A psicanálise é uma teoria da mente que explica o funcionamento e a dinâmica do aparelho psíquico, sendo também um método psicoterapêutico. Foi criada por Sigmund Freud entre o final do século XIX e início do século XX, que o considerou uma das três grandes descobertas que afetaram o narcisismo da humanidade.
A psicanálise, primeiramente, encontra a revolução copernicana produzida no século XVII, no qual a Terra deixa de ser o centro do universo para girar em torno do Soldo como todos os outros planetas. Em segundo lugar, localiza a teoria darwiniana, que sustenta uma continuidade evolutiva entre os seres vivos do reino animal e o homem, deixando de lado a ideia da criação do homem como uma produção divina. Para finalizar, a terceira descoberta é a teoria psicanalítica, que encontra o inconsciente e seus efeitos. A grande revelação, segundo Freud, é a ideia de que o aparelho psíquico não é regido pela consciência, mas pelo inconsciente.
1) Segundo Freud, o inconsciente é formado por desejos reprimidos que só se manifestam de forma desfigurada por meio de suas formações, como atos falhos, sonhos e sintomas neuróticos. Atos falhos referem-se a erros ou esquecimentos em que vazam conteúdos inconscientes reprimidos. Os sonhos, por sua vez, representam a melhor forma de acesso aos conteúdos do inconsciente, embora desfigurados pelos mecanismos de condensação e deslocamento, a fim de superar o mecanismo de censura. Eles representam uma tentativa de satisfazer o desejo inconsciente reprimido. Os sintomas neuróticos têm origem em conflitos intrapsíquicos não resolvidos do passado. Esses conflitos são essencialmente reprimidos e reaparecem na forma de sintomas somáticos ou psicológicos. O sintoma proporciona ao aparelho psíquico uma satisfação que substitui a dos desejos reprimidos e impossíveis de serem realizados.
2) O conceito de pulsão refere-se a uma quantidade de energia que vem de dentro do corpo e sua representação psíquica se expressa na esfera psíquica como uma constante necessidade de satisfação. Essa necessidade é considerada o motor da atividade mental e está associada à ideia de prazer e desprazer.
3) A repressão é um processo pelo qual todas as representações de pulsões cuja satisfação perturbaria o equilíbrio do funcionamento psíquico são mantidas no inconsciente.
4) A transferência é um processo constitutivo da terapia psicanalítica por meio do qual o paciente repete padrões de relações interpessoais do passado, aprendidos durante a infância, com o analista, sem ter consciência de que os está repetindo.
A forma de entender, interpretar e realizar um tratamento psicológico depende principalmente do foco e orientação teórica do profissional psicólogo. Em relação a isso, Miller utiliza a Teoria dos Conjuntos de Ailler para indicar que a psicanálise e as psicoterapias se cruzam, mas não se confundem. Todas as psicoterapias têm em comum o fato de serem terapias da palavra que admitem uma causalidade psíquica do sofrimento, mas há diferenças quanto à forma de abordar e trabalhar os conflitos psicológicos do paciente. Algumas das diferenças que ele menciona são as seguintes:
– Quanto ao objetivo terapêutico: Enquanto algumas terapias, como as terapias cognitivo-comportamentais, se concentram no alívio de sintomas específicos, como ansiedade ou depressão, as terapias psicanalíticas buscam uma mudança mais profunda e transformadora na personalidade do paciente.
– Sobre a relação terapêutica: A terapia psicanalítica é baseada no estabelecimento da transferência entre o paciente e o analista, enquanto outras psicoterapias são baseadas no estabelecimento da aliança terapêutica, o que implica uma relação colaborativa e empática entre o paciente e o terapeuta.
– Em relação à técnica: Cada terapia tem sua própria técnica específica ou conjunto de técnicas, que são usadas para ajudar o paciente a atingir seus objetivos terapêuticos. Por exemplo, a terapia cognitivo-comportamental pode se concentrar na identificação e modificação de pensamentos e comportamentos disfuncionais, enquanto a terapia psicanalítica se concentra na exploração e no trabalho com processos inconscientes.
– Quanto à duração: Algumas terapias têm uma abordagem de curto prazo, com um número limitado de sessões, enquanto as terapias psicanalíticas podem durar anos ou até décadas.
Portanto, embora todas as psicoterapias, incluindo a analítica, compartilhem a ideia de que falar ‘cura’ e o entendimento de que a doença mental tem uma causa psicológica, existem diferenças importantes em termos de objetivos, técnica, relação terapêutica e papel do terapeuta. Essas diferenças podem afetar o processo terapêutico e os resultados obtidos.
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Artigo de: Agustina Repetto. Graduada em Psicologia, pela Universidade Nacional de Mar del Plata. Atualmente é pós-graduanda em Sexualidade Humana: sexologia clínica e educacional a partir da Perspectiva de Gênero e Direitos Humanos.
Referencia autoral (APA): Repetto, A.. (Agosto 2023). Conceito de Psicanálise. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/psicanalise/. São Paulo, Brasil.