Conceito de Estereótipo

Angela Estevez | Setembro 2024
Licenciada em Psicologia

Um estereótipo é uma construção sociocultural que atua como uma generalização representativa, limitadora ou inalcançável, baseada em determinados parâmetros que nem sempre são verdadeiros ou atuais. Ou seja, os elementos argumentativos muitas vezes não correspondem à realidade do momento, tornando-se uma ferramenta para prejulgar, atacar e distorcer, sendo compreendido como resultado de manipulação informativa ou uma negação das mudanças evidentes sobre as particularidades às quais se referem.

Sobre sua etimologia, o termo tem origem nos vocábulos gregos “stereós”, que indica solidez, e “typos”, que remete à ideia de um molde. Originalmente, era utilizado para se referir à estereotipia mecânica, uma técnica de impressão.

A universalidade dos estereótipos

Esse tipo de pensamento reflete a ideia de “todos iguais”, como, por exemplo: todas as mulheres são de tal forma, todos os americanos, todos os atletas, todas as atrizes, todas as crianças, todos os profissionais de TI, e assim por diante. A essência dessa noção está no fato de que os estereótipos fazem uma generalização que vai contra a complexidade e a singularidade de cada ser humano.

Para a Psicologia, o único “todos” que tem validade é que todos somos diferentes, e não se deve prejulgar um sujeito com base em uma única característica, como ser homem ou mulher. É necessário perguntar, ouvir e conhecer cada pessoa. Por exemplo: “Matilda adora saias floridas, pintar o cabelo e as unhas, assim como jogar futebol e assistir a canais esportivos”.
Estereótipos versus diversidade

Os estereótipos são como caixas nas quais tentam nos encaixar, cortando partes de nós para nos adaptar, a fim de sermos aceitos por nossos pares. Ou seja, o mundo em que vivemos nos exige ser e agir de determinada maneira para “encaixar”, marginalizando, ao mesmo tempo, certas atitudes, comportamentos, modos de ser, vestir e aparentar.

A diversidade, por outro lado, permite uma concepção mais ampla sobre as pessoas, entendendo as diferenças como fonte de enriquecimento. Sob essa perspectiva, a beleza é plural, está relacionada a uma autoestima forte e à aceitação de quem somos; os modos de viver o gênero são múltiplos; os indivíduos não são melhores nem piores, apenas diversos.

Estereótipos de beleza e a funcionalidade capitalista

Cada época construiu seu próprio modelo ou molde, com a devida valorização social, sobre o que significa ser esteticamente agradável. Essas qualidades são convencionais, ou seja, resultam de um acordo cultural. Por exemplo, em muitas culturas, valoriza-se nas mulheres a cintura fina, os olhos azuis e os cabelos loiros, enquanto nos homens são atraentes os traços relacionados à força física.

Os estereótipos muitas vezes geram discriminação, intolerância, desprezo e exclusão das pessoas que não se assemelham a eles, prejudicando significativamente sua autoestima e amor-próprio.

Um exemplo é o conceito de “gordofobia”, de criação recente, que serve para dar visibilidade ao ódio contra corpos culturalmente rotulados como “gordos”, sendo marginalizados, ocultados e cobertos de vergonha devido à distância em relação aos corpos magros que a sociedade promove e celebra. Como se corpos gordos não existissem — ou não devessem existir —, eles raramente aparecem na indústria da moda ou na televisão, exceto para serem negativamente criticados.

Os estereótipos incutem, especialmente nas mulheres, o sentimento de insatisfação consigo mesmas, o que é extremamente funcional ao sistema capitalista. Pessoas que não se gostam geram mais lucros para o mercado, sendo esta uma das razões pelas quais propagandas associam, por exemplo, rugas à tristeza, quando elas são parte natural do envelhecimento, da experiência, e algo normal e saudável em todo ser humano.

Sob a ótica capitalista, há um foco estético nas mulheres para que se sintam insatisfeitas, pouco atraentes, com excesso de peso, sem tônus muscular, entre outros. Assim, são oferecidas soluções supostamente milagrosas, caras e desnecessárias, em forma de cremes, maquiagens, bebidas milagrosas ou cirurgias.

Estereótipos de gênero

A ideia de que mulheres gostam de vestidos e da cor rosa, têm preferência por tarefas domésticas e maior habilidade em relações interpessoais não passa de um estereótipo, que atribui ao gênero feminino certos traços universais e estáticos, restringindo a singularidade com que cada mulher escolhe se identificar.

Outras características que a cultura vinculou às mulheres incluem cabelos longos, gestos delicados, bons modos, fragilidade física, sensibilidade emocional, dificuldade em negócios e habilidades matemáticas, e o instinto natural de ser mãe.

Da mesma forma, o patriarcado definiu os homens pela inteligência, frieza e força, reservando-lhes tarefas fora do lar, com remuneração econômica.

Dessas ideias surgiram frases como “homens não choram” ou “mulheres não falam palavrão”, além de ações como ceder lugar no transporte público sob a justificativa de “bons modos masculinos”.

No entanto, tanto o gênero feminino quanto o masculino abrigam milhares de pessoas diversas, cuja personalidade muitas vezes difere do que a sociedade espera, e essa pressão pode resultar em exclusão ou rejeição.

Atualmente, as mulheres estão rompendo esses estereótipos, ocupando cargos de importância política, optando por não ter filhos e cortando os cabelos curtos; enquanto os homens começam a ganhar espaço nos cuidados domésticos e no exercício da paternidade. Romper com os estereótipos proporciona maior liberdade para ser e se expressar.

Artigo de: Angela Estevez. Graduada pela Universidade de Buenos Aires.

Referencia autoral (APA): Estevez, A.. (Setembro 2024). Conceito de Estereótipo. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/estereotipo/. São Paulo, Brasil.

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