Grooming é um tipo de ciber-violência que se caracteriza pela ação intencional de um adulto de contatar um menor por qualquer meio tecnológico com o objetivo de ameaçar e atacar sua integridade sexual.
Para a Dra. Em psicologia Fernández Rodicio (2011), o grooming é um ato preparatório para outro, por meio do qual, numa abordagem progressiva mediada por aparatos tecnológicos, o agressor busca criar uma ligação emocional com a vítima, gerando nela sentimentos de empatia, confiança e afeto que criam condições favoráveis para, posteriormente, ter a chance de materializar um ato de abuso sexual fora dos espaços virtuais.
O Grooming é um crime tipificado nos códigos penais de muitos países e que, em hipótese alguma, o menor é culpado pela situação em que fica envolvido. Este fenômeno representa um problema complexo e multidimensional que para sua abordagem integral requer a interseção entre profissionais das áreas jurídica, psicológica, informática, educacional, entre outras.
O grooming implica um processo que os agressores desenvolvem ao longo do tempo em diferentes fases. Conforme a bibliografia disponível, pode-se estabelecer o seguinte:
Uma primeira fase e a preparação onde o adulto contacta o menor através de uma rede social, plataforma virtual e/ou jogo online. Aqui o agressor começa gerando um vínculo amistoso e afetivo com o menor no qual pode até se passar por outro menor. Essa fase predispõe a vítima a sentir confiança no agressor, que finge compartilhar interesses e gostos comuns.
A segunda fase é a da afetação. Neste momento, o agressor procura conhecer mais a fundo a sua vítima e obter informações íntimas através do vínculo previamente estabelecido. Ele perguntará principalmente sobre seus laços afetivos familiares, sobre suas amizades e outras relações sociais para se tornar seu confidente.
Segue-se então a fase da sedução, na qual o agressor utiliza todas as informações previamente obtidas para seduzir e manipular o menor. Aqui podem aparecer conversas de cunho sexual, onde o agressor tentará trocar fotos e/ou vídeos.
A última fase é o assédio. O adulto, que já tem em seu poder material digital para extorquir a sua vítima (principalmente fotos e vídeos íntimos) e informações sobre a sua situação familiar e as suas preocupações, manipula, chantageia e/ou ameaça o menor para estabelecer uma relação sexual, já seja física ou virtual.
Tendo em vista que a prevenção é a melhor intervenção para evitar casos de grooming e que as vítimas da ação são crianças e adolescentes, as ferramentas fornecidas pela Educação Sexual Integral são essenciais. Por meio dela, se ensina e se aprende a tomar decisões racionais e deliberadas sobre o próprio corpo, sexualidade e saúde, promovendo a construção de relacionamentos saudáveis e respeitosos consigo mesmo e com os outros.
Além disso, é necessário instruir e dar sugestões para navegar na Internet de forma segura e responsável, enfatizando a importância de mecanismos de autenticação de identidade, a proteção de dados pessoais e as possíveis consequências indesejadas da divulgação de materiais que comprometam a privacidade.
Embora vários autores apontem algumas alterações comportamentais e psicológicas comuns em adolescentes vítimas de grooming, é importante esclarecer que muitas dessas alterações também podem ocorrer por outros problemas e em função das características intrínsecas à fase vital da adolescência portanto, consultar profissionais da área é de extrema importância diante da menor suspeita. Além disso, nem todos os adolescentes passam por uma situação de violência da mesma forma, como nem todas as pessoas passam pelo ciclo de vida da adolescência da mesma forma.
Esclarecido isso, vamos citar algumas alterações que Cañeque (2014) relata: retraimento e conflitos nas relações sociais, dificuldade em manter conversas, alterações na linguagem corporal como falta de contato visual e rejeição ao contato, alterações de humor sem motivo aparente, apatia, explosões de raiva, desmotivação geral. Por fim, vale ressaltar a presença de possíveis sintomas psicossomáticos.
Imagem: Fotolia. helenos
Artigo de: Agustina Repetto. Graduada em Psicologia, pela Universidade Nacional de Mar del Plata. Atualmente é pós-graduanda em Sexualidade Humana: sexologia clínica e educacional a partir da Perspectiva de Gênero e Direitos Humanos.
Referencia autoral (APA): Repetto, A.. (Fevereiro 2023). Conceito de Grooming. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/grooming/. São Paulo, Brasil.