Todas as atividades humanas, desde ações cotidianas até os esportes mais extremos, possuem riscos associados. Um risco é a probabilidade de que ocorra um evento que possa afetar negativamente a pessoa que realiza a ação, outras pessoas ou o ambiente.
O risco não significa que o acidente vai necessariamente se materializar, mas representa uma probabilidade, ou seja, ele pode ou não ocorrer. O risco está relacionado à existência de um perigo ou ameaça, mas a ameaça, por si só, não representa um risco.
Por exemplo, o frio extremo é uma condição perigosa para as pessoas e pode até ser fatal. No entanto, para que esse perigo cause danos, as pessoas devem estar expostas a ele; ou seja, no caso do nosso exemplo, elas devem estar em um ambiente muito frio. Inclusive, poderia ocorrer de uma pessoa estar em um ambiente de frio intenso, mas muito bem agasalhada, então o frio intenso não a afetaria. O risco, ou seja, a probabilidade de o frio intenso causar danos às pessoas, é nulo se elas não se expuserem ao frio (não há exposição à ameaça) e é baixo se estiverem expostas, mas com as devidas medidas de proteção (agasalho, neste caso).
O cálculo do risco é chamado de avaliação de riscos, e é parte da gestão de riscos, um processo de planejamento que visa reduzir os riscos ao máximo, ou, se isso não for possível, minimizar a gravidade dos efeitos adversos.
É uma ferramenta muito útil para tomar decisões com um conhecimento mais completo e científico dos riscos a que estamos expostos em uma atividade. Com essa informação, podemos decidir se assumimos esses riscos e realizamos a atividade ou não.
Com base no que dissemos, sabemos que, para que exista risco, devem estar presentes pelo menos dois elementos: um perigo e um grau de vulnerabilidade a esse perigo.
A definição formal de risco é R = P x V, onde R é risco, P é a probabilidade de que ocorra o evento perigoso e V é a vulnerabilidade, que mede o quanto as pessoas estão expostas a esse perigo. Em algumas definições, V é substituído por D, que significa dano, e mede o quanto o perigo pode causar dano se não forem tomadas medidas preventivas adequadas.
Falar de dano ou de vulnerabilidade é aceitável de qualquer forma, pois quanto maior a vulnerabilidade, maior será o dano. A escolha entre dano ou vulnerabilidade depende do critério de quem faz a avaliação de riscos.
O perigo ou ameaça (são sinônimos) é qualquer fonte de dano potencial às pessoas.
O perigo pode ser físico (eletricidade, calor, fogo), químico (substâncias tóxicas, venenos, medicamentos mal utilizados), natural, como um terremoto ou um furacão, ou de engenharia, como um ciberataque ou uma falha mecânica. Em síntese, é qualquer circunstância que, se ocorrer, pode prejudicar pessoas, seus pertences ou o ecossistema.
É evidente que os perigos não ocorrem sempre, mas têm uma probabilidade associada de ocorrência. Um incêndio (ou qualquer outro perigo) não ocorre todos os dias sem motivo. A probabilidade é a medida da possibilidade de que um evento perigoso ocorra.
É a suscetibilidade do sistema analisado, como uma infraestrutura, população ou grupo de pessoas, de sofrer danos pelos efeitos adversos de uma ameaça.
Por exemplo, um edifício construído em uma zona sísmica sem atender aos padrões adequados de construção é mais vulnerável a terremotos do que outro que possui medidas antissísmicas apropriadas. Diante de um terremoto, os danos serão maiores no edifício com maior vulnerabilidade.
Um conceito muito relacionado à vulnerabilidade é o de impacto, gravidade ou simplesmente dano. É a consequência ou efeito resultante quando uma ameaça se materializa na presença de vulnerabilidade. Os danos podem ser perdas econômicas, impactos sociais, ambientais, danos à saúde e até mesmo a morte.
Uma classificação simples, entre várias possíveis, dos riscos é agrupá-los conforme as ameaças que os geram. Assim, podem ser identificados diversos tipos de riscos.
Estão associados a fenômenos naturais que podem causar danos significativos. Alguns exemplos incluem terremotos, furacões, inundações, tsunamis, erupções vulcânicas, incêndios, chuvas torrenciais ou secas prolongadas.
Esses riscos são difíceis de prevenir e impossíveis de prever, já que estão relacionados à dinâmica do planeta e ao clima, mas seus impactos podem ser mitigados por meio de uma gestão de riscos.
Embora possa parecer que falar de riscos ambientais seja o mesmo, eles se referem aos danos ambientais que as atividades humanas podem causar.
Incluem a poluição do ar e da água, desmatamento, perda de biodiversidade e mudança climática. São previsíveis e muitas vezes podem ser evitados.
É confusa a distinção entre riscos ambientais e impactos ambientais na avaliação de uma obra ou atividade. Um impacto é algo que ocorrerá com certeza, enquanto o risco é algo potencial, que pode ou não ocorrer.
Por exemplo, na construção de uma estrada que atravessa uma floresta, um impacto seria o desmatamento, pois não há outra alternativa a não ser desmatar as áreas de floresta pelo caminho. No entanto, um risco poderia ser o atropelamento de animais, que pode ocorrer ou não, dependendo das características da fauna e da estrada.
Os riscos tecnológicos surgem do uso de tecnologias e sistemas de engenharia e industriais.
Incluem acidentes com produtos químicos, falhas de infraestrutura ou de máquinas e vulnerabilidades informáticas.
Os riscos financeiros são aqueles que afetam a estabilidade econômica de uma organização ou indivíduo. São os riscos associados ao investimento e incluem riscos de mercado, crédito, liquidez e operacionais.
Esses riscos afetam a saúde e segurança das pessoas. Geralmente são mencionados em ambientes de trabalho, mas todas as nossas atividades apresentam algum risco. Os riscos de higiene e segurança incluem doenças infecciosas, condições de trabalho perigosas, exposição a substâncias tóxicas e acidentes de trabalho.
Uma gestão adequada dos riscos, seja qual for o tipo, nos permite antecipar e tomar as medidas necessárias para minimizar ao máximo o dano que possam causar.
Artigo de: David Alercia. Licenciado em Biologia pela Universidade Nacional de Córdoba, especializado em gestão ambiental, trabalha com turismo científico.
Referencia autoral (APA): Alercia, D.. (Novembro 2024). Conceito de Risco. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/risco/. São Paulo, Brasil.
