A linguagem é o conjunto de meios estruturados que permitem a combinação eficaz de palavras com o intuito de comunicar com as pessoas que nos rodeiam. No norte de Espanha e França é possível encontrar uma série de grutas com desenhos que representam histórias de caça; A Epopéia de Gilgamesh conta a história do rei sumério de Uruk, que remonta a cinco mil anos; No Egito existem representações gráficas de histórias e mitos de sua cultura. Como podemos observar, desde o início da civilização humana, podem ser encontrados todos os tipos de elementos nos quais podem ser identificados padrões que parecem comunicar algo; portanto, parece que a linguagem é essencial para a civilização humana desde os seus primórdios. Portanto, não surpreende que o estudo da linguagem ocorra a partir de diversas disciplinas e paradigmas. Este texto aborda esse construto a partir da psicolinguística, que é a área da psicologia responsável pelo estudo da linguagem e seu papel na interação humana.
Com base na definição estabelecida, é necessário diferenciar linguagem e comunicação, uma vez que esta última se refere a um conceito mais amplo que inclui elementos não-verbais como gesticulação, informação cinestésica ou mesmo cheiros.
Embora cada disciplina possa dar sua própria definição de linguagem, a maioria concorda que ela possui seis propriedades gerais.
1. Comunicativo. A linguagem tem como objetivo promover a troca de informações entre uma ou mais pessoas.
2. Arbitrariamente simbólico. A relação entre um símbolo e seu referente (ideia, objeto, processo ou descrição) é totalmente arbitrária, ou seja, não existe um critério claro para definir um símbolo específico. Nesse sentido, é necessário mencionar que símbolo é algo que representa, indica ou sugere outra coisa.
3. Regularmente estruturado. Com base nas regras, presume-se que a linguagem possui uma estrutura. Essas estruturas referem-se à forma como os sons e as letras formam as palavras; bem como a forma como as palavras formam frases, sentenças e/ou parágrafos com significado.
4. Estruturado em múltiplos níveis. A estrutura da língua pode ser abordada em diferentes níveis (por exemplo, fonético, semiológico, gramatical, entre outros)
5. Gerativo/produtivo. Os usuários da língua podem desenvolver novas expressões dentro dos limites da estrutura linguística
6. Dinâmica. A linguagem está em constante evolução e modificação de seus elementos e regras. Elementos fundamentais da linguagem
É possível identificar dois elementos básicos da linguagem 1) compreensão receptiva e decodificação do input linguístico; 2) Codificação expressiva e produção de saída linguística.
• Compreensão verbal: refere-se à capacidade de um indivíduo interpretar a recepção de elementos linguísticos escritos e falados.
• Codificação e decodificação de linguagem: ambas se referem a processos paralelos
o Codificação: O remetente transforma a mensagem em símbolos que podem ser percebidos e compreendidos pelo receptor.
o Decodificação: O receptor transforma os sinais recebidos em uma mensagem, e os associa a símbolos associados às ideias que o remetente comunicou.
Um elemento crucial do estudo da linguagem é como ela é adquirida. Particularmente, Chomsky propõe que o genoma humano tem uma certa homogeneidade que descreve como é o desenvolvimento linguístico das crianças através da mera exposição.
Além da teoria de Chomsky, parece que há uma série de etapas que ocorrem durante o desenvolvimento vital da infância e que descrevem a aquisição da linguagem.
• Etapa pré-natal (próximo ao segundo semestre). o Responde a vozes humanas
o Balbucio, envolve diferentes fonemas vocálicos e consonantais
• 1 – 3 anos o Expressões de uma palavra o Primeiras vocalizações de duas palavras
o Linguagem telegráfica (frases com poucas palavras)
• 3 – 4 anos o Frases simples que refletem a expansão do vocabulário
o Compreensão da sintaxe, embora ocorram alguns erros mínimos
• 4 anos ou mais o Estruturação de sentenças “adultas”
o As estruturas linguísticas tornam-se mais complexas até a adolescência
As afasias são distúrbios de linguagem que ocorrem devido à presença de lesões nas áreas do cérebro responsáveis pela linguagem; Estes podem ser de dois tipos:
• Afasia de Broca. Danos na região frontal ou frontoparietal do hemisfério esquerdo; produz alterações na capacidade de produzir palavras.
• Afasia de Wernicke. Danos à zona temporal do hemisfério dominante; produz incapacidade de compreensão de palavras, elementos auditivos, visuais e táteis.
Artigo de: Marcoantonio Villanueva Bustamante. Licenciado em Psicologia, formado pela Faculdade de Psicologia da UNAM, México. Doutor em Psicologia pela UFRO, Chile. Investigador independente que faz parte de várias equipes de pesquisa no México e no Chile.
Referencia autoral (APA): Villanueva Bustamante, M.. (Março 2024). Conceito de Linguagem. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/linguagem/. São Paulo, Brasil.
