Conceito de Estímulo

Marcoantonio Villanueva Bustamante | Fevereiro 2023
Doutorado em Psicologia

Denomina-se estímulo a toda energia, extrínseca ou intrínseca, que produz a ativação e posterior resposta de um órgão sensorial. Usamos o conceito de ‘estímulo’ para nomear todos aqueles elementos que geralmente vêm de fora e que produzem uma resposta específica no indivíduo, assim, um estímulo pode causar uma resposta comportamental (por exemplo, ver alguém vindo em nossa direção com uma arma leva-nos a fugir), uma resposta fisiológica (começar a salivar depois de sentir o cheiro uma das nossas sobremesas favoritas), ou mesmo uma resposta emocional (sentir saudades ao ver as fotos dos nossos avós).

O consenso geral define um estímulo como um sinal que faz com que um órgão sensorial – os olhos, a pele, o nariz, o ouvido ou a língua – seja ativado para dar uma resposta adequada a ele. Portanto, é necessário ressaltar que essas respostas são contextualizadas, ou seja, receber, por exemplo, estimulação elétrica em um ambiente controlado como um hospital não é o mesmo que receber o mesmo tipo de estímulo, em um ambiente não controlado como durante o reparo de uma instalação elétrica em uma obra.

O exemplo previamente estabelecido, além de abordar a contextualização dos estímulos, também permite apontar que eles podem variar em seu tipo e intensidade. Assim, uma categorização dos tipos de estímulos pode ser:

Sensitivos: visual, auditivo, olfativo e tátil
Motores: inclui habilidades motoras finas e grossas
Cognitivos: influenciam diretamente os elementos do sistema nervoso central (pensamento, linguagem, raciocínio lógico ou matemático).

Cada um desses estímulos pode ativar órgãos sensoriais específicos. Um biscoito recém-assado pode ser considerado um estímulo visual, provocando a ativação de organismos relacionados à visão (os olhos e os nervos cranianos III, IV e VI), mas também possui características para ser considerado um estímulo olfativo, já que o cheiro destes ativaria as células sensoriais do nariz e o primeiro par de nervo craniano.

A intensidade também exerce um papel importante na percepção dos estímulos, pois sua força determinara se este estímulo será captado ou não pelo organismo. O estudo da intensidade dos estímulos vem sendo abordado quase desde o início da psicologia como disciplina, sendo mais específico, desde o campo da psicofísica e através dos trabalhos de Gustav T. É importante recordar que a premissa básica da psicofísica é determinar a relação entre a natureza física dos estímulos e as respostas sensoriais que eles provocam no organismo (Lei de Weber-Fechner)

Limiares

Para saber a força que um estímulo precisa para ser percebido pelos órgãos sensoriais, deve-se recorrer ao conceito de limiar absoluto, que é definido como a intensidade mínima que um estímulo requer para ser detectado pelo organismo. Também pode ser chamado de limiar absoluto mínimo. Em contraste, o limiar absoluto máximo é a intensidade máxima que um organismo pode suportar. Por sua vez, o limiar diferencial é a capacidade do organismo de discriminar um estímulo, sendo também definido como a intensidade que permite que o aumento ou diminuição de um estímulo seja percebido pelo organismo.

Sensação e percepção

Apesar do conceito de estímulo ser bem simples, existem alguns elementos que ajudam na compreensão integral de como esse fenômeno ocorre. Estes são: a sensação e a percepção.

A sensação pode ser considerada como a primeira etapa, pois é a entrada do estímulo externo no organismo. A partir do estímulo ao qual o organismo é exposto, uma série de estruturas orgânicas especializadas na recepção destes serão ativadas, pelo que é possível inferir que a sensação é um elemento central do limiar absoluto. Se analisarmos esta resposta em um organismo danificado veremos que ele será menos sensível a um estímulo (por exemplo, um olho com miopia ou astigmatismo).

Em relação a percepção, esta é definida como a organização e interpretação dos estímulos que entraram no organismo. Uma vez que um órgão “recebe” a informação do exterior, ela é processada no sistema nervoso central para determinar qual influência terá sobre o indivíduo. Nesse sentido, embora o estudo da percepção tenha sido abordado em maior grau a partir do paradigma da neurocognição, fazendo com que os elementos do sistema nervoso central sejam apontados como os principais responsáveis pela percepção, também é necessário reconhecer a influência que eles têm outros elementos sobre a percepção, como motivação, valores, expectativas, estilo cognitivo, cultura e personalidade.

Para concluir e a título de síntese, o estímulo são todos aqueles elementos que provocam a alteração do nosso organismo, a sensação é a ativação do nossos órgãos sensoriais e por fim, a percepção é a interpretação que fazemos daquilo que sentimos.

Artigo de: Marcoantonio Villanueva Bustamante. Licenciado em Psicologia, formado pela Faculdade de Psicologia da UNAM, México. Doutor em Psicologia pela UFRO, Chile. Investigador independente que faz parte de várias equipes de pesquisa no México e no Chile.

Referencia autoral (APA): Villanueva Bustamante, M.. (Fevereiro 2023). Conceito de Estímulo. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/estimulo/. São Paulo, Brasil.

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