O conceito de biodiversidade engloba toda a “riqueza” do mundo natural, onde podem ser identificados níveis ou dimensões, por exemplo, a diversidade de espécies, constituídas por animais, plantas e outros organismos vivos, a diversidade genética ou a diversidade de ecossistemas.
Quando ouvimos a palavra biodiversidade ou diversidade biológica pensamos quase automaticamente na multiplicidade de formas de vida que existem em nosso mundo: os diferentes tipos de animais e plantas que vimos ao longo de nossas vidas. Essa ideia do senso comum não está muito distante do conceito científico, que amplia o horizonte para incluir não apenas todas as espécies que habitam a Terra, mas também a diversidade de sistemas que as relações entre os seres vivos podem criar (esses sistemas são ecossistemas).
Existem muitos conceitos de espécie, mas o mais intuitivo é no nível morfológico, segundo o qual uma espécie é um tipo diferente e identificável de ser vivo. Por diferentes, entendemos dois organismos que podem ser facilmente identificados como diferentes, sem instrumentos ou técnicas sofisticadas, apenas por observação. Por sua vez, um grupo de seres que compartilham características muito semelhantes são da mesma espécie. A dimensão “diversidade de espécies” refere-se, então, ao número de espécies existentes na Terra; humanos como mais um.
Intimamente ligada à diversidade de espécies está a dimensão da diversidade genética. Mas primeiro, precisamos falar sobre o DNA: o DNA contém a informação para criar um ser vivo (mas ele se decompõe após a morte, de modo que a informação não pode ser usada para clonar dinossauros ou espécies pré-históricas com a tecnologia atual). Existem diferenças mínimas entre os membros de uma espécie, vemos isso claramente em nós: com variações como cor dos olhos, altura, grupos sanguíneos; entre muitos outros, inclusive aqueles que não vemos e que têm a ver com o funcionamento do nosso corpo, com a nossa fisiologia. Essa mesma diversidade também existe dentro de cada espécie. Todas essas pequenas variações estão incorporadas no DNA da espécie: essa é a diversidade genética dentro da espécie. Essa dimensão da biodiversidade mede, então, a variedade que existe dentro de cada espécie.
Já falámos de uma dimensão que olha para a variedade dentro de cada espécie (diversidade genética), outra dimensão que foca a variedade de espécies, e ficamos com a dimensão que analisa a diversidade das comunidades de espécies (ecossistemas).
Que atualmente estamos em uma crise de biodiversidade não é novidade, mas desta vez falaremos sobre os benefícios que a biodiversidade traz, o valor que ela tem. A biodiversidade em si tem um grande valor, além de nós. Um ecossistema “resiste” melhor às mudanças e pode se recuperar mais rapidamente de eventos catastróficos (como um incêndio) quanto mais diversidade de espécies ele tiver.
Mas há benefícios perceptíveis e mensuráveis da biodiversidade para todos nós e para nossas sociedades. Esses benefícios são conhecidos como serviços ecossistêmicos ou bens ecossistêmicos e existem para todos. Eles são chamados de “serviços” porque são utilidades das quais a sociedade pode se beneficiar.
A diversidade genética e de espécies nos fornece, acima de tudo, alimentos e matérias-primas. No primeiro caso é óbvio: comemos outras espécies (animais ou vegetais); se eles não existissem, bem, morreríamos de fome. Mesmo dentro de uma espécie com valor alimentício, como o trigo, a diversidade genética é extremamente importante para sustentar a agricultura moderna. Os polinizadores (não apenas as abelhas) garantem que as plantas possam se reproduzir, espécies de pragas e espécies predadoras dessas pragas desempenham um papel enorme na agricultura, que é, em última análise, a base do nosso sistema alimentar.
O segundo caso, a contribuição das matérias-primas, pode ser visto claramente na indústria farmacêutica, na qual grande parte dos medicamentos provém de plantas ou animais; ou em indústrias como a têxtil, que utilizam fibras de algodão (de que seria feita a maior parte das nossas roupas se não existisse a planta do algodão? Estes são apenas alguns exemplos.
A diversidade dos ecossistemas oferece muitos benefícios para a sociedade, aqui apresentamos uma breve lista (que não está completa) de alguns deles:
• Recreativo: pense, por exemplo, em sair para a natureza, atividades em ambientes naturais como montanhismo ou caminhadas; a indústria do turismo até ganha muito dinheiro promovendo “destinos naturais”.
• Regulação do clima e poluição: uma área natural saudável (ou seja, com sua biodiversidade aceitavelmente preservada) melhora a qualidade do meio ambiente ao absorver poluentes do ar, da água e do solo. Para conseguir esse efeito, é claro que as árvores ajudam, mas uma árvore isolada (como costuma acontecer nas cidades) não poderá fazer muito. Uma área natural perto da cidade funciona muito melhor. A vegetação também tem efeito de amortecimento do clima, principalmente do calor intenso, proporcionando sombra, mas também resfriando o ambiente (por isso costuma ser mais quente no centro das cidades, pois geralmente não possuem vegetação suficiente) .
Estes são apenas alguns exemplos de valores de biodiversidade, existem muitos outros. Nos últimos tempos ouvimos com muita frequência que estamos numa crise de biodiversidade, ou seja, nem mais nem menos que a perda acelerada da diversidade biológica, em todas as suas dimensões.
Artigo de: David Alercia. Licenciado em Biologia pela Universidade Nacional de Córdoba, especializado em gestão ambiental, trabalha com turismo científico.
Referencia autoral (APA): Alercia, D.. (Janeiro 2023). Conceito de Biodiversidade. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/biodiversidade/. São Paulo, Brasil.