Folclore é a soma das manifestações socioculturais históricas de uma comunidade, em função da preservação para as novas gerações, bem como do estudo sociológico. Antes de esse termo ser definido, durante o século XVIII estudiosos alemães viajaram para documentar canções populares da Europa sob a ideia de que cada povo possui uma mitologia. Com o passar do tempo essa prática se difundiu em outros locais com nacionalidades nascentes ou cujo poder geopolítico estava se expandindo como a Grã-Bretanha e Estados Unidos.
O conceito foi utilizado pela primeira vez pelo britânico William John Thoms, que estudou a obra dos irmãos Grimm. Nessa época deu-se continuidade à tradição de coletar textos que refletissem a cultura do território da Grã-Bretanha e, esse material foi denominado ” antiguidades populares”. Thoms percebeu que essas “antiguidades” ainda eram válidas para aqueles grupos e que significavam mais para as pessoas do que aquilo que foi contemplado em primeira instância. A decisão de usar o termo folk em vez de povo deu-lhe aquele sentido de uma pequena comunidade que está inserida em um sistema maior (como um país ou Estado), e a ela é acrescentada a palavra lore, para se referir ao conhecimento tradicional ou para a ideia de patrimônio popular.
Posteriormente, acadêmicos dos Estados Unidos começaram a fazer o mesmo para preservar a história das cidades rurais e pré-industriais deste país, desde então os estudos do folclore se diversificaram, especializaram e formalizaram. Outra época no estudo do folclore ocorreu quando os especialistas começaram a buscar as versões mais antigas dessas manifestações, que para eles seriam as originais e assim poderiam traçar migrações, influências e pertencimentos étnicos dos diferentes grupos humanos no território. No entanto, ainda se teve em mente que estas expressões de identidade poderiam ser estudadas separadamente das pessoas que as criaram, como se fossem relíquias que permaneceram imóveis por longos períodos de tempo e que era necessário preservar, mas veremos que não é assim: os elementos do folclore são criados em comunidade e sendo um conhecimento informal a taxa de mudança é acelerada.
Assim, os estudos do folclore são classificados como uma disciplina. Não se trata de outra forma de antropologia ou corrente antropológica, embora tenham origem quase simultânea e muito semelhante, além disso, as pesquisas sobre folclore contêm elementos da psicologia e da sociologia. Nestas obras são tidas em conta as artes visuais, a arquitetura, a música, o teatro, a literatura, a linguística e a história, todas reunidas numa ou várias expressões folclóricas. Além disso, reflete sobre como as pessoas aprendem, compartilham seus conhecimentos e formam uma identidade, diferenciando-se das demais disciplinas na abordagem e na forma de abordar o objeto de estudo.
Quem se dedica ao estudo do folclore lida com a cultura tradicional, com o que é considerado não oficial, também chamado de “cultura popular”. Ou seja, historicamente, há expressões culturais que foram deixadas de lado na pesquisa formal, por exemplo a música tradicional: o son jarocho no México, ou o gênero country em certas regiões dos estados unidos. Outros temas menos populares são as danças regionais ou as brincadeiras infantis.
Folclore refere-se então ao conhecimento que não é aprendido oficialmente em instituições formalizadas (como escolas). O conhecimento do folclore é transmitido entre gerações e entre contemporâneos da comunidade, através de familiares, amigos ou colegas, oralmente ou com comportamentos diversos; portanto, o estudo do folclore concentra-se nas novas formas de comunicação que estão surgindo nos grupos humanos, nas novidades da cultura tradicional.
Além disso, é importante diferenciar o folclore do que se tem chamado de cultura popular, que pode levar elementos folclóricos, mas não são tendências duradouras, ao contrário do folclore, que permanece por gerações. Os grupos folclóricos compartilham conexões pessoais, valores, tradições, crenças e outras formas de saberes populares.
O comportamento de um grupo específico também pode ser folclore, a interação social funciona como uma característica de sua identidade e tradição. O folclore é algo muito específico, refere-se a um elemento muito particular de um grupo muito bem definido; por exemplo, os regionalismos podem ser folclore. São tradições que circulam fora dos grupos comerciais e acadêmicos. É algo que é criado numa comunidade (geralmente pequena e local) e não pode estar fora das pessoas que a criam.
Em poucas palavras, o folclore são as manifestações da tradição que revelam a personalidade de uma região.
Existem expressões verbais ou literárias consideradas folclóricas, por exemplo piadas, brincadeiras, histórias, canções, lendas ou poemas. O folclore também pode ser material, como instrumentos musicais, roupas, ferramentas, brinquedos, enfeites, qualquer coisa tangível que denote a essência particular de um povo.
Outros tipos de manifestações folclóricas são aqueles que se observam através de comportamentos como teatro, dança, gestos, brincadeiras infantis, rodeios ou eventos semelhantes, entre outros; e, claro, a música é uma forma muito explícita de folclore.
Artigo de: Águeda Muñoz Gerardo. Licenciada em Antropologia Física pela Escola Nacional de Antropologia e História. Mestre em Antropologia pela Universidade Nacional Autônoma de México. Atualmente cursa o doutorado em Antropologia na UNAM. Entre seus temas de interesse estão migrações humanas, antropologia genética e povos indígenas de México.
Referencia autoral (APA): Muñoz Gerardo, Á.. (Setembro 2023). Conceito de Folclore. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/folclore/. São Paulo, Brasil.
