Conceito de Memória

Marcoantonio Villanueva Bustamante | Dez. 2024
Doutorado em Psicologia

A memória é um recurso cognitivo por meio do qual conseguimos reter e, posteriormente, acessar informações formadas a partir de experiências anteriores.

É possível que um dos maiores medos de grande parte da população seja desenvolver Alzheimer, doença na qual, pouco a pouco, se perde o controle sobre o pensamento, o comportamento e a memória. A perda da memória é, portanto, a consequência mais temida. Esquecer nosso próprio nome, o nome das pessoas ao nosso redor, onde vivemos e, em situações mais extremas, esquecer de tomar algum medicamento são algumas das consequências negativas dessa doença. Por isso, a memória é um dos elementos cognitivos mais importantes para o ser humano, o que torna seu estudo um dos tópicos mais relevantes para diferentes disciplinas, especialmente a psicologia.

Na psicologia, a memória é concebida como o meio pelo qual se retém e se evoca a informação disponível, desenvolvida a partir de experiências anteriores. Outra forma de compreender a memória é como um processo que envolve o armazenamento, a retenção e a recuperação de informações.

Além disso, descrevem-se três processos que compõem a memória: codificação, armazenamento e recuperação.

– Codificação: refere-se ao processo de transformação da informação sensorial do ambiente em uma representação mental.

– Armazenamento: refere-se ao processo pelo qual a informação relevante é conservada.

– Recuperação: refere-se ao processo de acessar e utilizar a informação armazenada.

Modelos explicativos da memória

O modelo tradicional da memória

Com base no modelo de William James, que estruturou a memória em dois componentes (memória primária e memória secundária), Richard Atkinson e Richard Shiffrin propuseram um modelo em que a memória é concebida em três níveis de armazenamento:

– Armazém sensorial: Capaz de armazenar informações relevantes do ambiente por curtos períodos de tempo e de maneira limitada.

– Armazém de curto prazo: Retém informações por um período maior que o armazém sensorial, mas ainda limitado.

– Armazém de longo prazo: A maior capacidade entre as três estruturas, armazenando informações por períodos indefinidos.

Vale destacar que essas estruturas não correspondem a estruturas fisiológicas, mas a uma série de constructos hipotéticos.
Modelo dos níveis de processamento

O modelo dos níveis de processamento (LOP) surgiu como contraposição ao modelo de Atkinson e Shiffrin. Nesse modelo, a memória não é composta por armazéns hipotéticos, mas por um constructo de composição contínua. A informação é codificada em níveis infinitos de processamento, enfatizando a profundidade do processamento. Quanto maior o processamento da informação, maior a probabilidade de recuperá-la.

Modelo da memória de trabalho

Atualmente, o modelo da memória de trabalho é o paradigma mais utilizado na pesquisa sobre memória. Esse modelo retoma os conceitos de memória de curto e longo prazo, embora de forma diferente da proposta de Atkinson e Shiffrin.

Neste modelo, o elemento central é a memória de trabalho, composta por uma parte da memória de longo prazo recentemente ativada, transferindo informações da memória de curto prazo para a de longo prazo.

Os componentes desse modelo incluem:

– Executivo central: Aloca recursos atencionais para a tarefa.

– Laço fonológico: Retém temporariamente informações verbais em formato acústico.

– Agenda visuoespacial: Similar ao anterior, mas para informações visuais.

– Buffer episódico: Armazém temporário com capacidade limitada, que integra informações multimodais e possibilita o intercâmbio entre as memórias de longo prazo e operacional.

Medição da memória

Os métodos mais comuns para avaliar a memória envolvem tarefas específicas, como:

– Memória explícita: Recordar conscientemente informações específicas.

– Conhecimento declarativo: Lembrar fatos específicos.

– Recordação: Reproduzir fatos, palavras ou outros elementos.

– Reconhecimento: Identificar e selecionar elementos previamente aprendidos.

– Memória implícita: Utilizar informações da memória sem estar consciente delas.

– Conhecimento procedimental: Recordar habilidades aprendidas e comportamentos automáticos.

Artigo de: Marcoantonio Villanueva Bustamante. Licenciado em Psicologia, formado pela Faculdade de Psicologia da UNAM, México. Doutor em Psicologia pela UFRO, Chile. Investigador independente que faz parte de várias equipes de pesquisa no México e no Chile.

Referencia autoral (APA): Villanueva Bustamante, M.. (Dez. 2024). Conceito de Memória. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/memoria/. São Paulo, Brasil.

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