A faculdade cognoscitiva refere-se à capacidade do ser humano de conhecer e compreender o mundo que o cerca. Isso se refere aos processos mentais e psicológicos que nos permitem adquirir conhecimento e entender nosso ambiente e a nós mesmos. No campo da psicologia, autores como Piaget e Vygotsky têm investigado e explicado o desenvolvimento dessa capacidade ao longo da vida. Ambos os autores oferecem abordagens diferentes, mas complementares, para o desenvolvimento cognitivo.
Para Piaget, a interação da criança com seu meio é essencial para seu desenvolvimento cognoscitivo. Os quatro fatores que ele considera necessários para entender esse desenvolvimento são: hereditariedade, maturação, equilíbrio e interação.
● A hereditariedade refere-se às características inatas que a criança recebe de seus pais e que podem influenciar seu desenvolvimento cognitivo. Por exemplo, a capacidade de processar informações visuais e auditivas é inata e está presente desde o nascimento.
● A maturação compreende o processo biológico de desenvolvimento que permite à criança fortalecer, desenvolver e adquirir habilidades cognitivas à medida que cresce. Por exemplo, uma criança não consegue entender a conservação da substância até que seu cérebro tenha amadurecido o suficiente para processar essa informação.
● O equilíbrio é baseado no processo pelo qual os indivíduos reorganizam suas estruturas cognitivas para acomodar novas experiências e conhecimentos que não se encaixam em seus esquemas existentes. Este processo ocorre – por assimilação ou acomodação – quando o indivíduo encontra informações que contradizem seu conhecimento prévio, o que gera um estado de desequilíbrio. O indivíduo busca uma solução para acomodar a nova informação e restaurar o equilíbrio cognitivo, o que pode envolver a modificação de esquemas existentes ou a criação de novos esquemas.
● A interação é o fator que permite à criança aprender com seu ambiente. Através da interação com objetos e pessoas, a criança pode adquirir conhecimentos e habilidades. Por exemplo, quando uma criança brinca com um quebra-cabeça, ela interage com as peças e descobre como elas se encaixam para formar uma imagem completa.
Para Vygotsky, a linguagem é essencial para o desenvolvimento cognitivo dos indivíduos e esse processo se desenvolve por meio de uma sequência que vai da linguagem falada à linguagem internalizada. Essa sequência inicia-se com a aquisição da linguagem falada, que ocorre por meio da interação social com outras pessoas, principalmente pais e cuidadores. À medida que a criança adquire habilidades de linguagem, ela começa a usar a linguagem de forma egocêntrica, ou seja, para expressar seus próprios pensamentos e desejos. Posteriormente, a criança passa a utilizar a linguagem de forma mais social, em interação com outras crianças e adultos, o que lhe permite desenvolver habilidades de comunicação mais complexas e avançadas. Por fim, a linguagem é internalizada, ou seja, torna-se uma ferramenta mental que o indivíduo utiliza para processar informações e regular seu próprio pensamento.
Com base no que foi dito anteriormente, pode-se afirmar que a direção do desenvolvimento do pensamento segundo Vygotsky vai do social para o individual, o que significa que a linguagem e as interações sociais são ferramentas fundamentais para o desenvolvimento cognitivo. Em outras palavras, a aprendizagem e a aquisição de conhecimento não são processos puramente individuais, mas realizados por meio da interação social com outras pessoas. Segundo Vygotsky, a linguagem é um meio crucial de comunicação e colaboração, permitindo que os indivíduos compartilhem conhecimentos e aprendam uns com os outros.
Além da importância da linguagem, Vygotsky também enfatiza o papel das interações sociais no desenvolvimento cognoscitivo. De acordo com sua teoria, as crianças aprendem por meio da participação em atividades sociais e da colaboração com outros indivíduos mais experientes, o que ele chamou de “zona de desenvolvimento proximal”
A zona de desenvolvimento proximal refere-se à distância entre o nível atual de desenvolvimento de uma criança e seu potencial de desenvolvimento sob a orientação e colaboração de um adulto ou colega mais experiente. Por exemplo, suponha que uma criança pequena esteja aprendendo a construir uma torre com blocos. No início, a criança pode ter dificuldade de equilibrar e colocar os blocos corretamente. No entanto, se um adulto ou uma criança mais velha estiver presente e orientar a criança na construção da torre, a criança poderá aprender novas habilidades e técnicas para construir uma torre mais alta e estável. Neste exemplo, a “zona de desenvolvimento proximal” da criança seria a capacidade de construir uma torre mais alta e estável sob a orientação e colaboração do adulto ou criança mais experiente. Aqui a interação entre a criança e seu guia é essencial para o aprendizado e desenvolvimento cognitivo. Portanto, para Vygotsky, a aprendizagem é um processo fundamentalmente social que ocorre em contextos culturais específicos.
Artigo de: Agustina Repetto. Graduada em Psicologia, pela Universidade Nacional de Mar del Plata. Atualmente é pós-graduanda em Sexualidade Humana: sexologia clínica e educacional a partir da Perspectiva de Gênero e Direitos Humanos.
Referencia autoral (APA): Repetto, A.. (Junho 2023). Conceito de Cognoscitivo. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/cognoscitivo/. São Paulo, Brasil.