A criatividade pode ser definida como uma faculdade cognitiva complexa que envolve a geração de ideias, conceitos e soluções inovadoras e relevantes. É um processo mental multifacetado que amalgama conhecimentos, experiências, percepções e habilidades de maneira única. É importante elucidar que a criatividade não se restringe apenas ao campo artístico, podendo manifestar-se em vários domínios, desde a ciência e tecnologia à resolução de problemas do cotidiano.
Um mito interessante circula no imaginário popular: a ideia de que tanto a criatividade quanto a inspiração surgem de forma espontânea e mágica. No entanto, a experiência de artistas e criativos desafia essa concepção, pois por trás dessas qualidades está uma realidade de trabalho árduo e profundo. Tanto a inspiração quanto a criatividade surgem no próprio processo de imersão em uma ideia e mesmo quando a centelha inicial não está presente. Isso significa que não é necessário esperar que a inspiração chegue para iniciar o processo criativo, pois é o contrário: primeiro é preciso colocar mãos à obra para que depois a inspiração e a criatividade se desenvolvam.
Este é um convite para explorar, experimentar e desafiar nossos próprios limites. Cada tentativa, mesmo que pareça sem brilho no início, é uma oportunidade de aprender. Através da prática constante, adquirimos conhecimentos e competências que alimentam o nosso processo criativo, permitindo-nos aperfeiçoar as nossas técnicas e descobrir novas formas de expressão.
Quando embarcamos em uma tarefa criativa, nosso cérebro se torna um caldeirão de atividade. À medida que avançamos, conexões são feitas entre várias ideias e conceitos armazenados em nossas mentes, gerando associações inesperadas e estimulando nossa capacidade de pensar fora da caixa. Essa sinergia mental e emocional nos permite explorar novas abordagens e descobrir soluções criativas que talvez não tivéssemos alcançado de outra forma.
À medida que ficamos imersos na tarefa, nosso estado mental muda para o que alguns psicólogos chamam de ‘fluxo’. Nesse estado de imersão total, nossa atenção está intensamente focada e o tempo parece passar. No fluxo, nossos sentidos aguçados e nossas habilidades estão perfeitamente equilibrados. É nesse espaço mental que a ‘mágica’ acontece e a inspiração aparece.
Portanto, é fundamental ter em mente que a inspiração e a criatividade não são apenas estados passivos que esperamos que cheguem por mágica, elas são qualidades que se desenvolvem com a nossa dedicação e esforço. Ao tomar a decisão de começar, mesmo quando a inspiração parece adormecida, estamos abrindo a porta para a criatividade emergente. Disciplina e perseverança são as chaves que abrem a caixa de Pandora da nossa imaginação.
Concluindo, ao trabalhar em uma ideia sem esperar para se sentir totalmente inspirado, desencadeamos uma série de processos mentais e emocionais que impulsionam nossa criatividade para novos horizontes. O próprio processo de envolvimento no trabalho criativo nos dá a oportunidade de explorar, experimentar e descobrir soluções inovadoras. Por meio da prática constante e da imersão na tarefa, fazemos conexões mentais, entramos no estado de fluxo e desbloqueamos nossa capacidade de pensar de maneira original.
À medida que nos aprofundamos no trabalho criativo, abraçamos a ideia de que a inspiração não é um dom divino reservado apenas para alguns poucos. É o resultado tangível da nossa dedicação e perseverança. À medida que mergulhamos na obra, as ideias começam a fluir, as soluções criativas são reveladas e ficamos maravilhados com a beleza e originalidade que somos capazes de criar.
A verdadeira inspiração se encontra no ato de trabalhar, não espere ela chegar por mágica.
A experiência é a ponte para o desconhecido que nos convida a tentar diferentes combinações, técnicas e estilos. Ao estarmos dispostos a explorar novas ideias, abordagens e perspectivas, expandimos nossos limites criativos e podemos descobrir novas formas de expressão, conexões inesperadas e soluções inovadoras que talvez não teríamos encontrado de outra forma.
Os riscos assumidos são um companheiro inseparável da experiência. Envolve ir além do caminho comum, desafiar as convenções estabelecidas e questionar o status quo. Portanto, correr riscos nos permite quebrar barreiras criativas e descobrir ideias revolucionárias.
Sempre existe a possibilidade de que nossos riscos não compensem, mas devemos vê-los como oportunidades valiosas.
Artigo de: Agustina Repetto. Graduada em Psicologia, pela Universidade Nacional de Mar del Plata. Atualmente é pós-graduanda em Sexualidade Humana: sexologia clínica e educacional a partir da Perspectiva de Gênero e Direitos Humanos.
Referencia autoral (APA): Repetto, A.. (Junho 2023). Conceito de Criatividade. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/criatividade/. São Paulo, Brasil.