Conceito de Empoderamento

Angela Estevez | Novembro 2024
Licenciada em Psicologia

O empoderamento é tomar o controle da própria vida e manifestá-lo como tal, apoiado em uma capacidade construída com base em saberes adquiridos e experiências particulares que fortalecem o discernimento e a autonomia das decisões, evitando orientações equivocadas ou até mesmo a submissão, pois a pessoa utiliza ferramentas para argumentar sua posição.

A consigna surge a partir do momento em que a pessoa compreende que tem o direito de se informar, bem como questionar o status quo e a figura que se opõe a ela. No entanto, é importante observar e reconhecer que a posição socioeconômica particular pode se tornar uma dificuldade ou um benefício, já que o acesso à informação e ao exercício dos direitos individuais não se expressam nas mesmas condições para todos, evidenciando a desigualdade de classes.

Qual é a importância e o efeito de se empoderar?

O poder, segundo Michel Foucault, não é algo que se possui ou se perde, como uma qualidade estática e individual, mas algo que se exerce, por seu caráter relacional e dinâmico. Está relacionado ao social, econômico, político, histórico; ao lugar ocupado dentro de uma rede de pessoas.

Seu valor reside na capacidade de assumir um papel ativo em nossas vidas, exercendo poder sobre elas, tomando decisões, manifestando opiniões, conhecendo e fazendo valer nossos direitos. É sermos plenamente donos do desenvolvimento de nossa existência, participarmos na comunidade, sermos considerados e ouvidos.

Por exemplo: “Ao se informar sobre as características de um parto respeitoso, Maria aprendeu a fazer um planejamento a respeito, para apresentar ao seu médico, a outros profissionais envolvidos e à instituição, descrevendo como gostaria que fosse a chegada de seu bebê ao mundo. Esse documento, de valor legal, assim como o conhecimento de seus direitos e outras ferramentas, permitiram-lhe seguir em frente no processo de empoderamento com relação à sua tão sonhada maternidade.”

Os seres humanos, comunidades ou grupos populacionais que tiveram seus direitos violados ao longo da história são aqueles que, através do empowerment, recuperam o protagonismo. Por exemplo, as mulheres e a comunidade LGBTIQ+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transsexuais, Travestis, Intersexuais, Queer e outras).

Empoderamento e feminismo

Trata-se de uma conscientização sobre a igualdade que homens e mulheres têm, nas tarefas/ofícios/profissões que podem exercer, nos direitos e no exercício do poder. É precisamente fixar a ideia de que as mulheres merecem igualdade de oportunidades no trabalho, participar na política e não serem maltratadas física, simbólica ou psicologicamente.

Sendo estereotipadas e submetidas em nome do patriarcado, as mulheres têm empreendido uma longa luta, por meio de reivindicações, marchas, protestos e criação de leis contra a violência machista, para obter o reconhecimento e o respeito social que lhes foram negados por tanto tempo – e que ainda hoje são em muitas partes do mundo, setores sociais ou âmbitos dentro da comunidade.

Empoderamento das comunidades em relação à sua saúde

Enquanto o modelo médico hegemônico, também conhecido como tradicional, propõe a figura do médico como o único detentor de conhecimento e autoridade no cuidado da saúde, existe um outro modelo, o integral ou contra-hegemônico.

No segundo, os pacientes – indivíduos ou comunidades – são participantes em seu processo de saúde/doença, sujeitos que vivenciam sua dor de maneira singular e não apenas como corpos doentes, como no modelo tradicional.

O modelo contra-hegemônico não fala apenas em cuidados, mas também em promoção e prevenção, qualidade de vida, participação, democratização da saúde, intersaberes e interdisciplinaridade. Assim, assumimos as rédeas da nossa saúde de forma consciente e ativa, não ficando à margem.

Postura ativa na terceira idade

Em muitas sociedades, os idosos costumam ser tratados como seres passivos, sem que sua vontade e autonomia sejam respeitadas, na medida do possível. Empoderar-se significa, para este grupo etário, que sejam consideradas suas potencialidades, seu direito de escolher, expressar-se com liberdade e serem respeitados.

Diferentemente de muitas sociedades antigas, onde os mais velhos exerciam maior poder social e político, hoje essas pessoas são marginalizadas, associando-se a velhice ao sofrimento, deterioração e decrepitude.

No entanto, como estuda a Psicogerontologia, na terceira idade ainda é possível empreender novos projetos, capacitar-se profissionalmente, trabalhar, levar uma vida saudável, contribuir para a comunidade e realizar atividades recreativas que talvez na vida adulta não fossem possíveis por falta de tempo. Tudo depende do desejo e do estado de saúde do sujeito. Para isso, é recomendável manter uma rotina constante e agradável de exercícios mentais e físicos.

Fortalecer a identidade diante da diversidade sexual

Em relação às sexualidades não normativas, como pessoas homossexuais, bissexuais, transexuais, o empoderamento lhes permitiu, pouco a pouco – e apenas em certos territórios geográficos e setores sociais, por enquanto – realizarem expressões públicas de afeto e deixarem de se esconder.

Atualmente, compreende-se que existem muitos modos de ser e estar no mundo, e que não existe uma “normalidade”, mas sim a singularidade, que deve ser pensada a partir da aceitação e da inclusão. No entanto, essa aceitação e tolerância não são universais, e a comunidade LGBTIQ+ continua sua luta, assim como o feminismo, para ser plenamente ouvida e respeitada.

Artigo de: Angela Estevez. Graduada pela Universidade de Buenos Aires.

Referencia autoral (APA): Estevez, A.. (Novembro 2024). Conceito de Empoderamento. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/empoderamento/. São Paulo, Brasil.

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