Conceito de Moçárabes

No início do século VIII, os árabes procedentes do Califado Omíada ocupavam grande parte do território da Península Ibérica, até então dominada pelos reinos visigodos. O domínio muçulmano se manteve até 1492. Ao longo deste período foi criada uma nova ordem social. Nessa época, havia muçulmanos, cristãos e judeus, mas também outros grupos, como os muladis e os moçárabes.

A população muladi era formada por cristãos originários, mas que com o tempo se converteram ao islamismo, já os moçárabes foram os cristãos que mantiveram sua fé nos territórios muçulmanos.

Os cristãos de Al-Andalus

Na Península Ibérica havia territórios muçulmanos e cristãos. Nestes últimos, parte da população falava a língua árabe e se vestia com roupas árabes, mas não praticavam a religião do Islã.

Basicamente suas crenças eram cristãs, mas tinham uma aparência muçulmana. Estas pessoas eram conhecidas como moçárabes. Tratava-se de cristãos arabizados que procediam de Al-Andalus, um vasto território da península conquistado pelos muçulmanos.

Os moçárabes descendiam dos hispânicos que não fugiram para as terras do norte peninsular e que não resistiram às invasões muçulmanas.

Este coletivo aceitou as imposições de uma nova ordem social e política, mas continuou com suas crenças religiosas.

No Alcorão, afirma-se que a religião não deve ser imposta, por este motivo, os cristãos e os judeus foram respeitados. Assim, podiam praticar sua religião desde que não fizessem nenhum tipo de proselitismo. Pode-se dizer que havia uma espécie de pacto social: os não muçulmanos tinham a liberdade de culto e podiam organizar-se legalmente, mas tinham que respeitar a autoridade civil e militar muçulmana.

Embora os não muçulmanos tivessem certa liberdade, deviam pagar um imposto especial: a yizia (este imposto era pago pelo “povo do Livro”, ou seja, aqueles que não praticavam a religião do Islã).

Uma situação paradoxal

Os moçárabes da Espanha medieval formavam um coletivo curioso: eram cristãos, mas ao mesmo tempo adotaram alguns costumes próprios do Islã (não comiam carne de porco, praticavam a circuncisão e falavam árabe). Esta comunidade foi criando uma própria cultura, especialmente em cidades como Córdoba, Sevilha, Granada e Toledo.

A cultura moçárabe deixou um importante legado para a arquitetura, a música e a literatura.

Imagem Fotolia. joserpizarro

Referencia autoral (APA): Editora Conceitos.com (nov., 2018). Conceito de Moçárabes. Em https://conceitos.com/mocarabes/. São Paulo, Brasil.

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