Conceito de Possessivo

Agustina Repetto | Junho 2023
Licenciada em Psicologia

O comportamento possessivo é definido como uma tendência ou padrão no qual uma pessoa procura controlar ou dominar outra ou seu ambiente social, emocional ou físico como se fosse seu. As pessoas possessivas costumam sentir medo ou insegurança em relação ao parceiro, aos amigos ou à família, o que as leva a agir de forma possessiva na tentativa de garantir sua presença em sua vida.

Ser possessivo pode gerar uma dinâmica relacional de controle, manipulação e co-dependência que pode ser prejudicial à saúde mental e emocional das pessoas envolvidas. As teóricas e ativistas feministas como Bell Hooks, Judith Butler, Luce Irigaray e Nancy Chodorow abordaram a questão da possessividade desde uma perspectiva crítica. Elas apontaram como esse comportamento se manifesta nas relações de poder e na desigualdade de gênero e destacaram como as normas sociais e culturais podem perpetuar e normalizar esse comportamento. Além disso, propuseram a necessidade de desconstruir os rígidos papéis de gênero que o perpetuam.

Possessividade nos relacionamentos amorosos e familiares

Bell Hooks apontou que a possessividade masculina decorre da ideia de que as mulheres são objetos que podem ser possuídos e controlados pelos homens. Essa visão foi historicamente perpetuada pela cultura patriarcal, que estabeleceu rígidos papéis de gênero e associou a masculinidade à capacidade de controlar e possuir as mulheres. Dessa forma, a possessividade torna-se uma forma de poder e controle para os homens, que usam a posse das mulheres como forma de afirmar sua masculinidade e domínio sobre elas.

Por sua vez, Judith Butler apontou que a possessividade é uma forma de violência simbólica que se perpetua nas relações de gênero. Em sua opinião, a posse de mulheres por homens é um ato que reforça a ideia de que as mulheres são objetos passivos e disponíveis para uso masculino. Em sua perspectiva, a possessividade é uma forma de subordinação e opressão que impede que as mulheres sejam vistas e tratadas como sujeitos ativos e autônomos.

Luce Irigaray apontou que a possessividade masculina pode ser especialmente perigosa nas relações sexuais. A ideia de que o corpo da mulher é um objeto que pode ser possuído e controlado pelos homens pode levar a situações de violência sexual.

Finalmente, Nancy Chodorow apontou que a socialização de gênero pode perpetuar a possessividade masculina e a dependência feminina. De sua perspectiva, os homens são socializados para serem mais independentes e autônomos, enquanto as mulheres são socializadas para serem mais dependentes e carentes dos outros. Essa diferença na socialização pode levar os homens a serem mais possessivos e controladores nos relacionamentos, enquanto as mulheres podem se sentir mais presas e dependentes dos outros.

Em conclusão, a possessividade nas relações interpessoais é um comportamento que tem sido abordado por teóricas feministas como uma forma de violência e controle nas relações de poder e desigualdade de gênero. Nessa perspectiva, a possessividade surge da necessidade de controlar e possuir o outro, e perpetua as desigualdades de gênero e as formas de violência nas relações. Esses autores apontaram a importância de compreender a possessividade a partir de uma perspectiva crítica e desconstruir os rígidos papéis de gênero que a produzem e reproduzem.

Como identificar o comportamento possessivo

Reconhecer a possessividade em si mesmo ou no parceiro pode ser um processo complexo que às vezes requer a intervenção de um profissional de saúde mental. Nesse sentido, foram identificados uma série de sinais que podem indicar a presença de comportamentos possessivos por parte de qualquer um dos membros do relacionamento, bem como a presença de atitudes possessivas em nós mesmo. Esses sinais incluem:

– A necessidade constante de atenção e carinho: quando uma pessoa sente uma necessidade constante de atenção e carinho do parceiro, ou sente que não pode viver sem isso.

– Ciúme excessivo: o ciúme pode ser uma resposta normal nos relacionamentos, mas quando se torna excessivo e gera conflitos constantes, pode indicar um comportamento possessivo.

– Restrições à liberdade da outra pessoa: se uma pessoa limita as atividades que seu parceiro desfruta ou o impede de ter contato com pessoas de seu círculo social.

– A imposição de expectativas e exigências: quando uma pessoa impõe suas expectativas e exigências ao seu parceiro e espera que elas sejam atendidas imediatamente e sem questionamentos.

Artigo de: Agustina Repetto. Graduada em Psicologia, pela Universidade Nacional de Mar del Plata. Atualmente é pós-graduanda em Sexualidade Humana: sexologia clínica e educacional a partir da Perspectiva de Gênero e Direitos Humanos.

Referencia autoral (APA): Repetto, A.. (Junho 2023). Conceito de Possessivo. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/possessivo/. São Paulo, Brasil.

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