O autoconceito é a percepção subjetiva que temos de nós mesmos. Ou seja, trata-se do que se pensa, acredita e avalia (tanto positiva quanto negativamente) sobre as habilidades, capacidades, características, limitações, valores próprios, entre outros muitos aspectos que compõem nossa identidade. Por exemplo, uma pessoa pode acreditar que é inteligente e criativa, mas se sentir insegura em situações sociais, porque acha que não tem habilidades para se comunicar de forma assertiva com os outros. Este exemplo mostra que essa pessoa tem uma percepção positiva de sua inteligência e criatividade, mas também reconhece algumas fragilidades em sua autoestima e habilidades sociais.
Em 1990, Burns definiu o autoconceito como uma representação cognitiva que se constrói ao longo do ciclo vital por meio das informações que recebemos do mundo e da nossa própria experiência, abrangendo aspectos físicos, psicológicos e sociais. Nesse sentido, poderíamos pensar nisso como uma colagem mental na qual juntamos todas as peças que compõem nossa personalidade e nossas habilidades.
Alguns especialistas no assunto, como Shavelson, Hubner e Stanton, identificam três componentes-chave no autoconceito: autoimagem, autoestima e autoeficácia.
• A autoimagem é como uma imagem mental que temos de nós mesmos, que inclui nossa aparência física, personalidade, habilidades e competências.
• A autoavaliação é o julgamento pessoal que fazemos sobre nossa autoimagem, ou seja, como nos avaliamos positiva ou negativamente.
• A autoeficácia refere-se à percepção que temos sobre nossa capacidade de fazer as coisas com sucesso ou atingir nossos objetivos.
O desenvolvimento do autoconceito começa desde o nascimento e continua ao longo da vida, o que significa que todos estamos em constante construção e desconstrução da nossa imagem mental. Em 1977, Coopersmith afirmou que durante a infância, o autoconceito é formado por meio da exploração do ambiente e da interação com os outros. Por exemplo, se uma criança recebe muito apoio e amor de sua família, seu autoconceito provavelmente será positivo e ela se sentirá confiante em si mesma. Pelo contrário, se uma criança é constantemente criticada e desvalorizada, seu autoconceito pode ser afetado negativamente.
O que uma pessoa pensa sobre si mesma pode ser influenciada por uma variedade de fatores, como experiências passadas, educação, relações interpessoais, cultura e a sociedade em que a pessoa se encontra. Também pode ser influenciado pela autoavaliação de uma pessoa em diferentes áreas de sua vida, como seu trabalho, seus relacionamentos, sua aparência física e suas realizações pessoais.
• Autoconceito e autoestima: Vários estudos afirmam a existência de uma correlação positiva entre ambos os conceitos, ou seja, é esperado que alguém que tenha um autoconceito positivo também tenha uma boa autoestima. Uma investigação realizada por Roa García em 2013 afirma que ambos os elementos são decisivos para se sentir satisfeito consigo mesmo e para manter o bem-estar psicológico.
• Autoconceito e motivação: Os resultados de várias investigações mostraram que um autoconceito positivo está relacionado com maior motivação intrínseca e menor motivação extrínseca. Em outras palavras, eles sugerem que ter uma boa imagem de si mesmo pode ser benéfico para motivar-se a realizar tarefas mais pelo prazer e menos por razões externas, como a expectativa de obter uma recompensa ou evitar punições.
• Autoconceito e desempenho acadêmico: Um estudo de 1998 examinou a relação entre autoconceito, estratégias de aprendizado e desempenho acadêmico. Constatou-se que a percepção que o aluno tem sobre si mesmo influencia diretamente na escolha das estratégias de aprendizagem. Quem tem um autoconceito positivo tende a selecionar não só mais estratégias de aprendizagem, mas também aquelas que permitem ter a um processamento de informação mais profundo e significativo.
Em suma, ter um autoconceito positivo e realista é importante porque pode afetar o bem-estar emocional de uma pessoa e a capacidade de interagir efetivamente com os outros. Uma pessoa com um autoconceito positivo geralmente tem boa autoestima, maior motivação intrínseca, melhor desempenho acadêmico, sente-se autoconfiante e está disposta a assumir novos desafios e experimentar novas ideias. Por outro lado, uma pessoa com um autoconceito negativo pode ter dificuldade em aceitar críticas construtivas e pode se sentir insegura nas interações sociais.
Artigo de: Agustina Repetto. Graduada em Psicologia, pela Universidade Nacional de Mar del Plata. Atualmente é pós-graduanda em Sexualidade Humana: sexologia clínica e educacional a partir da Perspectiva de Gênero e Direitos Humanos.
Referencia autoral (APA): Repetto, A.. (Abril 2032). Conceito de Autoconceito. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/autoconceito/. São Paulo, Brasil.