia pode se desenvolver associando sensações internas a interpretações negativas e evitando certos ambientes. Este fenômeno se manifesta no medo de lugares lotados, atividades físicas ou viagens, o que leva à adoção de comportamentos de segurança como o uso de objetos ou a busca constante por companhia.

Dados epidemiológicos do transtorno do pânico

As estatísticas revelam que aproximadamente uma em cada dez pessoas sofrerá um ataque de pânico durante a vida, enquanto entre 2% e 5% da população em geral sofre deste distúrbio. O início geralmente ocorre entre 25 e 30 anos de idade, sendo as mulheres três vezes mais propensas a serem afetadas.

Interpretar sensações físicas

Durante um ataque de pânico, as sensações físicas são interpretadas de forma distorcida. Por exemplo:

A) Palpitações ou taquicardia: Os pensamentos catastróficos que surgem diante desses sintomas geralmente incluem a ideia de “vou morrer” ou “estou tendo um ataque cardíaco”. Porém, em situações de perigo real ou imaginário, o coração acelera para enviar mais sangue às áreas necessárias para uma reação de alerta, preparando o corpo para lutar ou fugir.

B) Sensação de sufocamento ou falta de ar: Muitas vezes é interpretada como “vou sufocar” ou “não consigo respirar, estou me afogando”. No entanto, a experiência clínica indica que ninguém morreu por asfixia durante um ataque de pânico. Na verdade, a hiperventilação durante o pânico aumenta o oxigênio no sangue. A respiração é uma função automática e não voluntária; Isso ocorre mesmo sem estarmos cientes disso.

C) Tontura: A sensação de desmaio é comum durante um ataque de pânico, mas a realidade é que raramente alguém perde a consciência. A pressão arterial tende a aumentar em vez de diminuir durante esses episódios. Além disso, a tensão no pescoço resultante do medo dessas sensações diminui o fluxo sanguíneo para a cabeça, causando tontura.

D) Aperto ou dor no peito: A percepção de “ter um ataque cardíaco” é causada pela tensão nos músculos intercostais devido à hiperventilação ou à manutenção dos pulmões excessivamente cheios de ar. Contraturas no pescoço ou nas costas podem irradiar dor para esta área.

E) Formigamento nas extremidades: Sensações de fraqueza, dormência ou cólicas geralmente estão relacionadas ao aumento do fluxo sanguíneo em áreas específicas do corpo, deixando outras áreas com menor irrigação. Esta resposta fisiológica, no caso de uma lesão real, reduziria o risco de hemorragia.

F) Náuseas ou desconforto abdominal: Este desconforto responde aos efeitos normais da ansiedade no sistema digestivo; À medida que a ansiedade diminui, esses desconfortos melhoram.

G) Tremores, picadas ou parestesias: Essas sensações são causadas por tensão muscular excessiva.

H) Percepção alterada: A sensação de “enlouquecer” ou perder o controle é comum durante os ataques de pânico. No entanto, isso difere de uma perda prolongada de contato com a realidade. Por outro lado, a hiperventilação reduz o oxigênio no cérebro, dilatando as pupilas e melhorando a visão periférica para detectar possíveis ameaças.

Ao interpretar esses sintomas de uma perspectiva mais objetiva, pode-se entender que o corpo está respondendo a uma percepção errônea de perigo, desencadeando reações fisiológicas que, embora incômodas, não representam um risco iminente. Abordagens terapêuticas a partir do Cognitivo Comportamental

O tratamento cognitivo-comportamental concentra-se em desafiar essas interpretações distorcidas e comportamentos de evasão. A revisão de crenças catastróficas e a exposição gradual às sensações físicas ligadas ao pânico são aspectos cruciais para restabelecer a tolerância às sensações físicas e superar o transtorno.

Artigo de: Agustina Repetto. Graduada em Psicologia, pela Universidade Nacional de Mar del Plata. Atualmente é pós-graduanda em Sexualidade Humana: sexologia clínica e educacional a partir da Perspectiva de Gênero e Direitos Humanos.

Referencia autoral (APA): Repetto, A.. (Fevereiro 2024). Conceito de Pânico. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/panico/. São Paulo, Brasil.

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