1. Pessoas agrupadas segundo uma classificação baseada em perfis socioeconômicos que se aplicam ao indivíduo ou ao grupo familiar (renda, nível de escolaridade, trabalho).
2- Forma de ordem e diferenciação de poder entre os membros da sociedade, geralmente identificados por classe baixa, média e alta, permitindo observar problemas e ativar políticas de ajuda, estabilidade, distribuição de riqueza, etc.
3. Instrumento de discriminação ou controle hierárquico, da classe mais abastada em direção ao setor de menores recursos da sociedade.
Embora a principal referência de uma teorização em torno do conceito de classe social tenha sido o filósofo Karl Marx (1818-1883), é possível traçar desde a Antiguidade a ideia de uma divisão das sociedades entre cidadãos pobres e ricos. Já na Política, Aristóteles (384 aC – 322 aC) apresenta uma diferenciação dentro da sociedade entre escravos e homens livres, cujo correlato é a divisão entre ricos e pobres. Por sua vez, essa divisão está relacionada às formas de governo, uma vez que certas classes sociais têm acesso ao poder político, enquanto outras são dominadas. Também, é possível traçar noções próximas às de classe social, por exemplo, nos textos de São Tomás de Aquino (1225-1274) em torno da hierarquia feudal na Alta Idade Média.
A partir da Revolução Francesa, a representação de uma separação da sociedade entre três ordens bem distintas tornou-se mais presente na consciência social da época, o que pode ser visto, por exemplo, na obra de François Babeuf (1760-1797), em torno da luta de classes como fator decisivo para a luta política. Outros autores da época propuseram claramente uma análise da sociedade sob uma divisão de classes, como Saint-Simon, Proudhon ou Adam Smith.
A particularidade dos trabalhos de Marx em torno da noção de classe social consiste em que sua abordagem é científica, concentrando-se na explicação da estrutura de classes, embora não receba um tratamento sistemático, como outros conceitos em sua obra. O conceito de classe social é mencionado em vários momentos na obra de Marx, mas seu trabalho mais específico é visto em ‘O capital’, que explica o processo de produção e circulação do capital.
O estudo analítico das classes sociais apresenta-se como fundamental para a compreensão do desenvolvimento da sociedade concreta em sua forma empírica, ou seja, do desenvolvimento das tendências que o modo de produção capitalista desdobra. Nesse sentido, o conceito de classe social não é resultado de uma observação descritiva do desenvolvimento social, mas um produto teórico da pesquisa sobre o próprio modo de produção. Assim, são propostos diferentes níveis de análise, com diferentes graus de abstração.
O nível mais abstrato em que o conceito se situa é o da análise do modo de produção, como resultado da investigação das forças produtivas (isto é, a organização da força de trabalho e dos meios de produção) e as relações de produção (os vínculos que os homens estabelecem entre si no contexto da produção). Essas relações, ao longo da história, são configuradas de acordo com determinadas formas. Quando essas relações são constituídas a partir da propriedade privada, o modo como elas se configuram é contraditória, pois estabelece-se uma dinâmica entre grupos cujos interesses são antagônicos. As classes sociais são, então, a expressão dessas relações antagônicas, que assumem a forma de uma luta de classes.
Na medida em que se especificam as condições históricas e geográficas de uma determinada sociedade, a análise das classes sociais torna-se mais concreta, até que se defina a estrutura de tal sociedade em sua situação particular. A análise das ciências sociais é a que opera nesse nível, ao estabelecer as mediações teóricas entre o universal e o concreto.
A classe social, basicamente, consiste em um grupo de indivíduos que fazem parte de uma sociedade, que assume um interesse antagônico ao de outro grupo social, de acordo com o papel que ambos desempenham no processo de produção, em relação à propriedade dos meios de produção. Ou seja, aqueles que possuem os meios de produção são os que compõem a classe dominante, enquanto aqueles que possuem apenas sua própria força de trabalho compõem a classe trabalhadora.
Ambas as classes entram em luta, pois a lógica de maximização do lucro que rege o sistema capitalista leva necessariamente à exploração das classes trabalhadoras, em contrapartida à acumulação de capital pela classe proprietária. No contexto do sistema de produção capitalista, surge assim a luta de classes entre a burguesia e a classe trabalhadora.
Artigo de: Lilén Gomez. Professora de Filosofia, com desempenho em ensino e pesquisa em áreas da Filosofia Contemporânea.
Referencia autoral (APA): Gomez, L.. (Março 2023). Conceito de Classe Social. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/classe-social/. São Paulo, Brasil.