Os textos antigos chegaram à atualidade após um processo de transformação. Assim, uma obra original é escrita de uma forma, mas as cópias realizadas, os erros na transcrição, as traduções para outros idiomas e as mais variadas edições ao longo do tempo formaram um texto diferente. A ecdótica, também conhecida como crítica textual, é a disciplina filológica que estuda a criação literária atendendo sua realidade original.
Da mesma maneira que um arqueólogo reconstrói certos acontecimentos históricos a partir de alguns vestígios, o filólogo especialista em ecdótica procura aproximar o sentido original de um texto escrito. Esta disciplina é especialmente relevante quando há apenas fragmentos de uma obra, quando estão relacionados aos textos sagrados ou nas edições de livros anteriores à impressão.
A publicação de um livro com os critérios da ecdótica está orientada para a compreensão do texto original criado por seu autor. Neste sentido, o filólogo especializado nesta área busca aproximar-se o mais possível da vontade criadora do autor.
A ecdótica desempenha um papel determinante na edição de textos clássicos, especialmente quando foram originariamente escritos à mão por um escriba, já que cada cópia de um livro era diferente das outras em algum aspecto. Devemos levar em conta que na tarefa de copiar o escriba podia cometer erros e estes acabavam reproduzindo-se, gerando assim uma diferença entre o manuscrito original e as diferentes cópias. Por outro lado, a crítica textual permite a exegese de uma obra literária, ou seja, a interpretação e o exame de um texto dentro de seu contexto histórico.
Este ramo da filologia está diretamente relacionado a outros. A paleografia está focada no estudo das normas de transcrição, como sistemas de abreviação, tipos de letra, sinais ortográficos, normas gramaticais ao longo do tempo, etc.
A Codicologia estuda as características dos documentos originais, especialmente os códices manuscritos. Nesta área da filologia são analisadas diversas questões: o suporte físico empregado (por exemplo, pergaminho ou papel), possíveis inscrições ou ornamentos, datação dos manuscritos, etc.
A diplomática também estuda os documentos históricos, tanto a informação externa como a interna. Esta área da filologia é destinada para a análise do contexto histórico relacionado aos documentos originais. Da mesma forma que a paleografia, a diplomática é considerada uma disciplina autônoma.
A ecdótica, a paleografia, a codicologia e a diplomática são, por sua vez, disciplinas auxiliares ao serviço de outras áreas do conhecimento, como o direito, a história e a arquivística.
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Referencia autoral (APA): Editora Conceitos.com (nov., 2018). Conceito de Ecdótica. Em https://conceitos.com/ecdotica/. São Paulo, Brasil.