Academia é uma associação que reúne profissionais, cientistas, pensadores e estudantes, com o objetivo principal de estudar ou pesquisar um determinado assunto, seja teórica ou praticamente, dentro dos campos das humanidades, das ciências e artes. Seu nome advém do grego Ακαδήμεια (Akadḗmeia). No Brasil, o termo se popularizou como definição de estabelecimentos dedicados a prática do exercício físico, isto é, as academias de ginástica, abordado no final do artigo.
As origens da academia remontam-se à Antiguidade, com a fundação por volta do ano 387 a. C. da Academia de Atenas, pelo filósofo grego Platão. A Academia foi em seus primórdios um espaço dedicado ao culto das musas, por isso, o caráter predominantemente científico e cultural da instituição é objeto de polêmica entre diversos autores. No entanto, o próprio Platão em sua obra ‘República’ descreve o currículo de estudos em que deviam formar-se os filósofos governantes, de modo que os conteúdos ensinados na Academia podem potencialmente ser deduzidos dali. Tais conteúdos eram direcionados ao cultivo do intelecto, pois, por meio dele, segundo a teoria platônica, nos aproximamos do reino da verdadeira realidade. Entre eles, citam-se aritmética, geometria, estereometria, harmonia e astronomia. Também sobreviveram testemunhos que confirmam a relevância da matemática e da astronomia entre as disciplinas desenvolvidas na escola fundada pelo filósofo.
A Legislação e a política também foram áreas de interesse na formação acadêmica, como saberes essenciais para a liderança do estado. Por fim, o traço mais característico da Academia, entre outras formas de ensino da época (como, por exemplo, os realizados pelos sofistas) era o estudo da filosofia e da dialética que, na perspectiva de Platão, estabeleciam as bases de todo conhecimento. Por meio do método dialético, herdado da maiêutica socrática (que fazia “nascerem” ideias nos discípulos, por meio de perguntas e respostas), os alunos tinham que exercitar o intelecto para alcançar o entendimento pelo próprio esforço.
Após a morte de Platão, a Academia sobreviveu por alguns anos, passando por múltiplas transformações, até que foi finalmente fechada por Justiniano, chefe do Império Bizantino, no ano 529.
Uma nova “versão” da Academia nasceu por volta do século XI como uma instituição universitária, no âmbito do movimento cultural conhecido como renascimento intelectual europeu, em torno do estudo da filosofia e da teologia. Em uma primeira instância, o ensino superior foi organizado em centros chamados ‘studium generale’, ou seja, centros educacionais que recebiam estudantes de diferentes regiões. Assim, aos poucos foram se formando comunidades de estudantes que migraram para realizar seus estudos.
Desde a sua criação, a corporação universitária lutou pela sua autonomia face às autarquias locais, encontrando apoio na instituição eclesiástica. A organização da universidade medieval, portanto, tinha um forte cunho religioso. Após a sua génese, as universidades desenvolveram-se de formas distintas em cada região. Assim, por volta do século XIII, as primeiras faculdades especializadas em determinados ramos do conhecimento começaram a estabelecer-se na Europa.
Durante a Idade Média, a universidade tinha como objetivo a transmissão da cultura da época. Mais tarde, rumo à modernidade, o esquema medieval da universidade entrou em crise, surgindo um modelo de caráter maioritariamente científico e profissional. No início do século XIX, então, foram fundadas as primeiras universidades sob controle do Estado, com objetivo manifesto de formar profissionais e dedicada ao progresso científico.
Desde a modernidade até aos dias de hoje, a academia afirmou-se como uma instituição de importância central num quadro mais alargado de produção de conhecimento em que estão envolvidos outros atores, tais como o Estado e as empresas. Desde o aprofundamento dos regimes neoliberais nas últimas décadas, as universidades públicas entraram em um período de profunda crise devido ao sub-financiamento, principalmente na América Latina. A imbricação da academia e do mercado —com uma ampla rejeição aos movimentos estudantis, por exemplo, diante de medidas como a modificação dos planos de estudos com base em interesses empresariais— põe em risco a capacidade das universidades de responder às demandas em contextos de extrema desigualdade. Nesse sentido, a academia, originalmente pensada como um “templo do conhecimento”, tornou-se um campo disputado, revelando o nexo necessário entre o conhecimento que ali é produzido e os conflitos que afetam a sociedade como um todo.
Por outro lado, o avanço nas últimas décadas dos desenvolvimentos tecnológicos, especialmente na área das chamadas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), deu origem a uma série de profundas transformações no seio da instituição académica. Esse processo foi muito intensificado durante os anos da pandemia da COVID-19, período em que as formas de ensino e os conteúdos foram reorganizados e adaptados a ambientes virtuais, acessíveis remotamente.
Uma academia pode desenvolver uma grande variedade de atividades. Nas mais tradicionais, podemos encontrar diversos tipos de aparelhos que procuram dar tonalidade e melhorar a firmeza dos músculos. Estes aparelhos podem ser peças individuais como as barras e os halteres, ou complexos sistemas de roldanas cujos movimentos são especificamente projetados para um grupo de músculos do corpo. Ao mesmo tempo, as academias atuais têm geralmente uma grande variedade de aparelhos, ou mesmo aulas, voltadas a parte aeróbica, utilizadas principalmente para manter um bom nível cardiovascular e são especialmente úteis quando se trata de perder peso ou gordura.
Finalmente é importante destacar que todas as academias possuem um sistema de regras de comportamento como roupa apropriada, exame médico com autorização para as atividades, respeito a ordem de uso dos equipamentos, horários, entre outras, assim como uma determinada ambientação (caracterizada em geral por música alta, espaços de trânsito reduzidos e divisão de aparelhos em ilhas). Normalmente é impedida a entrada de crianças e jovens até uma determinada idade, caso não estejam acompanhados dos pais ou responsáveis (por razões de segurança).
Artigo de: Lilén Gomez. Professora de Filosofia, com desempenho em ensino e pesquisa em áreas da Filosofia Contemporânea.
Referencia autoral (APA): Gomez, L.. (Março 2023). Conceito de Academia. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/academia/. São Paulo, Brasil.
