Quando falamos ou escrevemos lidamos com uma série de figuras retóricas ou recursos literários que permite nos comunicar com certa originalidade. O hipérbato é uma destas figuras e especificamente se trata de uma figura de posição. Consiste em alterar a ordem lógica das palavras que formam um enunciado, ou seja, trata-se de uma inversão.
Quanto à palavra hipérbato, este termo vem do grego hiperbatos e significa literalmente “aquilo que ultrapassa”.
Desta maneira, quando se diz “Manuela foi hoje mesmo ao campo colher margaridas” e muda pela estrutura “Manuela foi colher margaridas no campo hoje mesmo” utiliza-se o hipérbato. Este tipo de recurso começou a ser utilizado no final da Idade Média nos textos de caráter cartesiano com a intenção de enobrecer a linguagem e fazer com que a expressão pareça mais poética e original.
A desordem das palavras se deve a dois motivos: a influência da sintaxe latina, na qual o verbo ocupa o último lugar de um enunciado ou então para destacar o elemento mais importante no início do enunciado.
Embora se trate de uma figura empregada tradicionalmente para alterar a métrica da poesia, na linguagem cotidiana também se usa. Assim, quando se diz “Da lua os claros raios rutilavam”, “Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco”, “O som longínquo vem-se aproximando do galopar de estranha cavalgada.”
Com este tipo de formação, consegue-se que a linguagem adquira certa elegância e beleza. Em síntese, é uma figura retórica que se emprega por razões estéticas e técnicas, pois através dela se realça a dimensão estética da linguagem e, ao mesmo tempo, é possível adaptar um verso a uma rima determinada.
Além do hipérbato, outras figuras retóricas de posição são as seguintes: a anástrofe e a tmese. A primeira consiste em inverter a ordem sintática das palavras, como no verso “Tão leve estou, que nem sombra tenho” de Mário Quintana; ou então “Memória em nós do instinto teu” de Fernando Pessoa. A tmese ou sobreposição ocorre quando uma palavra ou mais são inserias numa frase. Este é um recurso muito utilizado nas letras das músicas. Então, para dizer “elegante fala mente” se corta em duas partes a palavra “elegantemente”.
Existem outras figuras de dicção como a calembur. Figuras como a anáfora, o apóstrofo ou a onomatopeia pertencem ao grupo de repetição. A lista de figuras é bem ampla, uma vez que há lógicas, dialéticas, semânticas, sintáticas ou tropos.
Imagem: Fotolia. LG
Referencia autoral (APA): Editora Conceitos.com (maio., 2017). Conceito de Hipérbato. Em https://conceitos.com/hiperbato/. São Paulo, Brasil.