A compaixão é a percepção clara da dor do outro, desencadeando no indivíduo sentimentos de simpatia e solidariedade, ou seja, faz com que ele sofra junto ao outro por um problema que não é diretamente seu, motivando-o a buscar soluções capazes de amenizar aquele sofrimento.
O termo ‘compaixão’ tem sido usado há séculos em várias tradições religiosas, filosóficas e culturais para descrever uma atitude de empatia e compreensão em relação ao sofrimento dos outros. Na tradição budista, por exemplo, a compaixão é considerada uma das “quatro grandes virtudes”, junto com a bondade, a alegria e a equanimidade. Na filosofia antiga, usava-se a palavra ‘compaixão’ para descrever a capacidade de sentir empatia pelos outros e agir de acordo. Por exemplo, na ética de Aristóteles, a compaixão é considerada uma das virtudes que permitem ao ser humano viver uma vida plena e ética.
Na psicologia, pode-se pensar que a compaixão é uma emoção complexa que implica sentir empatia pelo sofrimento dos outros e, ao mesmo tempo, ter o desejo de aliviar esse sofrimento. O fluxo psicológico conhecido como Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT nas siglas em inglês) concentra-se na ideia de aceitar pensamentos e emoções indesejados e tomar ações baseadas em valores pessoais. Nessa perspectiva, a prática da compaixão envolve mais do que sentir empatia, é ter o desejo de aliviar o sofrimento do outro, o que pode promover sentimentos de conexão e cuidado, fomentando relacionamentos interpessoais mais saudáveis, inclusive consigo mesmo.
A autocompaixão se concentra em tratar seus próprios pensamentos e emoções com gentileza e aceitação, em vez de julgá-los ou tentar reprimi-los. Praticar a compaixão promove a compreensão de que todos os seres humanos experimentam sofrimento e lutas na vida e buscam agir de acordo para apoiar e cuidar dos outros em seu caminho para o bem-estar. Nesse aspecto, a compaixão desempenha um papel importante no processo de aceitação e na conexão com os próprios valores, pois pode ajudar as pessoas a aceitar suas emoções e pensamentos difíceis sem julgar ou resistir a eles, o que, por sua vez, pode ajudar a reduzir o sofrimento emocional.
Empatia e compaixão são dois conceitos diferentes, embora estejam relacionados entre si. Enquanto a empatia se refere à capacidade de compreender e compartilhar os sentimentos e perspectivas dos outros, a compaixão envolve o desejo ativo de ajudar a aliviar o sofrimento do outro.
Embora a empatia possa ser um primeiro passo em direção à compaixão, permitindo-nos sentir uma conexão com os outros e um desejo de aliviar o sofrimento de outra pessoa, é possível sentir empatia sem experimentar a motivação ativa que a compaixão acarreta.
A compaixão é considerada um componente chave da inteligência emocional por Daniel Goleman. Segundo ele, é uma habilidade emocional essencial que nos permite nos conectar com os outros, entender suas perspectivas e ter empatia com suas emoções. Além disso, a compaixão também nos ajuda a regular nossas próprias emoções e a responder adequadamente às necessidades dos outros. Ao entender e responder adequadamente às emoções dos outros, podemos construir a confiança e a cooperação necessárias para o sucesso pessoal e profissional.
Kristen Neff desenvolveu uma escala para medir a autocompaixão, que é a capacidade de se tratar com gentileza, compreensão e aceitação em momentos de dificuldade. A Escala de Autocompaixão de Neff consiste em 26 itens e tem sido usada em vários estudos para investigar a relação entre autocompaixão e bem-estar emocional. Esses estudos descobriram que pessoas com níveis mais altos de autocompaixão tendem a sentir menos ansiedade e depressão e têm maior autoestima e satisfação com a vida.
Assim, tanto a perspectiva de Goleman quanto a Escala de Autocompaixão de Neff nos mostram que a compaixão é uma habilidade emocional essencial. Por um lado, nos permite conectar com os outros e com nós mesmos, o que é fundamental para cuidar da nossa saúde mental, permitindo-nos aceitar e responder com compaixão aos nossos próprios pensamentos e emoções difíceis. Por outro lado, é uma ferramenta valiosa para promover a empatia e a compreensão em situações de conflito interpessoal ou intercultural, uma vez que nos permite compreender e responder de forma assertiva às emoções dos outros.
Artigo de: Agustina Repetto. Graduada em Psicologia, pela Universidade Nacional de Mar del Plata. Atualmente é pós-graduanda em Sexualidade Humana: sexologia clínica e educacional a partir da Perspectiva de Gênero e Direitos Humanos.
Referencia autoral (APA): Repetto, A.. (Abril 2023). Conceito de Compaixão. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/compaixao/. São Paulo, Brasil.
