Conceito de Apego (seguro, evitativo, ambivalente, desorganizado)

Marcoantonio Villanueva Bustamante | Setembro 2023
Doutorado em Psicologia

O apego é a forma como tendemos a estabelecer laços afetivos com outras pessoas e que se desenvolve nos primeiros anos de vida através da relação do bebê com as suas principais figuras cuidadoras (normalmente os pais).

Na saga de filmes e séries Star Wars, um dos temas centrais é o apego: a ordem Jedi considera isso um problema para quem deseja se tornar um cavaleiro Jedi. O apego é o que leva Darth Vader a se tornar um dos maiores vilões do seu universo (e do cinema). Porém, tem havido muito debate nas redes sociais se esta concepção do termo estava errada, pois como se verá a seguir, o apego tem múltiplas manifestações que dificultam o fato de determinar se é inerentemente mau ou bom. É possível que se a ordem Jedi tivesse estudado a teoria do apego a partir da psicologia, muitas coisas teriam sido diferentes.

O estudo do apego na psicologia e a teoria de Bowlby

O psicólogo americano Harry Harlow desenvolveu um experimento no qual ele separou macacos bebês de suas mães no momento do nascimento, colocando-os posteriormente em uma gaiola junto com duas “mães” substitutas, uma feita de arame e que fornecia comida e a outra feita de pelúcia. Os resultados dos experimentos de Harlow indicaram duas coisas: 1) macacos isolados de suas mães desenvolveram problemas de socialização que impactaram sua vida adulta em comparação com aqueles que não foram isolados; 2) os macacos passaram em média 16 horas com as mães de pelúcia e apenas uma hora com a mãe de arame que fornecia a comida.

Mais tarde, John Bowlby, um psicólogo britânico, tomou como pano de fundo o trabalho de Harlow e de outros psicólogos (como Hazan ou Shaver), e desta forma determinou que o ser humano tem uma necessidade inata de procurar a proximidade e o contato com outros indivíduos. Porém, a forma como nos relacionaremos com outras pessoas dependerá de nossas primeiras experiências. Quando os bebês são separados de suas mães, ou de quem representa seu cuidador principal, eles podem começar a chorar e procurar essa pessoa, também podem demonstrar desespero, expressões de tristeza, passividade e podem até ignorar quando seu cuidador retornar. De que dependerá a resposta desta criança? Precisamente, resposta do cuidador principal moldara a forma de lidar com a separação.

Segundo Bowlby, a interdependência entre as respostas do cuidador principal e do bebê formará quatro formas de apego. Porém, antes de nos aprofundarmos nisso, é necessário mencionar uma série de postulados da teoria do apego.

• Necessidade de apego: Os indivíduos têm uma necessidade inata de desenvolver vínculos emocionais e afetivos com outras pessoas, que serão chamadas de figuras de apego. Esses vínculos proporcionam segurança, proteção e apoio emocional.

• Importância das figuras de vinculação: As figuras de apego, especialmente os cuidadores primários, são cruciais para o desenvolvimento do apego. Em situações desagradáveis você pode recorrer a esta figura.

• Sensibilidade e capacidade de resposta do cuidador principal: As quatro formas de apego se desenvolverão a partir da sensibilidade e capacidade de resposta do cuidador principal.

• Apego no desenvolvimento posterior: O tipo de apego que se desenvolve marcará não apenas a forma e a qualidade das relações interpessoais subsequentes, mas também outros aspectos da sua vida, como a regulação emocional.

Tipos de apego

Com base no histórico, Bowlby determinou que é possível desenvolver quatro tipos de apego.

• Apego seguro: As pessoas que desenvolveram um estilo de apego caracterizam-se por terem confiança nos seus cuidadores e nas suas relações subsequentes, pelo que tendem a ter relações “saudáveis”, porque respondem positivamente à proximidade e à proximidade emocional, mas em caso de separação com o seu apego figuras, eles parecem calmos.

• Apego evitativo: Caracteriza as pessoas que evitam a proximidade e a interdependência emocional. Essas pessoas subestimam as relações interpessoais e sofrem ao buscar conforto ou apoio em situações negativas.

• Apego ansioso/ambivalente: Pessoas com esse tipo de apego são caracterizadas por buscar excessivamente a proximidade e a aprovação de suas figuras de apego. Eles mostram ansiedade e resistência à separação. Tendem a ter relacionamentos de baixa qualidade devido à busca constante de validação e atenção dos outros.

• Apego desorganizado: Esse tipo de apego é caracterizado por relações interpessoais confusas, às vezes buscam proximidade e interdependência emocional, porém, outras vezes demonstram evitação e até medo dessa proximidade.

Embora se possa pensar que uma vez desenvolvido um estilo de apego, ele será mantido ao longo da vida (uma antiga crença na psicologia é “a infância é o destino”), no entanto, em trabalhos recentes foi possível observar uma mudança nesta posição, determinando que os estilos de apego podem ser modificados com base em eventos de maturação interna, situações significativas da vida e, claro, terapia psicológica.

Imagem: Fotolia. fizkes

Artigo de: Marcoantonio Villanueva Bustamante. Licenciado em Psicologia, formado pela Faculdade de Psicologia da UNAM, México. Doutor em Psicologia pela UFRO, Chile. Investigador independente que faz parte de várias equipes de pesquisa no México e no Chile.

Referencia autoral (APA): Villanueva Bustamante, M.. (Setembro 2023). Conceito de Apego (seguro, evitativo, ambivalente, desorganizado). Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/apego-seguro-inseguro/. São Paulo, Brasil.

  • Compartilhar
Copyright © 2010 - 2024. Editora Conceitos, pela Onmidia Comunicação LTDA, São Paulo, Brasil - Informação de Privacidade - Sobre